A "fulgurante vida” na espionagem de Cândido de Oliveira vai dar um filme
“Cândido, o espião que veio do futebol” é “um film ‘noir’ contemporâneo, que retrata o lado desconhecido do selecionador nacional na sua atividade enquanto espião para os Aliados em Lisboa, durante a Segunda Guerra Mundial”, explica a Ukbar Filmes em comunicado.
As filmagens decorreram desde setembro na área metropolitana de Lisboa e o elenco é encabeçado por Tomás Alves, no papel de Cândido de Oliveira.
Na nota de intenções divulgadas pela produtora, Jorge Paixão da Costa explica que este filme de ficção vai dar a conhecer “o outro lado do homem que deu nome à supertaça do desporto mais popular em Portugal” – o futebol – e mostrar “os meandros da propaganda da época e a batalha ideológica pela alma e pelo coração dos portugueses que marcaram os anos 1940” em Portugal.
Neste filme de época, na qual é recriada a Lisboa dos anos 1940, entram ainda Jorge Corrula, Teresa Tavares, Filipe Vargas, Carloto Cotta, David Medeiros, Tiago Aldeia, Margarida Moreira e Lourenço Ortigão, entre outros.
Jorge Paixão da Costa já tinha abordado a história de vida de Cândido de Oliveira numa série documental televisiva da RTP, aprofundando-a agora no cinema, em particular pelo envolvimento do jornalista na designada “rede Shell”, de espionagem inglesa, durante a segunda grande guerra.
Nessa altura, Cândido de Oliveira já tinha ficado conhecido por ter jogado no Benfica, fundado o Clube Atlético Casa Pia, na instituição onde viveu depois de ficar órfão, já tinha sido selecionador nacional de futebol e trabalhado como jornalista na imprensa portuguesa.
Antifascista e crítico da ditadura de Oliveira Salazar, Cândido de Oliveira trabalhava nos Correios quando se envolveu em redes de espionagem, em particular uma rede inglesa, mas acabou descoberto, detido e espancado pela polícia política do Estado Novo, a PIDE, e enviado para o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.
Em 1945, já em liberdade e em Lisboa, Cândido de Oliveira cofundou o jornal A Bola, juntamente com António Ribeiro dos Reis e Vicente de Melo, e treinou o Sporting e o Futebol Clube do Porto.
Em 1958 morreu em Estocolmo, em consequência de uma pneumonia, numa altura em que fazia a cobertura do Mundial de Futebol, na Suécia.
“Cândido, o espião que veio do futebol”, que deverá estrear-se nos cinemas em 2024, conta com 1,5 milhões de euros de orçamento e apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual, da RTP, da PIC Portugal, do Turismo de Portugal e da câmara municipal de Lisboa.
Jorge Paixão da Costa é autor, entre outros, dos filmes “Adeus Princesa” (1990), “O mistério da estrada de Sintra” (2007), “Soldado Milhões” (2017), em correalização com Gonçalo Galvão Teles, e das séries “A Espia”, “Crónica dos Bons Malandros” e “Lúcia – A guardiã do segredo”.