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A paixão pelo ciclismo é o "fósforo" do confiante Iúri Leitão

LUSA
Iúri Leitão conquistou a medalha de prata em Omnium
Iúri Leitão conquistou a medalha de prata em OmniumLUSA
O confiante Iúri Leitão concretizou esta quinta-feira o seu sonho, em nome da família da pista, transformando a sua paixão pelo ciclismo numa medalha de prata no omnium em Paris-2024 e confirmando estar “entre os melhores do mundo”.

Basta uma conversa mais distendida com Iúri Leitão para perceber que o ciclista de Viana do Castelo é uma pessoa confiante, que sabe o que quer. Tem um discurso fluído, pensado, e lida bem com a exposição mediática que foi ganhando a par com as medalhas que ia somando na pista, além das vitórias na estrada.

Batizado de ‘Flying Piggy’ pela sua ‘família’ do ciclismo de pista nacional, uma alcunha que ostenta com orgulho, Iúri Leitão é “uma pessoa autêntica”, nas palavras de João Matias, o mais velho dos seus colegas naquela seleção.

Diz e faz o que pensa no momento, sem pensar muito. Tem aquela verdadeira ‘chispa’ em tudo na vida e, principalmente, em cima da bicicleta. Há quem lhe chame o ‘fósforo’, porque só precisa de um pequeno estímulo para deitar logo fogo”, descreveu Matias à agência Lusa.

O maior ‘fósforo’ para o vianense de 26 anos é mesmo a paixão pelo ciclismo, que foi crescendo bem depois de ter começado neste mundo aos seis anos, ‘empurrado’ por um amigo do pai.

Hoje, é com um brilho nos olhos que fala sobre a sua modalidade: “É a minha profissão, mas eu faço isto por diversão. Eu faço porque adoro, porque é uma coisa que me dá muito gozo e que me passa uma adrenalina muito boa”.

Foi na estrada que deu as primeiras pedaladas, mas foi na pista, descoberta aos 16 anos, que se tornou um dos “melhores do mundo”, como recordou hoje aos jornalistas no Velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines, num percurso vitorioso iniciado em 2020, quando se sagrou, pela primeira vez, campeão europeu de scratch e ainda vice-campeão continental de eliminação.

Os resultados na pista, aliados às promissoras indicações na estrada, ‘abriram-lhe’ as portas da Tavfer-Measindot-Mortágua, onde se estreou como ciclista profissional e se consolidou como um dos mais promissores sprinters do pelotão nacional – ganhou a classificação por pontos na Volta ao Alentejo, além de duas etapas, e triunfou também numa tirada do Grande Prémio Douro Internacional

O talento do português não passou despercebido à Caja Rural, equipa espanhola do segundo escalão mundial, que contratou Leitão em 2022 e o mantém nas suas fileiras até hoje, numa relação nem sempre fácil e que precisou de ser ‘negociada’.

Quando entrei para a equipa, era novo, e foi difícil mostrar do que era capaz. A equipa entendeu que tinha objetivos muito claros, e bem definidos, na pista. Compreenderam e chegámos a acordo. Desde que não falhe com a equipa, e tenho três vitórias este ano…”, relevou à Lusa numa entrevista pré-Paris2024.

Com a confiança e aparente tranquilidade permanente que emana, Leitão foi trilhando o seu caminho no pelotão internacional e no primeiro ano da “aventura” no estrangeiro, como a ‘batizou’ o próprio, venceu ‘apenas’ uma etapa na Ronde de l’Oise, além de ter repetido o título continental de scratch.

A temporada seguinte seria de afirmação, com uma sucessão de resultados de relevo: conquistou a Volta à Grécia, onde venceu uma etapa, duas tiradas no Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela e outra na Volta à Croácia, sagrando-se campeão mundial de omnium, num ‘alerta’ para o que se viveu hoje no Velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines.

Rumo à sua prata olímpica, tornou-se no primeiro homem a conquistar três títulos europeus no scratch, no arranque de uma época em que somou triunfos na Volta à Grécia, GP Beiras e Serra da Estrela e Volta ao Alentejo.

Hoje, o orgulhoso minhoto, que tem nos canoístas olímpicos da sua região “ídolos de infância”, colecionou mais uma medalha, que entregará como todas as outras à sua namorada Carolina, que hoje foi a primeira pessoa que abraçou nas bancadas do Velódromo onde se sagrou vice-campeão olímpico.