Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Agente que acusou Le Graet de assédio diz que FIFA "devia mostrar tolerância zero"

AFP, Pedro Fernandes
Agente que acusou Le Graet de assédio diz que FIFA "devia mostrar tolerância zero"
Agente que acusou Le Graet de assédio diz que FIFA "devia mostrar tolerância zero"Profimedia
A agente de futebol que acusou o agora ex-presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF) de avanços sexuais indesejados, o que levou a que este se demitisse na sequência da investigação feita, visou a FIFA, depois de ter sido tornado público que será atribuído ao dirigente um cargo no organismo que gere o futebol mundial.

"Perguntei a Gianni Infantino (presidente da FIFA): Que mensagem está a mandar às vítimas de racismo, homofobia ou sexismo? Sendo a mais alta autoridade, a FIFA devia aplicar uma política de tolerância zero", vincou Sonia Souid à AFP.

Vários membros do executivo da FFF confirmaram, depois da demissão de Noel Le Graet, que o até então presidente continuará a trabalhar para a FIFA, passando a liderar o recém-aberto escritório de Paris, em colaboração direta com Infantino, cargo que lhe terá sido atribuído em janeiro do ano passado.

"Vou passar a gerir o escritório da FIFA em Paris a partir da próxima semana", confirmou o dirigente de 81 anos ao L'Equipe.

"Foi algo falado com Gianni Infantino. A ideia já estava em cima da mesa há algum tempo", acrescentou.

O mesmo jornal revelou que Le Graet se encontrou com Infantino em Paris, na segunda-feira, dia em que o líder da FIFA estava na cidade para a cerimónia dos prémios The Best. A mesma publicação adiantou que o papel do antigo responsável da FFF será focado no trabalho com seleções africanas e que não será remunerado.

Le Graet demitiu-se na sequência de acusaões de assédio sexual e psicológico, colocando um ponto final a mais de uma década de liderança. A sua saída deu-se quinze dias depois da publicação de um relatório condenatório sobre as práticas de gestão na FFF, após uma auditoria encomendada pelo Ministério do Desporto francês.

"Considerando a sua conduta em relação às mulheres, os seus comentários públicos e as falhas de governação da FFF, o Sr. Le Graet não tem mais a legitimidade necessária para gerir e representar o futebol francês", sustentou o relatório.

Souid acusou o dirigente de avanços indesejados numa intervista ao L'Equipe e à rádio RMC, em janeiro.

"Ele disse-me, claramente, no seu apartamento, que se eu quisesse que ele me ajudasse, teria de deixá-lo seguir o seu caminho comigo", revelou a agente, cujo testemunho aos inspetores que lideraram a auditoria à federação levou a que Le Graet fosse colocado sob investigação por assédio sexual e psicológico.

O responsável negou qualquer ilícito e assegurou ao L'Equipe que tinha sido "incriminado". Já esta quarta-feira, Souid respondeu, em declarações à AFP, reforçando ter sido "assediada" por Le Graet.

"Ouvir que o meu testemunho foi uma cilada, doeu. O que tinha eu a ganhar com isto? Arrisquei a minha carreira, a minha reputação. Falei sobre algo que me magoou e afetou a minha dignidade, que só causou dor e sofrimento", vincou.

"O comportamento de Noel Le Graet foi muito inapropriado. O que disse aos inspetores foi que, de facto, me senti assediada. Eu fui assediada. Ele tem de o aceitar", concluiu.

Guerra aberta entre Le Graet e Amélie Oudéa-Castéra

Amélie Oudéa-Castéra e Noel Le Graet seguem em clima de guerra aberta
Amélie Oudéa-Castéra e Noel Le Graet seguem em clima de guerra abertaAFP

A polémica em torno de Le Graet envolve, também, Amélie Oudéa-Castéra, acusada pelo dirigente de "numerosas interferências e pressões políticas", depois de um relatório que a sua defesa diz violar "todos os princípios de imparcialidade".

Agora, em declaraçoes à RTL, a ministra do Desporto de França defendeu-se, bem como aos profissionais da Inspecção-Geral da Educação, Desporto e Investigação (IGESR).

"Fizemos um trabalho minucioso durante quatro meses, respeitando o processo contraditório de cada parte (...). Não permitirei que a qualidade do trabalho que tem sido feito seja denegrida", apontou Amélie Oudéa-Castéra.

"Acho isto angustiante, nunca insultei ninguém, permaneci educada, nunca o acusei de assédio", acrescentou, mostrando-se confiante de que "esta estratégia de defesa não engana muitas pessoas".