Ainda ninguém descobriu como contrariar a Sabgal-Anicolor e dificilmente o fará em 2024
A estrutura de Águeda, anteriormente batizada Glassdrive-Q8-Anicolor, pode ter mudado de nome, mas é expectável que o seu fluorescente continue a predominar no pelotão nacional, sobretudo após ter apresentado reforços de peso para o ataque à subida de divisão.
A Sabgal-Anicolor quer converter-se, a curto prazo, numa ProTeam, e as suas contratações (e o seu extenso calendário internacional) são reflexo disso mesmo: ao uruguaio Mauricio Moreira, a Frederico Figueiredo ou ao russo Artem Nych juntam-se agora o neerlandês Antwan Tolhoek (ex-Lidl-Trek), o dinamarquês Mathias Bregnhoj e o britânico Oliver Rees, entre outros, num plantel de 15 ciclistas, caso raríssimo em Portugal na última década.
Principal formação do pelotão nacional desde o desmantelamento da W52-FC Porto, a equipa de Carlos Pereira estava já um escalão acima das outras oito – apesar do descalabro total na Volta a Portugal, fruto de erros estratégicos, desunião e inexplicáveis flutuações táticas de Rúben Pereira - e assim permanecerá, depois de um mercado de transferências sofrível e com poucas alterações a destacar.
Mais do que a Efapel, o dececionante projeto de José Azevedo (tem o segundo maior orçamento mas somou apenas dois triunfos em 2023) que este ano se reforçou com Abner González, o três vezes campeão porto-riquenho de contrarrelógio oriundo da Movistar, ou o russo Viacheslav Ivanov, foi a ABTF-Feirense a equipa que protagonizou as principais mexidas no pelotão, ao roubar os promissores Pedro Silva e Fábio Costa à Sabgal-Anicolor.
Trabalhadores incansáveis na anterior Glassdrive-Q8-Anicolor, os dois jovens vão agora escudar António Carvalho na equipa de Santa Maria da Feira, com a Volta a Portugal na mira – o ciclista de São Paio de Oleiros, de 34 anos, foi o melhor português (e primeiro representante das formações nacionais) na edição passada da prova, conquistada pelo suíço Colin Stüssi, ao subir pelo segundo ano consecutivo ao último degrau do pódio.
Igualmente surpreendente foi a transferência do veterano Luís Fernandes, de 36 anos, - e, já agora, de Emanuel Duarte - para a Credibom-LA Alumínios-MarcosCar, contrariando o ADN de uma equipa conhecida pela aposta em jovens e pela formação de talentos, missão partilhada com a Kelly-Simoldes-UDO, que sofreu uma debandada de promessas, perdendo nomeadamente Hélder Gonçalves para a Rádio Popular-Paredes-Boavista e de Adrian Bustamante, que regressou à Colômbia.
Embora tenha parcos recursos, a equipa oliveirense foi uma das grandes animadoras da época passada, lutando por provas de um dia ou por etapas, como também o fez brilhantemente a Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, que manteve os seus nomes velozes e contratou César Martingil, ex-Aviludo-Louletano-Loulé Concelho.
A equipa algarvia sofreu uma verdadeira revolução – manteve apenas quatro corredores em relação à época passada – e despediu-se definitivamente daquela que foi a sua principal figura nos últimos anos, o espanhol Vicente García de Mateos, que se retirou.
Os vizinhos AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense, pelo contrário, conservaram a maioria da sua estrutura, contratando ainda o veloz Francisco Campos à Fonte Nova-Felgueiras (sucedânea da W52-FC Porto).
A dois dias do arranque da temporada, na Prova de Abertura, em Aveiro, todas estas mudanças, no entanto, parecem servir apenas para tudo ficar igual, após um 2023 atípico, em que um desalento permanente pairou sobre o pelotão e que o tão desejado aparecimento de novas referências não se concretizou.