"Ambiente desportivo seguro deve ser prioritário", diz secretário-geral do COP
“(Um desporto seguro) é uma questão de direitos humanos, tem de ser uma prioridade de todos os comités olimpicos nacionais”, declarou o secretário-geral do Comité Olímpico de Portugal, no Centro de Congressos do Estoril.
Numa sessão temática dedicada a um desporto seguro, inserida nos trabalhos da Assembleia Geral da Associação dos Comités Olímpicos Nacionais (ANOC), José Manuel Araújo recordou que o COP colocou, desde 2013 – data do primeiro mandato de José Manuel Constantino, que morreu em 11 de agosto, como presidente –, a integridade no topo das prioridades do organismo.
“Os atletas têm de se sentir seguros em todo o mundo”, acrescentou, apresentando as iniciativas que o COP tem desenvolvido para proteger os desportistas.
Antes, o príncipe Feisal al Hussein, da Jordânia, tinha alertado para o direito que todas as pessoas, nomeadamente os atletas, têm de viverem livres do medo, estimando que o combate ao assédio e ao abuso é um “tema crítico”.
“Sabemos que este é um problema global, qualquer comité olímpico que acredite que não há assédio e abuso no seu país é ingénuo. Sabemos que acontece em todos os países, não o podemos ignorar”, vincou.
O também candidato à presidência do Comité Olímpico Internacional (COI) notou que a primeira razão pela qual os pais não querem que os filhos sejam desportistas é por temerem que sofram assédio e abuso.
“A confiança é fundamental. Se as pessoas não confiarem no sistema, todo o vosso trabalho será em vão”, insistiu, instando todos os comités olímpicos a incluir um desporto seguro nas suas políticas.
Descrevendo-se como “um apaixonado defensor do tema”, ao qual se dedica há uma década no COI, lembrou que em Paris-2024 foram tomadas medidas para proteger os atletas de abusos nas redes sociais e defendeu a importância de os desportistas se sentirem seguros quando denunciam situações delicadas.
O príncipe Feisal al Hussein recordou que o COI tem hubs regionais dedicados ao fortalecimento da segurança no desporto, acreditando que estes podem ser replicados a nível global se tiverem sucesso.
Tal como o responsável pelo grupo de trabalho do COI sobre o tema, também a presidente do Comité Olímpico do Panamá notou que “este é um processo de aprendizagem”, recomendando aos delegados da ANOC presentes que desenhem “um plano estratégico” para garantir um ambiente desportivo seguro.
Damaris Young enumerou as medidas implementadas pelo seu comité olímpico, nomeadamente ações de sensibilização de dirigentes, uma campanha emitida em televisão nacional e a criação de um mecanismo de denúncia anónima, com o seu homónimo do Uganda, Donald Rukare, a insistir na importância de ter um sistema independente "robusto" para lidar com estas ameaças.