Ana Peleteiro convocou uma conferência de imprensa para explicar por que razão decidiu pôr termo à sua relação de oito anos com Iván Pedroso. Segundo ela, a nostalgia da sua terra natal, a intenção de se estabelecer com a sua família e o novo papel do seu marido, Benjamin Compaoré, foram as principais razões.
"Após 13 anos de ausência, o meu coração pedia-me para regressar ao meu refúgio, que é a Galiza, e agora o meu treinador será Benjamin, o meu marido e companheiro de vida. Foi um projeto que lhe ofereci. Quero que fique bem claro. Em nenhum momento ele mo ofereceu. Queria evitar misturar assuntos pessoais e profissionais e expliquei-lho depois de Paris", explicou o triplo saltador.
A campeã europeia de 2024 regressa à Ribeira, a sua terra natal, onde a Xunta de Galicia construiu um bom módulo de atletismo coberto, onde ela e outros atletas poderão preparar as suas competições sem terem de se preocupar com as condições climatéricas.
O bem-estar da filha foi outro fator que a levou a romper com Pedroso.
"Dei por mim sozinha em Guadalajara, com o Benjamin, a ter de fazer mil manobras para trabalhar e a maternidade fora de casa foi mais complicada. Durante este tempo, tenho guardado os meus sentimentos para mim própria, com o trabalho do meu treinador mental, para que isso não me afete. Quero ver a Lua crescer no mesmo ambiente familiar que eu tive e isso não foi possível em Guadalajara", analisou.
Um bom final de etapa
Segundo Ana Peleteiro, as coisas terminaram em bons termos com o seu antigo treinador.
"A nossa amizade será eterna. A minha relação com ele está em perfeitas condições. Depois de tudo isto, de ver o apoio que ele me deu e a compreensão que teve, se eu estava chateado, passou. Ele disse-me: 'és uma lutadora e tenho a certeza que vais aproveitar ao máximo esta mudança'. O facto de uma pessoa como ele, que já foi campeão de tudo, não ter egos e ser tão honesto comigo e partilhar isso diz muito. O meu receio era que ele me rejeitasse, porque a minha relação pessoal com ele era mais valiosa do que a desportiva, mas não foi nada disso", afirmou.
"Compreendo que esta decisão cause dúvidas e desconfiança porque a minha dupla com o Ivan funciona, é óbvio. Entendo que as pessoas querem continuar a ver-me ganhar e essa é a melhor prenda que me podem dar", acrescentou.
" Quero continuar a representar a Espanha, que é o meu maior orgulho e o momento em que me sinto mais motivada para dar o meu melhor e fazer tocar o nosso hino", afirmou.
"O meu corpo e a minha cabeça estão a pedir-me coisas novas. Faço atletismo desde os cinco anos, triplo salto desde os 12 e com Iván há oito anos. Quando se sabe de cor os treinos de segunda a sábado, há alturas em que a cabeça pede algo novo. Quero melhorar aspectos técnicos que não tenho conseguido fazer nos últimos anos por várias razões", disse Ana Peleteiro, com sinceridade.
Por último, a galega pôs fim aos rumores de que iria para França.
"Não vou para Paris e não vou ficar entre as duas cidades. Se for entre duas cidades, será entre a Ribeira e Madrid. Só vou a Paris para ir buscar os filhos do meu marido, mas ele costuma fazer essa viagem. Nunca falei com a federação francesa para treinar lá. Nem sequer sei com quem falar para isso. Vou voltar para casa e esta decisão é para melhorar e chegar aos 15 metros", disse.