O primeiro jogo do Grupo F não foi um grande espetáculo de futebol. Embora os croatas tivessem uma vantagem territorial visível e fossem mais frequentes no último terço do campo, ambas as equipas acabaram por ter hipóteses de golo idênticas, que não conseguiram converter.
Em termos da métrica de golos esperados (xG), que avalia a qualidade das hipóteses de golo criadas, a pontuação final foi de 0,81-0,47 a favor da Croácia.
O médio defensivo marroquino Sofyan Amrabat rompeu a ação croata com grande confiança, e foi ele, juntamente com Achraf Hakimi, os principais arquitetos da primeira participação da equipa africana nas meias-finais do Mundial.
Numa métrica de dados avançada que avalia as áreas perigosas em que um jogador trava as corridas, dribles e passes dos adversários, Amrabat é o segundo melhor médio defensivo no torneio. Abaixo dele estão Casemiro, Rúben Neves, Thomas Partey e Marcelo Brozovic, da Croácia.
O único homem que tem mais influência defensiva no jogo da sua equipa no meio-campo é Adrien Rabiot, de França. Ironicamente, não jogou na meia-final com os Leões do Atlas devido a um vírus.
Amrabat tem sido dominante nos duelos corpo-a-corpo no torneio e está entre um pequeno grupo de jogadores cuja taxa de sucesso é de cerca de 70%. Juntamente com ele estão Thomas Partey, Joshua Kimmich, Declan Rice e Lucas Paquetá.
É importante salientar que a referência marroquina mantém uma taxa de sucesso tão elevada, apesar de sofrer um volume significativamente maior de duelos em comparação com o quarteto acima referido - em termos de número, apenas Marcelo Brozovic é mais ativo durante o jogo.
Com a bola nos pés, Amrabat, mesmo com o estilo de jogo defensivo de Marrocos, não aparece muito no Catar. Entre todos os médios defensivos que jogaram pelo menos 270 minutos, ele tem a menor média de número de passes por jogo, nomeadamente 31.
Comparativamente, Rúben Neves teve uma média de 83 passes por jogo, Marcelo Brozovic está em 74 e, por exemplo, Enzo Fernandez regista 72. Em números absolutos, isto significa que Amrabat faz apenas 8 passes ofensivos por jogo.
No entanto, o facto de Amrabat não ser muito proeminente com bola é apenas um resultado dos deveres que Walid Regragui lhe dá no campo. De facto, ao serviço dos italianos da Fiorentina, mostra que é também muito útil no meio-campo.
Juntamente com Rolando Mandragora, formam um duo que regularmente cria situações muito perigosas com passes a partir do seu próprio terço e do meio do campo. Embora a Fiorentina esteja apenas em 10.º lugar na tabela da Serie A, não tem problemas com a qualidade dos seus médios, uma vez que apenas Danilo Cataldi, da Lazio, e Ismael Bennacer, do AC Milan, são melhores neste aspeto.
Amrabat é também muito ativo no último terço do campo. Embora não assuma as bolas paradas, envia uma média de 3 passes por jogo para a grande área do adversário, o que é um excelente resultado. Além disso, nenhum outro médio defensivo da Série A leva a bola para o terço final com a mesma frequência com que ele o faz.
É o maior trunfo da Fiorentina no que toca a condução com bola. Nenhum outro número 6 da Serie A faz mais por jogo, e nenhum outro aumenta tanto as hipóteses da sua equipa de marcar.
Embora Amrabat brilhe no campeonato como um pugilista no meio de um parque, está a atrair o interesse de grandes clubes, incluindo o Liverpool, em grande parte devido à sua habilidade com bola. Contudo, isso não altera o facto de que a expetativa seja de que jogue sem cometer erros nos momentos em que também for apertado pelo adversário.
A propósito, diz-se que este lutador chegou ao Catar com muitas dores nas costas e só consegue jogar graças a injeções que o podem anestesiar. Precisa de mais alguma prova sobre o quanto Marrocos vai querer ganhar hoje?