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Análise França: Lesões dificultam a revalidação do título no Catar

Análise França: Lesões dificultam a revalidação do título no Catar
Análise França: Lesões dificultam a revalidação do título no CatarProfimedia
É uma equipa francesa cheia de dúvidas e incertezas que se vai apresentar em Al-Messila, o campo de treinos nos subúrbios de Doha, para defender o título do Campeonato do Mundo. Na escuridão do que foram os últimos resultados dos bleus no Euro-2020 e durante a última Liga das Nações, a vitória na Liga das Nações de 2021 com a Espanha parece ser um raio de esperança.

Introdução

No Catar, Paul Pogba e N’Golo Kanté, cruciais na vitória final na Rússia, em 2018, Nkunku e Benzema – estes dois últimos lesionaram-se durante o estágio - estarão ausentes e a forma física de jogadores como Varane e Griezmann levanta uma questão: estarão eles física e mentalmente prontos para defender o título de campeão mundial? Os primeiros elementos dessa resposta serão dados na terça-feira às 20:00 contra a Austrália.

"O coletivo vem primeiro". Esta é uma frase repetida muitas vezes por Didier Deschamps antes dos bleus levantarem o segundo título do Campeonato do Mundo, na Rússia. A questão de saber se "um grupo" existe nesta versão de 2022 da equipa francesa terá de ser colocada. Incapaz de ultrapassar a Suíça nos oitavos de final no Euro-2021 – depois de Mbappé ter desperdiçado uma grande penalidade perante Sommer –, os últimos resultados dos franceses estão longe de ser reconfortantes e promissores.

Derrotada pela Dinamarca na Liga das Nações, tanto na primeira volta (1-2) como na segunda (2-0), a França vai jogar novamente contra a Dinamáquina (26 de Novembro), na segunda jornada da fase de grupos. Neste contexto cheio de questões, os bleus defenderão, portanto, o seu título de campeão mundial com esta espada de Dâmocles sobre as suas cabeças. O primeiro objetivo é evitar uma história semelhante à vivida em 2002 na Coreia do Sul, quando Dennis Rommedahl e Jon Dahl Tomasson, os avançados dinamarqueses, eliminaram a formação de Roger Lemerre.

Pontos fortes

Um dos principais pontos fortes desta equipa francesa é, sem dúvida, a individualidade no ataque. A lesão de Karim Benzema chega na pior altura possível, mas se há uma área em que a equipa não tem falta de qualidade, é na frente. O cabeça de cartaz será Kylian Mbappé, que terá a oportunidade de lutar por um segundo título Mundial, depois de ter sido decisivo em 2018, nomeadamente com a Argentina, nos oitavos de final. Tendo em conta a ausência do Bola de Ouro de 2022, Karim Benzema, o companheiro no ataque deverá ser um dos elementos-chave da era Deschamps: Olivier Giroud.

O segundo melhor marcador da história do bleus (49 golos), não foi convocado durante algum tempo depois do Euro 2021, mas está de volta ao plantel e será um trunfo essencial para esta equipa. Antoine Griezmann, um pilar da equipa habituado aos jogos grandes, Ousmane Dembélé, Kingsley Coman e Randal Kolo-Muani (chamado para substituir o lesionado Nkunku), completam uma frente de ataque recheada de opções. É a maior força dos campeões mundiais em título, na qual se depositam muitas esperanças.

Pontos fracos

A primeira dúvida que se pode ter, relativamente a esta formação, é saber se existe esta ideia de "coletivo", um ponto-chave na conquista do Campeonato do Mundo na Rússia. Neste aspeto, há duas ausências notáveis em relação à edição anterior: Paul Pogba e N’Golo Kanté. O primeiro, de fora com uma lesão no menisco do joelho direito, foi o líder natural do balneário. O último, de fora por quatro meses com uma lesão muscular, foi o comandante da equipa em campo, através do seu papel como um incansável todo-o-terreno. Além de serem o coração do jogo tático dos franceses, os dois homens personificaram a força do coletivo mencionada por Deschamps.

Tendo estado ausentes durante algum tempo, sente-se a sua falta no jogo da equipa francesa, um facto que tem afetado os resultados nos últimos meses. Todos sabemos que a base do futebol está no meio-campo. É a partir daí que se constroem as maiores equipas. E é inevitavelmente um sector chave que Deschamps e a sua equipa técnica terão de reconstruir.

Tchouaméni, que tem estado em grande forma desde o início da temporada no Real Madrid, é o primeiro passo nesse processo de reconstrução. Resta saber quem o acompanhará: Youssouf Fofana, seu antigo colega de equipa no Mónaco? Ou Adrien Rabiot, um dos melhores jogadores da Juventus nesta época? O primeiro jogo vai ajudar a trazer algumas respostas.

Por fim, a última fraqueza diz respeito ao setor defensivo e às incertezas físicas de alguns dos intervenientes. A França concede demasiados golos, nomeadamente devido à mudança do sistema implementado durante e após o Euro-2020, passando para uma defesa de três homens, e ao grande número de lesões sofridas nesta posição.

O primeiro nome que vem à cabeça é o de Raphael Varane, o vice-capitão dos bleus, que, desde a sua chegada ao Manchester United, não tem convencido. O antigo homem do Real Madrid não estará na melhor das circunstâncias com uma lesão na coxa sofrida no final de outubro. A ausência de Kimpembe, também por lesão, é uma baixa significativa.

Tal como Pogba e Kanté, estes dois defesas são jogadores importantes na estrutura coletiva de Didier Deschamps, tendo desempenhado um grande papel na conquista da segunda estrela em 2018, tanto no campo como no balneário. 

XI Ideal (4-2-3-1)

Lloris - Pavard, Varane, Upamecano, Lucas HernándezTchouaméni, RabiotDembelé, Griezmann, MbappéGiroud.

Num mundo ideal e numa competição idílica, Didier Deschamps deveria regressar a uma linha de quatro na defesa e insistiu numa conferência de imprensa logo após a convocatória:

"Pela estrutura da convocatória, não será uma defesa de três homens, mas uma defesa de quatro. É uma longa análise, muitas discussões. Considero que os sentimentos de alguns jogadores alimentaram a minha decisão. Fizemos algumas coisas boas neste sistema (com três defensores) invertendo situações em certos jogos, mas muitas vezes estávamos desequilibrados. Para se ser uma força numa grande competição como esta, é preciso ser sólido defensivamente. Teremos de defender melhor e defender bem. Estou convencido de que isto é melhor e mais apropriado", disse ele.

A partir deste ponto, só podemos imaginar que o treinador francês voltará aos mesmos fundamentos defensivos que no Campeonato do Mundo de 2018. Para defender “bem” e “melhor”, Deschamps deve manter três dos titulares que levaram a França ao título de campeã mundial: Varane, Pavard e Lucas Hernández. Este último deve jogar na lateral esquerda, segundo Deschamps, e portanto, vai competir com o seu irmão, Théo Hernandez. A última vaga a ser disputada, no lado esquerdo do eixo, deve ser disputada entre Upamecano e Konaté, se bem que William Saliba, a fazer uma grande época no Arsenal, pode ser um trunfo no baralho.

No meio-campo, Tchouaméni parece ser indiscutível para o selecionador e deve ser acompanhado pelo mais experiente do grupo nessa posição: Adrien Rabiot. Na frente, Mbappé, Griezmann e Giroud devem ser presenças certas. A única incerteza é no flanco direito onde Dembelé, dada a sua forma recente e estatuto no Barcelona, deve ser o favorito à frente de Kingley Coman.

Previsão

Com as incertezas físicas, os bleus terão muito provavelmente de elevar o seu jogo na fase de grupo se quiserem reclamar o primeiro lugar. Conhecida pela equipa técnica e pelos jogadores, a Dinamarca será o adversário número principal do grupo D. É difícil escolher um favorito para este jogo, uma vez que há tantas incógnitas sobre esta equipa francesa. A França tem um estatuto a ser valorizado uma vez que é o detentor do título, mas precisa de ter cuidado para não descansar sobre as suas conquistas.

Salvo um autêntico pesadelo para Deschamps, os franceses deverão vencer sem grande dificuldade a Austrália e a Tunísia.