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Análise: Muito em discussão no dérbi do norte de Londres

Stats Perform, Mário Rui Ventura
Atualizado
Análise: Muito em discussão no dérbi do norte de Londres
Análise: Muito em discussão no dérbi do norte de LondresProfimedia
Para apimentar o dérbi do norte de Londres, entre Arsenal e Tottenham, raramente é preciso que haja contas por acertar. Mas desta vez até isso existe, além de um dos rivais estar mesmo na liderança da Premier League.

Na última temporada, o Arsenal ressurgiu, sob o comando de Mikel Arteta, e candidatou-se a uma vaga na Liga dos Campeões. A três jornadas do final, os gunners precisavam de uma vitória diante do rival Tottenham, ou seis pontos nas últimas duas rondas, para segurar o quarto lugar e regressar à Champions, onde esteve pela última vez em 2017.

O Tottenham, porém, venceu por claros 3-0 e, na jornada seguinte, o Arsenal voltou a cair, diante do Newcastle

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Esta temporada, porém, a balança do norte de Londres está a pesar, e muito, para o lado do Arsenal. Depois de 17 jogos, os gunners estão na liderança do campeonato e, para apagar em definitivo os fantasmas da última época, querem dar seguimento e vingar a derrota com os spurs.

No entanto, do lado do Tottenham reina o otimismo, assente na história recente: desde 2014, quando Mikel Arteta era ainda jogador, que o Arsenal não vence na casa do rival.

Mérito próprio

Há muito tempo que o Arsenal não arrancava tão bem uma temporada. De facto, desde que existe Premier League, apenas quatro equipas conseguiram somar mais do que os atuais 44 pontos dos gunners nas primeiras 17 jornadas. E todas elas, desde o Chelsea de José Mourinho ao Manchester City de Guardiola, em duas ocasiões, passando pelo Liverpool de Klopp, foram consideradas das melhores de sempre.

Porém, colocar o Arsenal nesse lote é, para já, precoce. O que não significa que esta classificação seja fruto do acaso. De acordo com o modelo de Pontos Esperados da Stats Perform, o Arsenal deveria ter, nesta altura, 36 pontos, com base no desempenho. Apesar de serem menos oito pontos que os reais, ainda assim o Arsenal estaria em segundo lugar. Tal como na classificação real, o Tottenham ficaria atrás dos rivais, ainda que sempre como forte candidato ao top 4.

Os pontos esperados com base no desempenho
Os pontos esperados com base no desempenhoStats Perform

As marcas de Harry Kane

O maior desafio para o Arsenal e, ao mesmo tempo, a maior vantagem para o Tottenham, terá a ver com a disponibilidade dos seus melhores avançados. Gabriel Jesus teve um impacto tremendo desde que chegou, no verão, mas lesionou-se com gravidade no Mundial-2022, ao serviço do Brasil.

Apesar de não ser propriamente um goleador, a sua ausência faz-se notar, nomeadamente na última jornada, quando o Arsenal não saiu do nulo (0-0) diante do Newcastle.

Em sentido contrário, Harry Kane liderou a vitória do Tottenham, por claros 4-0, diante do Crystal Palace, com dois golos e uma assistência na segunda parte, depois de um primeiro tempo desinspirado de toda a equipa.

Uma masterclass de Harry Kane, no seu 300.º jogo na Premier League, com os 197.º e 198.º golos no campeonato inglês. Harry Kane está agora próximo de se tornar o terceiro jogador a chegar aos 200 golos na Premier League, depois de Alan Shearer (260) e Wayne Rooney (208), sendo o primeiro a fazê-lo apenas por um clube.

Os golos dos avançados com 300 jogos na Premier League
Os golos dos avançados com 300 jogos na Premier LeagueStats Perform

Talismãs escandinavos

Tanto o Arsenal como o Tottenham esperam grandes exibições das suas estrelas escandinavas. Nos spurs, Dejan Kulusevski tem sido peça fulcral desde que chegou. Até agora, esta temporada, não perdeu um único jogo da Liga sempre que foi titular (cinco vitórias e três empates), sendo que o Tottenham perdeu cinco dos dez jogos em que o sueco não entrou de início.

O impacto de Kulusevski está também expresso nos números. Entre os jogadores que têm pelo menos 500 minutos de utilização, é o segundo melhor nos dribes bem sucedidos, com uma média de 2,3, apenas atrás de Said Benrahma, do West Ham. Tem igualmente uma média de 0,35 assistências esperadas a cada 90 minutos, apenas atrás de Kevin De Bruyne, do Manchester City (0,51).

De Bruyne tornou-se num dos melhores médios da Premier League depois de ter sido dispensado do Chelsea, enquanto Kulusevski ficou sem espaço na Juventus, encontrando o seu espaço no Tottenham.

Os dados estatísticos de Kulusevski no Tottenham
Os dados estatísticos de Kulusevski no TottenhamStats Perform

Do lado do Arsenal, Arteta desenterrou uma jóia chamada Martin Odegaard, com uma história em tudo semelhante. Depois de vários empréstimos por parte do Real Madrid, o médio norueguês encontrou uma casa em Londres e, com apenas 24 anos, parece querer mostrar que o melhor ainda está para vir.

Tal como Kulusevski, também Odegaard está no top 10 das assistências esperadas a cada 90 minutos, com uma média de 0,27. De todos os jogadores da Premier League que jogaram pelo menos metade dos minutos possíveis, o noeruguês é o único a ter uma média de golos esperados e assistências esperadas superior a 0,25.

Com 16 jogos realizados, Odegaard já marcou sete golos e já fez 12 assistências, o que é um recorde pessoal numa só temporada num campeonato do top 5 europeu. Se Arteta recebe crédito pelo renascimento do Arsenal, Odegaard é certamente a fénix dos gunners.

Os jogos do Arsenal com e sem Odegaard
Os jogos do Arsenal com e sem OdegaardStats Perform

Longe vão as épocas em que o dérbi do norte de Londres era apenas uma rivalidade entre vizinhos, sem grande significado competitivo. Esta época não será, por certo, um desses casos.