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Análise Senegal: Campeões africanos em busca da confirmação mundial

Sadio Mané é a principal estrela e ao mesmo tempo a principal dúvida do Senegal
Sadio Mané é a principal estrela e ao mesmo tempo a principal dúvida do SenegalProfimedia
Vinte e dois anos depois de liderar o Senegal, como capitão de equipa, no Mundial-2022, na Coreia do Sul e no Japão, Aliou Cissé vai tentar nova façanha, desta vez como treinador. Aos 46 anos, com uma carreira como jogador nas principais ligas europeias, Cissé tem agora a experiência, como treinador, no Mundial da Rússia, e chega a esta competição com a consciência de ter sido o arquiteto do enorme crescimento dos Leões da Teranga. A equipa capitaneada por Kalidou Koulibaly, campeão de África na recente edição realizada nos Camarões no início do ano, confirmou-se como o movimento de crescimento mais rápido no panorama do futebol africano.

Introdução

O Senegal, ainda a digerir o facto de não ter classificado para os oitavos de final do Campeonato do Mundo da Rússia, em 2018, apenas e só pela diferença de golos, redimiu-se ao jogar a final da Taça Africana das Nações, em 2019, perdida para a Argélia, e ao impor-se na edição seguinte, com a conquista histórica do seu primeiro troféu.

A carreira discreta de Cissé como médio na Europa permitiu-lhe regressar ao seu país com um olhar crítico e perspicaz, bem como a capacidade de reflectir e raciocinar sobre a preparação atlética e táctica diferente do que se fazia no Senegal. Ao leme da seleção desde 2015, ou seja, desde o início da sua carreira de treinador, o jovem de 46 anos concentra-se em tudo na interpretação de jogos. Para ele, a posse de bola é a base do jogo da sua equipa, embora não anule as transições rápidas no ataque. E é por isso que, apesar da lesão no joelho de Sadio Mané, um rosto alegre e líder de um grupo unido, Cissé queria o seu melhor avançado a todo o custo. Uma aventura que, treinador à parte, vê três jogadores como as pedras angulares de toda a expedição.

Equipa do Senegal
Equipa do SenegalSenegal

Pontos fortes

Sadio Mané não é um jogador comum. O avançado do Bayern Munique, ex-Liverpool é, e tem sido, a pedra angular de cada equipa em que jogou. Um avançado móvel, capaz de jogar tanto no flanco esquerdo como ao meio, não só não sofreu com a mudança cultural de Merseyside para a Baviera, como também rapidamente se integrou na exigência táctica de um Julian Nagelsmann, um treinador mais experimental do que Jurgen Klopp. Na Allianz Arena, o avançado senegalês tornou-se parte de uma forma de jogar diferente da verticalidade que praticou no Liverpool, e que provavelmente se assemelha mais ao estilo da selecção nacional de Cissé.

Primeiro, porém, haverá uma espera pela completa recuperação física da estrela senegalesa. No 4x3x3 de Cissé, o número 10 atua como extremo esquerdo, com a tarefa de centralizar, bem coberto por um meio-campo que é muito elástico nos seus movimentos.

Aliou Cissé é o selecionador do Senegal
Aliou Cissé é o selecionador do SenegalSenegal

As outras forças do Senegal estão na defesa, onde o capitão Kalidou Koulibaly é o pilar de um muro defensivo que se ergue à frente do guarda-redes Edouard Mendy, que só recentemente entrou na ribalta, mas que se revelou imediatamente indispensável.

O antigo jogador do Nápoles, que no Chelsea está a sofrer um pouco com a adaptação, é o homem do balneário por excelência. A braçadeira do capitão deu-lhe ainda mais responsabilidade, e foi à sua volta que uma equipa foi estruturada, onde jogadores de diferentes origens, como as línguas faladas no país, se misturam. Criado em França, mas ligado ao país de origem, para onde viajava todos os verões quando era criança, Koulibaly está fortemente unido à terra de África e à equipa nacional senegalesa, onde cristãos e muçulmanos vivem uma vida quotidiana harmoniosa sem serem afectados pelas diferentes línguas tribais que a compõem.

Em França, um ano depois de Koulibaly, nasceu também Mendy, que joga no Chelsea há dois anos, graças a uma intuição de Petr Cech, que o tinha chamado à atenção em Rennes, a sua antiga equipa. Chegados aos Blues, o senegalês primeiro tirou a posição de guarda-redes titular de Kepa Arrizabalaga e depois conquistou definitivamente a baliza da sua selecção: para os Leões da Teranga Mendy representa uma garantia absoluta. Sobre estes dois homens, Cissé construiu uma defesa que sofreu quatro golos nos últimos seis jogos de qualificação para o Mundial. A vitória, nos penáltis, contra o Egipto, onde Mendy defendeu um castigo máximo, deu ao Senegal o passaporte para o Mundial do Catar.

O ataque, contudo, destaca-se como o setor em que o Senegal teve o melhor desempenho na qualificação para o Mundial. A média de golos esperados por jogo é de 2,23, enquanto a média golos sofridos é de 1,12. Nos oito jogos de qualificação, o Senegal conseguiu seis vitórias, um empate e apenas uma derrota. O contratempo aconteceu na primeira mão da final do play-off para o Campeonato do Mundo, contra o Egipto, depois retificado em casa, graças à tal vitória por 1-0 que levou a eliminatória aos penáltis, onde Mendy mas também Mané foram decisivos.

Entre as estatísticas do Senegal que mais se destacam está a percentagem do número de vezes que Koulibaly e os seus companheiros de equipa marcam primeiro: 70%, um número que demonstra a capacidade do Senegal para desbloquear o resultado mesmo nos jogos mais complicados.

Pontos fracos

Na seleção senegalesa, o banco não está à altura do que acontece dentro das quatro linhas. O Senegal apresenta um onze inicial impressionante mas não tem, depois, substitutos fiáveis. E é a possível substituição de Mané que surge, agora, como o principal problema para o treinador, que tentará ter o único jogador verdadeiramente insubstituível a postos o mais rapidamente possível.

Sadio Mané é fundamental no estilo de jogo da selecção senegalesa. O autor do golo de penálti que deu aos Leões da Teranga o passe para o Mundial-2022 é a seta de prata no arco de ataque de Cissé, graças à sua capacidade de transformar ações menos importantes em ações potencialmente perigosas. Cinco golos nos últimos quatro jogos tornam Mané fundamental. Um jogador essencial, não só no jogo, mas especialmente pela sua importância no balneário. A sua alegria, extremamente contagiosa, faz dele um elemento único em termos de empatia: um líder no campo, mas também um aglutinador fora dele.

XI ideal:

Edouard Mendy - Youssuf Sabaly, Kalidou Koulibaly, Abdou Diallo, Fodé Balo Touré - Pape Gueye, Cheikhou Kouyaté, Gana Gueye - Ismaila Sarr, Bambia Dieng, Sadio Mané.

Principal dúvida

Para Cissé, que raramente utiliza outro sistema tático para lá do 4x3x3, será importante, acima de tudo, escolher qual será a pedra angular de um meio-campo que viu Gana Gueye perder o seu papel de titular na Premier League nos últimos anos. O médio, que se mudou do Paris Saint Germain para o Everton, deu um passo atrás, contabilizando apenas nove jogos e, destes, apenas três jogando os 90 minutos.

No entanto, Gana Gueye será o elemento mais experiente no meio-campo senegalês, que também contará com o seu homónimo, Pape Gueye, do Marselha, e outro veterano: Cheikhou Kouyaté. A grande aposta de Cissé, por outro lado, é Pape Matar Sarr, jovem de 20 anos do Tottenham que mal pisou os relvados este ano, aumentando as incertezas em torno do meio-campo do Senegal.

Senegal já está no Catar para o Mundial
Senegal já está no Catar para o MundialSenegal

Previsão

Num grupo em que os Países Baixos partem como claros favoritos, o Senegal terá de apostar todas as fichas na sua partida de estreia, diante dos neerlandeses. Um eventual sucesso abriria o caminho para os oitavos de final.

O melhor resultado do Senegal num Mundial foi em 2002, quando a selecção africana chegou aos quartos de final, com Cissé ainda como capitão. Também nessa ocasião, a seleção senegalesa entrou com uma vitória na estreia contra a equipa mais forte, a campeã mundial França.

Os campeões africanos, graças a uma mistura de organização, talento e despreocupação, chegam ao Catar com a consciência das suas próprias qualidades, num grupo com Países Baixos, Catar e Equador. A passagem aos oitavos de final é um objetivo, em primeiro ou em segundo lugar, embora o surpreendente Equador, que teve um bom desempenho na qualificação, e o anfitrião Catar, possam representar uma ameaça.