Atiradora viral sul-coreana Kim Ye-ji mira o ouro em Los Angeles
A atleta deve a fama nas redes sociais à sua forma de executar o disparo, com uma postura de estátua de mármore, com a arma na mão direita e com cabelo puxado para trás, sob um boné com a viseira para trás. Por trás dos óculos de aro de metal, os seus olhos fixos no alvo: recorde mundial, aplausos e uma atitude impassível.
Um vídeo do tiro, efetuado durante uma competição em maio, foi compartilhado, entre outros, por Elon Musk, durante os Jogos Olímpicos, catapultando a calma atiradora olímpica ao estatuto de estrela viral.
A sul-coreana deixou Paris-2024 com a prata na categoria pistola de ar 10 metros, mas a sua infância nada parecia indicar que este seria o seu destino. Depois de enfrentar o grito das fãs emocionadas durante um dia de promoção num campo de tiro de Seul, a jovem de 32 anos repassa a sua carreira para a AFP.
Kim Ye-ji recorda o dia em que tudo mudou, quando, na escola, o seu professor pediu voluntários para atirar. Ela não estava, mas mesmo assim foi escolhida. Tinha 12 anos e a pistola era muito pesada para ela, mas o seu destino mudou: "Simplesmente achei engraçado".
Restava convencer os pais, céticos sobre o desporto. "Durante três dias não comi e chorei suplicando que me autorizassem a fazer", explica Kim.
"Nos meus estudos não tinha um objetivo claro à vista, mas com o tiro... sabia que tinha que ser a melhor", conta a desportista, que dedicou desde então toda sua vida a "um só objetivo, ganhar uma medalha".
Um objetivo que cumpriu em França, com uma repercussão inimaginável.
As redes sociais elogiam os seus nervos de aço e o bilionário Elon Musk imagina-a num filme de ação. Mas Kim, na sua bolha, não estava ciente de todo o barulho. "Não me via como alguém especial e também não vejo assim hoje", assume.
Uma concentração que, no entanto, não era inata: "Não era muito boa para me concentrar", afirma, dizendo ter tido que trabalhar em seu olhar, que deve se manter ultraconcentrado para "acalmar os nervos".
"De personalidade inquieta", Kim transforma-se com a pistola na mão: "O meu braço não é mais simplesmente o meu braço, faz parte da pistola completamente".
"Quando eu seguro a arma, tudo deve estar perfeitamente imóvel. Nada deve se mover: o punho, a mão ou outra parte do corpo. Tudo faz parte da arma", explica.
De volta à Coreia do Sul, viu-se submersa sob uma tempestade de pedidos de entrevistas, convites para colaborar com marcas como Louis Vuitton e, até mesmo, uma proposta para aparecer numa obra de ficção no papel de uma assassina contratada.