“Eu posso ter conquistado a medalha de ‘chocolate’, mas a verdade é que vê-la alcançar esta medalha… ela é minha amiga e eu estou muito feliz por ela, pelo treinador, pela equipa. Ela esteve brilhante”, começou por dizer Irina Rodrigues, em declarações à agência Lusa.
A recordista nacional, de 33 anos, conseguiu, à sexta presença, a melhor classificação de sempre, depois do sexto em Zurique-2014, dos nonos em Helsínquia-2012 e Berlim-2018, do 11.º em Munique-2022 e do 13.º em Amesterdão-2016.
“Sofri tanto de ansiedade nos campeonatos por que passei, e era muito difícil estar aqui, ser feliz e desfrutar da competição, e acho que finalmente consegui. E devo muito isso ao meu treinador (Júlio Cirino), à minha mudança para a ilha Terceira, aos meus colegas do hospital Santo Espírito e acho que todo este conjunto está a fazer desta a melhor época da minha vida e estou grata a Deus por viver este momento”, afirmou.
Atualmente sem clube, Irina Rodrigues alcançou os 62,76 metros que a deixaram à beira do pódio no terceiro lançamento, num concurso em que conseguiu ainda 62,09, no primeiro ensaio, 62,23, no quarto, e 61,28 a fechar.
“Que sensação incrível. Estou tão, tão, tão feliz! O meu grande objetivo era ficar no top 8 europeu e conseguir o quarto lugar é muito bom. Consegui abrir muito bem a prova, com 62,09 e, depois, fui tentando sempre mais, mas fiz um concurso super-regular, sempre acima dos 60 e vários acima dos 62”, reconheceu a leiriense.
A avaliação da competição de hoje foi ainda influenciada pela conquista do bronze por Liliana Cá, depois de a atleta do Sporting ter ficado arredada do pódio em várias grandes competições – foi quinta nos Jogos Olímpicos Tóquio-2020 e nos Europeus Munique-2022, sexta nos Mundiais Oregon-2022 e oitava em Budapeste-2023.
“Foi uma noite surreal de boa. Estou muito feliz pela Liliana, esta medalha é mais do que merecida. Há tanto tempo que ela andava a lutar pelas medalhas. Estou feliz como se fosse minha”, resumiu Irina Rodrigues.
Questionada sobre o futuro próximo, com a presença garantida nos Jogos Olímpicos Paris-2024, com o recorde nacional de 66,60 alcançado em março, novamente a par de Liliana Cá, a leiriense preferiu ‘saborear’ o resultado de hoje.
“O tempo o dirá. Para já, o que tenho vindo a alcançar e a serenidade com que tenho encarado estes momentos desafiantes fazem valer a pena tudo o que passei nestes 20 anos de carreira – já foram seis Campeonatos da Europa. Também foi isso que tornou possível ser um lugar tão bom, sou quarta da Europa. Isto é incrível para uma médica que esteve a trabalhar a semana passada. É muito bom”, concluiu.
A croata Sandra Elkasevic somou o seu sétimo título europeu seguido, com 67,04 metros, enquanto Jorinde van Klinken melhorou o quarto lugar de Munique-2022, ao conquistar o bronze, com 65,99 no último ensaio, destronando do segundo lugar Cá, um dia depois de arrebatar a prata no lançamento do peso.