Tóquio-1964: Perdão ao Japão permite estreia dos Jogos na Ásia
O simbolismo do pós-guerra esteve presente desde o início dos Jogos, com a chama olímpica a ser acesa pelo estudante Yoshinori Sakai, nascido a 06 de agosto de 1945, dia em que a bomba atómica explodiu em Hiroshima.
Recuperado financeiramente, o Japão apostou forte nesta edição dos Jogos, com a ajuda da informática, que trouxe os resultados em tempo quase real, o que permitiu que fosse mais rápido para os espetadores perceberem que em Tóquio foram batidos 33 recordes mundiais.
Com mais de 5.000 desportistas de 93 países, não houve uma grande estrela, embora a russa Larisa Latynina fique para sempre na história, com mais seis medalhas – duas de ouro -, aumentando o seu pecúlio olímpico para 18, um recorde apenas batido 48 anos depois pelo nadador norte-americano Michael Phelps.
Também para a história entrou o etíope Abebe Bikila, que se tornou no primeiro atleta a vencer a maratona olímpica duas vezes.
Os norte-americanos Bob Hayes, vencedor dos 100 metros, em 10 segundos, e Don Schollander, tetracampeão olímpico na natação, também se destacaram, nuns Jogos em que se estreou o judo, modalidade em que o neerlandês Antonius Geesink surpreendeu ao vencer a categoria livre.
No Japão esteve a primeira grande representação de uma delegação unificada da Alemanha (377 atletas), nuns Jogos em que os Estados Unidos superaram a União Soviética, com mais seis ouros (36 contra 30), e em que a nação organizadora alcançou um honroso terceiro lugar, muito por culpa do judo.
Em 1964, foi dado o primeiro prémio fair-play oficial, entregue aos velejadores suecos Lars Gunnar Kall e Stig Lennart Kall, que desistiram da sua corrida para ajudar uma dupla cujo barco se tinha afundado.
Manuel de Oliveira ficou a dois segundos do bronze nos 3.000 obstáculos
Apenas dois segundos impediram o fundista Manuel de Oliveira de dar a primeira medalha ao atletismo português em Jogos Olímpicos, sendo o melhor dos 21 representantes lusos em Tóquio-1964.
Manuel de Oliveira participou na prova de 3.000 metros obstáculos e terminou no quarto lugar, a pouco mais de dois segundos do terceiro classificado, Ivan Beljajew, da União Soviética.
O jovem atleta, que se apresentara no Sporting para ser ciclista, mas não tinha bicicleta, acabou no atletismo e venceu a sua eliminatória com o tempo de 8.36,08 minutos e na final melhorou o registo, conseguindo um novo recorde nacional - 8.38,02.
Joaquim Duarte Silva, montando o Jeune France, foi quinto na prova de obstáculos, enquanto Henrique Calado, até então recordista de presenças nos Jogos Olímpicos (cinco), juntamente com o velejador Duarte Bello, terminou a saga olímpica em 34.º, com o célebre cavalo Montargil.
Na vela, Duarte e Fernando Bello, campeões da Europa e vice-campeões do mundo em 1962, foram oitavos na competição da classe Star.
Portugal marcou também presença na ginástica, no judo, na natação e no tiro, mas sem resultados de destaque.
Quadro de medalhas:
União Soviética: 90
URSS: 96
Japão: 29
Alemanha: 50
Itália: 27
Hungria: 22
Polónia: 23
Austrália: 18
Checoslováquia: 18
Bulgária: 10
Finlândia: 5
Nova Zelândia: 5
Roménia: 12
Países Baixos: 10
Turquia: 6
Suécia: 8
Dinamarca: 6
Jugoslávia: 5
Bélgica: 3
França: 15
Canadá: 4
Suíça: 4
Bahamas: 1
Etiópia: 1
Índia: 1
Coreia do Sul: 3
Trindade e Tobago: 3
Tunísia: 2
Argentina: 1
Cuba: 1
Filipinas: 1
Paquistão: 15
Irão: 2
Brasil: 1
Gana: 1
Irlanda: 1
México: 1
Nigéria: 1
Quénia: 1
Uruguai: 1