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Antuérpia-1920: Juramento e bandeira olímpicos para curar cicatrizes da guerra

A bandeira utilizada nos Jogos de Antuérpia
A bandeira utilizada nos Jogos de AntuérpiaAFP
A Bélgica, um dos mais países mais afetados pela I Guerra Mundial, foi escolhida para receber os Jogos Olímpicos de 1920, com a introdução dos simbólicos juramento e da bandeira olímpicos, para tentar curar as feridas do conflito.

A Bélgica, um dos mais países mais afetados pela I Guerra Mundial, foi escolhida para receber os Jogos Olímpicos de 1920, com a introdução dos simbólicos juramento e da bandeira olímpicos, para tentar curar as feridas do conflito.

Os Jogos de 1916, previstos para Berlim, não se realizaram devido à guerra, com Antuérpia a receber, dois anos após o fim do conflito, um evento em que as cicatrizes do conflito estiveram bem presentes.

Das bancadas, muito despidas de público, viu-se uns Jogos sem a qualidade das edições anteriores, até porque alguns dos melhores atletas europeus tinham perdido a vida nos campos de batalha, como o francês Jean Bouin, medalha de prata nos 5.000 metros em Estocolmo-1912.

A ausência das nações derrotadas na guerra, que não foram convidadas, assim como da recém-criada União Soviética, não impediu, ainda assim, que os Jogos de Antuérpia tivessem um número recorde de participantes, um total de 2.626 atletas de 29 países – mais um do que em 1912.

Numa Europa ainda a recuperar, a cerimónia de abertura espelhou o aguardado desinteresse geral pelo evento, com apenas 5.000 espetadores presentes num estádio com capacidade para 35.000 pessoas.

Apesar do desânimo que se vivia na Europa, o pai dos Jogos da Era Moderna, o barão francês Pierre de Coubertin, não desistiu de dar continuidade à epopeia olímpica, criando o juramento olímpico, um ritual da sua autoria, lido pelo belga Victor Boin.

“Nós juramos que nos apresentamos nos Jogos Olímpicos como competidores leais, respeitadores dos regulamentos que os regem e desejosos de neles participar com espírito desportivo, para honra dos nossos países e glória do desporto”, rezava o juramento proferido em Antuérpia, que ainda hoje é utilizado.

Os Jogos de Antuérpia ficam ainda na história pelo surgimento da bandeira olímpica (com os seus cinco anéis entrelaçados) e do lançamento de pombas como símbolo da paz, algo que aconteceu pela primeira vez.

Da mediocridade geral a nível competitivo sobressaíram algumas figuras, como Paavo Nurmi, mais um finlandês voador, que foi considerado um dos melhores fundistas mundiais de sempre e em Antuérpia arrecadou o ouro nos 10.000 metros e no corta-mato, individual e coletivo.

Ironicamente, Nurmi teve praticamente a mesma sina da lenda dos Jogos anteriores, o índio norte-americano Jim Thorpe, ao ser impedido de participar nos Jogos de 1932, disputados em Los Angeles, sob a acusação de ter recebido dinheiro para participar em algumas provas nos Estados Unidos.

Também como sucedeu com Thorpe, o COI acabaria por voltar atrás, mas não tão tarde como com o norte-americano, uma vez que Nurmi teve o seu grande reconhecimento público em 1952, precisamente em casa, nos Jogos de Helsínquia, com todo o estádio a aplaudi-lo de pé enquanto transportava a tocha olímpica.

A norte-americana Ethelda Bleibtrey tornou-se na primeira mulher a vencer três títulos olímpicos, em três provas de natação, batendo por cinco vezes o recorde do mundo em Antuérpia.

Também em destaque esteve o italiano Nedo Nadi, que venceu cinco medalhas de ouro em seis provas de esgrima, ou o norte-americano Willis Lee, que conquistou o mesmo número de títulos no tiro.

Também em Antuérpia entrou para a história o sueco Oscar Swahn, que, aos 72 anos, se tornou o mais velho medalhado de sempre, ao vencer a prata numa prova de tiro.

Pela primeira vez, desde Atenas1896, a competição não foi dominada pela nação organizadora e a delegação dos Estados Unidos foi destacadamente a mais medalhada, com 41 medalhas de ouro, à frente de Suécia e Grã-Bretanha, com 19 e 15, respetivamente, enquanto os anfitriões belgas foram relegados para o quinto lugar do quadro de medalhas, com 14 títulos olímpicos.

Portugal ficou a um triunfo da primeira medalha

Uma vitória foi o que faltou à seleção de espada para dar a Portugal a primeira medalha olímpica, quedando-se no quarto lugar nos Jogos de 1920 em Antuérpia, na Bélgica.

Fernando Correia, Ruy Mayer, António Mascarenhas Menezes, Jorge Paiva, Frederico Paredes, Manuel Queiroz, João Sassetti e Henrique da Silveira ficaram muito perto de entrarem para a história do olimpismo luso.

Depois de uma entrada em falso, com uma derrota pesada frente à anfitriã Bélgica (9-0), os portugueses venceram sucessivamente a Suécia (8-7), a Itália (8-7) e a Dinamarca (9-5) e empataram com os Países Baixos (7-7), qualificando-se para a fase final.

Na ronda decisiva, Portugal perdeu por 12-3 com a futura campeã Itália e por 8-3 com a Bélgica (medalha de prata), empatou 6-6 com a França (medalha de bronze) - a vitória teria dado à equipa nacional a presença no pódio - e ganhou à Suíça (8-5) e aos Estados Unidos (8-4).

Na prova individual de espada, António Mascarenhas Menezes foi o melhor português, ao conseguir cinco triunfos e terminar no sexto lugar, atrás de quatro franceses, que conquistaram as três medalhas, e de um belga.

No tiro, a outra modalidade em que Portugal esteve representado em Antuérpia1920, o sexteto português ficou-se pelo oitavo e último posto da prova coletiva de pistola rápida, com 1.184 pontos, e, individualmente, nenhum dos atiradores nacionais alcançou qualquer resultado de realce.

Os portugueses

- ESGRIMA:

Espada (M) Mascarenhas Menezes 3.ª eliminatória

Espada (M) Jorge Paiva 3.ª eliminatória

Espada (M) Fernando Correia 3.ª eliminatória

Espada (M) João Sassetti 3.ª eliminatória

Espada (M) Rui Mayer 2.ª eliminatória

Espada (M) Henrique da Silveira 2.ª eliminatória

Espada (M) Frederico Paredes 5.º na poule 4

(1.ª eliminatória)

Espada (M) Manuel Queiroz 7.º na poule 9

(1.ª eliminatória)

Espada (M)

Equipas Mascarenhas Menezes 4.º lugar

Jorge Paiva

Fernando Correia

João Sassetti

Rui Mayer

Henrique da Silveira

Frederico Paredes

Manuel Queiroz

- TIRO:

Equipas (M) Hermínio Rebelo 1)

António dos Santos

António Andréa Ferreira

António A. Silva Martins

Dário Canas

António Montez

1) Pistola – 8.º (1.184 pontos); Carabina a 300m, posição de pé – 11.º (226); Carabina a 300m, posição deitado – 15.º (256); Carabina a 600m posição, de pé – 14.º (248); Carabina a 300 e 600m, posição deitado – 11.º (519).

Quadro de medalhas

Estados Unidos: 95

Suécia: 64

Bélgica: 42

Finlândia: 34

Grã-Bretanha: 43

Itália: 25

Noruega: 32

França: 42

Países Baixos: 11

Dinamarca: 13

África do Sul: 10

Canadá: 9

Suíça: 11

Estónia: 3

Brasil: 3

Austrália: 3

Espanha: 2

Japão: 2

Grécia: 1

Luxemburgo: 1

Checoslováquia: 2

Nova Zelândia: 1