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Atenas-2004: Jogos regressam a casa sob o brilho de Phelps

Jogos voltaram a casa em 2004
Jogos voltaram a casa em 2004COI
Os Jogos Olímpicos regressaram a casa em 2004, com o nadador norte-americano Michael Phelps a começar em Atenas a sua subida ao estatuto de ‘deus’ olímpico, com as primeiras oito medalhas.

Atenas tinha tentado receber a edição do centenário dos Jogos Olímpicos da Era Moderna em 1996, que decorreram em Atlanta, mas oito anos depois a Grécia recebeu mesmo o evento, marcados pelo recorde de oito medalhas de Phelps – seis dos quais de ouro – e, tal como em Sydney-2000, por vários casos de doping.

Mesmo falhando o objetivo de bater o recorde do seu compatriota Mark Spitz, que, em Munique-1972, conquistou sete medalhas de ouro, Phelps foi o desportista mais mediático e premiado do evento.

A bala de Baltimore foi determinante para a supremacia dos Estados Unidos em Atenas2004, com apenas quatro medalhas de ouro de vantagem relativamente à China, que se intrometeu entre as superpotências e relegou a Rússia para o terceiro lugar.

Os Estados Unidos lideraram com 36 medalhas de ouro (num total de 101), a China teve 32 (63) e a Rússia completou o pódio com 27 (92).

A quatro anos de organizar os seus Jogos, a China tinha 20 medalhas de ouro como meta, mas regressou com 32, dominando em várias modalidades, como nos saltos para a água, em que ganhou seis dos oito títulos em disputa.

O regresso a casa trouxe também de volta alguns antigos locais, como Olímpia, local dos Jogos da antiguidade e palco da prova de lançamento do peso.

A maratona e o tiro com arco disputaram-se, por seu turno, no estádio Panatenaico, palco da edição de 1906.

Foi antes da chegada ao Panatenaico que ocorreu um dos momentos mais marcantes de Atenas2004, quando o brasileiro Vanderlei de Lima liderava a maratona, antes de ser empurrado por um espetador.

Este incidente acabou por atirar o brasileiro para a terceira posição, mas acabaria por ser recompensado pelo Comité Olímpico Internacional, que lhe deu a medalha Pierre de Coubertin pelo seu espírito olímpico.

O doping voltou a manchar esta edição dos Jogos, com vários atletas a terem de devolver as medalhas, com o primeiro caso a ser inusitado, com os gregos Ekaterina Thanou e Costas Kederis a fugirem de um controlo de moto, na qual terão tido depois um acidente.

Kederis, que era campeão olímpico, da Europa e foi campeão mundial em 2001, deixou em estado de choque todo um país, renunciando aos Jogos sem fazer o último trajeto da tocha olímpica, como estava planeado.

Também o ciclista Tyler Hamilton ficou sem o ouro no contrarrelógio, dando a sua medalha ao russo Viatcheslav Ekimov.

Uma das grandes surpresas dos Jogos foi o triunfo da Argentina – também conquistou o futebol – no torneio masculino de basquetebol, depois de eliminar os Estados Unidos nas meias-finais.

Em termos individuais, o experiente marroquino Hicham el Guerrouj (30 anos), novo campeão olímpico de 1.500 e 5.000 metros, conseguiu uma dobradinha que não se via desde o finlandês Paavo Nurmi, 80 anos antes.

No atletismo, só três títulos não mudaram de mãos relativamente a Sydney-2000: no disco, o lituano Virgilius Alekna repetiu o ouro, após o húngaro Robert Fazekas perder a medalha por doping, enquanto o polaco Robert Korzeniowski voltou a ganhar os 50 km marcha e a equipa norte-americana os 4x400 metros.

Leontien Ziljaard-van Moorsel tornou-se a primeira ciclista a conseguir seis medalhas de ouro, enquanto a canoísta alemã Birgit Fischer foi a primeira atleta a vencer duas medalhas em cinco Jogos.

A inglesa Paula Radcliffe, com a dupla desistência na maratona e nos 10.000 metros, foi uma das desilusões, assim como a moçambicana Maria de Lurdes Mutola, fora das medalhas nos 800 metros depois do bronze em Atlanta1996 e do ouro em Sydney2000.

Em Atenas estiveram 201 comités nacionais representados, um recorde à altura, com Timor-Leste a estrear-se oficialmente.

Para Portugal, a estreia em Atenas, palco dos Jogos antiguidade e da primeira edição da Era Moderna, entrou para a história, como uma das melhores participação de sempre, com três medalhas – prata de Francis Obikwelu (100 metros) e Sérgio Paulinho (prova de fundo do ciclismo de estrada) e bronze de Rui Silva (1.500 metros) - e 10 diplomas (quarto ao oitavo lugar).

Portugal consegue pela segunda vez três pódios

Portugal conseguiu pela segunda vez na história três pódios numa edição dos Jogos Olímpicos, em Atenas2004, com Francis Obikwelu, Sérgio Paulinho e Rui Silva a ajudarem à melhor prestação lusa até então.

No regresso dos Jogos Olímpicos a casa, 108 anos depois da edição inaugural da Era Moderna, Portugal repetiu as três medalhas conseguidas em Los Angeles-1984, onde Carlos Lopes se sagrou primeiro campeão olímpico português.

Numa das mais equilibradas e emocionantes finais dos 100 metros da história, com os primeiros quatro classificados separados por quatro centésimos de segundo, Obikwelu conquistou a prata, com um tempo de 9,86 segundos, que foi recorde europeu até Tóquio-2020, quando o italiano Marcel Jacobs correu em 9,80.

O atleta nascido na Nigéria ainda tentou o pódio nos 200 metros, mas na final acabou por não superar o cansaço e ficou no quinto lugar, a 11 centésimos do pódio.

A grande surpresa acabou por ser a medalha de prata na prova de estrada do ciclista Sérgio Paulinho, que tinha ido a Atenas com o objetivo de trabalhar para Cândido Barbosa.

A desistência de Cândido Barbosa permitiu ao praticamente desconhecido Paulinho arriscar numa fuga, que acabou por ser a certa, indo na roda do futuro campeão olímpico de fundo, o italiano Paolo Bettini, que foi mais forte no sprint final.

Rui Silva confirmou o que dele se esperava nos 1.500 metros, conquistando a medalha de bronze apesar das dúvidas quanto ao seu momento de forma, após ter enfrentado vários problemas físicos.

Além das três medalhas, Portugal conseguiu ainda 10 diplomas (lugares entre o quarto e o oitavo) e algumas outras classificações honrosas.

O atletismo português fechou os Jogos em grande, com mais um finalista, o maratonista Alberto Chaíça, que chegou ao Estádio Panatenaico num sofrido oitavo lugar, tendo como primeira reação beijar a pista e abraçar-se a Rosa Mota, que em 1982 tinha sido campeã europeia no mesmo local.

Fora das medalhas, mas com boas participações, ficaram os representantes portugueses no judo, triatlo, vela, canoagem e trampolins, todos com resultados entre os diplomados.

No judo, Nuno Delgado foi prejudicado por uma lesão nos dedos da mão direita, ficando sem hipóteses de defender a medalha de bronze conquistada em Sydney-2000.

Mas as prestações de Telma Monteiro (nona em -52 kg), João Pina (sétimo em -66 kg) e João Neto (sétimo em -73 kg) deixaram a comitiva portuguesa satisfeita.

Ainda com 18 anos, o canoísta Emanuel Silva, sétimo na final de K1 1.000 metros, e a campeã da Europa Vanessa Fernandes, oitava no triatlo, mostraram-se pela primeira vez, antes de virem a ganhar medalhas no futuro.

Outro diploma foi conquistado nos trampolins, com Nuno Merino a alcançar um brilhante sexto lugar na final.

Com esperança em medalhas, a vela desiludiu um pouco, apesar dos três diplomas conquistados, com o quinto lugar de Gustavo Lima, campeão mundial de laser em 2003, o sexto de João Rodrigues na prancha Mistral e o sétimo de Álvaro Marinho e Miguel Nunes em 470.

Fracas foram as prestações de Joana Pratas, apenas 21.ª em Europe, e da dupla Diogo Cayolla/Nuno Barreto, que foi 16.ª e penúltima classificada em Tornado.

Uma das grandes desilusões foi a participação da equipa de futebol, que liderada pelo emergente Cristiano Ronaldo não passou da primeira fase, esfumando-se desde muito cedo a hipótese de medalha.

Também dececionante foi a desistência de Fernanda Ribeiro nos 10.000 metros, depois do ouro em Atlanta1996 e do bronze em Sydney-2000.

No voleibol de praia, Miguel Maia e João Brenha não estiveram à altura das duas anteriores edições, quando ficaram à porta do pódio com dois quartos lugares, mas a prestação da dupla foi condicionada pela forma física de Brenha.

Quadro de medalhas

Estados Unidos - 101

China - 63

Rússia - 90

Austrália - 50

Japão - 37

Alemanha - 49

França- 33

Itália - 32

Coreia do Sul - 30

Grã-Bretanha -  30

Cuba - 27

Hungria - 17

Ucrânia - 22

Roménia - 19

Grécia - 16

Brasil - 10

Noruega  - 6

Países Baixos - 22

Suécia -  7

Espanha - 20

Canadá - 12

Turquia - 10

Polónia - 10

Nova Zelândia - 5

Tailândia - 8

Bielorrússia - 13

Áustria -  7

Etiópia - 7

Irão - 6

Eslováquia - 6

Taiwan -  5

Geórgia -  4

Bulgária - 12

Dinamarca - 8

Jamaica - 5

Uzbequistão - 5

Marrocos - 3

Argentina - 6

Chile - 3

Cazaquistão - 8

Quénia - 7

República Checa - 9

África do Sul - 6

Croácia - 5

Lituânia - 3

Egito - 5

Suíça - 5

Indonésia - 4

Zimbabué - 3

Azerbaijão - 5

Bélgica - 3

Bahamas - 2

Israel - 2

Camarões - 1

Emirados Árabes Unidos - 1

República Dominicana - 1

Coreia do Norte - 5

Letónia - 4

México - 4

PORTUGAL - 3

Finlândia - 2

Sérvia e Montenegro - 2

Eslovénia - 4

Estónia - 3

Hong Kong -  1

Índia - 1

Paraguai - 1

Colômbia - 2

Nigéria - 2

Venezuela - 2

Eritreia - 1

Mongólia - 1

Síria - 1

Trindade e Tobago - 1