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Barcelona-1992: A CEI, uma Alemanha e o regresso sul-africano nuns Jogos ainda políticos

Barcelona-1992: A CEI, uma Alemanha e o regresso sul-africano nuns Jogos ainda políticos
Barcelona-1992: A CEI, uma Alemanha e o regresso sul-africano nuns Jogos ainda políticosProfimedia
Os Jogos Olímpicos Barcelona-1992 foram um sucesso desportivo, mas, mesmo sem boicotes, tiveram um grande peso político, com a equipa unificada da ex-União Soviética, uma só Alemanha e o regresso sul-africano.

Sem qualquer boicote pela primeira vez desde 1972, na Catalunha apresentou-se pela primeira e única vez a Comunidade de Estados Independentes (CEI), com representação de grande parte das nações saídas da União Soviética, embora os atletas subissem ao pódio com a bandeira dos respetivos países.

A Alemanha unificada e o regresso da África do Sul pós-apartheid também entraram para a história, numa edição em que a presença da Jugoslávia foi polémica, uma vez que estava sujeita, na altura, a sanções das Nações Unidas pela ação militar na Croácia e na Bósnia-Herzegovina.

A Jugoslávia foi impedida de competir nas provas coletivas e não participou na cerimónia de abertura, mas os seus atletas participaram como independentes, enquanto a Croácia e Bósnia-Herzegovina se estrearam como países autónomos.

Também pela primeira vez na história, o Comité Olímpico Internacional (COI) fez um pedido de trégua olímpica durante os Jogos.

Tirando as questões políticas, os XXII Jogos Olímpicos da Era moderna foram um êxito, começando pelos números impressionantes, com milhares de milhões de telespetadores a assistirem às prestações desportivas de 9.356 atletas de 169 países.

O Dream Team original passeou até à conquista do ouro no torneio masculino de basquetebol, com a primeira seleção norte-americana com profissionais a ter como resultado mais equilibrado uma vitória por 28 pontos frente a Porto Rico – na final, os Estados Unidos bateram a Croácia por 117-85.

Com Magic Johnson e Michael Jordan – vindo do segundo dos seus seis títulos na NBA – no comando, os Estados Unidos apresentaram-se com um conjunto de sonho, formado ainda por Larry Bird, Charles Barkley, Pat Ewing, Karl Malone, Scottie Pippen, John Stockton, David Robinson, Clyde Drexler, Chris Mullin e o desconhecido Christian Laettner, único universitário do conjunto.

No Estádio Olímpico de Montjuic, o britânico Linford Christie foi, aos 32 anos, uma das figuras do atletismo, ao triunfar nos 100 metros, com o incontornável norte-americano Carl Lewis a colecionar mais duas medalhas de ouro olímpicas, aumentando para oito o seu palmarés, ao conquistar o salto em comprimento e a estafeta 4x100 metros.

Na natação masculina, o protagonismo foi repartido entre Alexander Popov e Tamas Darnyi, ambos autores de dobradinhas, com o czar a vencer os 50 e 100 metros livres e o húngaro a impor-se nos 200 metros livres e nos 400 estilos.

A nível feminino assistiu-se com espanto à supremacia das nadadoras chinesas, que acabariam por ‘desaparecer do mapa’ pouco tempo depois, nos Mundiais de Hiroshima, com diversos casos de doping.

Na ginástica, o bielorrusso Vitali Scherbo teve uma das mais sensacionais prestações da história, com seis medalhas de ouro para a Comunidade de Estados Independentes, quatro das quais num só dia.

Na sua única aparição olímpica, a CEI triunfou em termos coletivos, com 45 medalhas de ouro, 38 de prata e 29 de bronze, à frente dos Estados Unidos e da Alemanha.

A jogar em casa, a Espanha foi sensacionalmente a sexta nação no medalheiro, com 13 ouros, enquanto a África do Sul, para comemorar o regresso ao Movimento Olímpico após o fim do ‘apartheid’, conquistou duas de prata.

Uma das medalhas sul-africanas foi ganha pela branca Elena Meyer, nos 10.000 metros, apenas batida pela etíope Derartu Tulu, que esperou pela sua adversária, para de mão dada com ela, fazer a volta de honra.

Sem medalhas regressou a Portugal a gigante comitiva de 102 atletas, que protagonizou a que terá sido uma das mais dececionantes participações nacionais em Jogos Olímpicos, após as medalhas de ouro de Carlos Lopes e Rosa Mota na maratona nas duas edições anteriores.

Comitiva gigante regressa a Portugal sem glória e com polémica

Uma gigante comitiva de 102 portugueses deixou os Jogos Olímpicos Barcelona-1992 sem a glória das duas edições anteriores, em que Carlos Lopes e Rosa Mota conquistaram medalhas de ouro, e com alguma polémica.

Os primeiros lugares na maratona em Los Angeles-1984, por Carlos Lopes, e Seul-1988, por Rosa Mota, deixavam os portugueses expectantes para a edição de 1992, mas, já sem a sua geração de ouro, o atletismo luso ficou longe dos bons resultados.

O melhor resultado foi de José Garcia, que exerceu o cargo de chefe da Missão portuguesa no Rio-2016, depois de ter sido o primeiro canoísta português a chegar a uma final olímpica, concluindo a regata decisiva de K1 1.000 metros no sexto lugar, depois de ter alcançado as meias-finais quatro anos antes.

O trabalho desenvolvido nos cinco anos anteriores pelo técnico polaco Zdislaw Szubski permitiu a Portugal chegar ainda às meias-finais em K2 500 metros, com Joaquim Queirós e José Ferreira, e em K4 1.000 metros, com António Brinco, Belmiro Penetra, António Monteiro e Rui Fernandes.

O atletismo, com 35 dos 102 atletas portugueses presentes, não chegou ao pódio, mas deixou Barcelona com alarido’ - com várias declarações polémicas de atletas e o anúncio da federação portuguesa de abrir processos disciplinares -, conseguindo ainda assim alguns resultados individuais de relevo.

Desfalcada com a ausência de última hora de Rosa Mota, por lesão, a participação portuguesa na maratona feminina ficou marcada pelo sétimo lugar de Manuela Machado, que repetiu a posição alcançada nos Mundiais Tóquio-1991, e pela desistência de Aurora Cunha.

Manuela Machado chegou a causar sensação a meio da prova, com uma fuga ao pelotão em perseguição da russa Madina Biktagirova, que corria isolada, mas acabou por ser vítima do forte andamento que imprimiu e terminou fora do pódio.

Domingos Castro foi 11.º classificado nos 5.000 metros e Mário Silva 14.º nos 1.500, enquanto Conceição Ferreira, que detinha a segunda melhor marca do ano nos 10.000, também ficou longe das expectativas, ao ser apenas 19.ª numa prova em que Albertina Dias foi 13.ª.

Carla Sacramento qualificou-se para as meias-finais dos 800 e dos 1.500 metros, batendo os recordes nacionais nas distâncias.

Ainda em femininos, Lucrécia Jardim foi 23.ª nos 200 metros e 19.ª nos 100 metros, superando também um mínimo nacional na estafeta 4x400 metros, nos quais competiu juntamente com Marta Moreira, Eduarda Coelho e Elsa Amaral.

No judo também foram das mulheres os melhores resultados, com Paula Saldanha na corrida para as medalhas quase até ao final da prova de -52 kg, terminando no sétimo posto, enquanto Filipa Cavalleri, a porta-estandarte da delegação portuguesa em Barcelona, foi nona em -56 kg.

Modalidade de exibição, o hóquei em patins também não chegou às medalhas, apesar das credenciais da seleção portuguesa, constituída por António Chambel, Tó Neves, Franklin Pais, Luís Ferreira, Paulo Almeida, Paulo Alves, Pedro Alves, Vítor Fortunato, Vítor Hugo e Rui Lopes.

Portugal apresentou-se nos Jogos Olímpicos com os títulos de campeão do mundo de 1991 e europeu de 1990 e 1992, mas não conseguiu melhor do que o quarto lugar na Catalunha.

No tiro, Manuel da Silva e António Palminha foram 11.os e João Rebelo 16.º no fosso olímpico, permanecendo na discussão pelas medalhas até aos derradeiros momentos da competição.

Quadro de Medalhas

CEI - 112

Estados Unidos - 108

Alemanha - 82

China - 54

Cuba - 31

Espanha - 22

Coreia do Sul - 29

Hungria - 30

França - 29

Austrália - 27

Canadá - 18

Itália - 19

Grã-Bretanha - 20

Roménia - 18

Checoslováquia - 7

Coreia do Norte - 9

Japão - 22

Bulgária - 16

Polónia - 19

Países Baixos - 15

Quénia - 8

Noruega - 7

Turquia - 6

Indonésia - 5

Brasil - 3

Grécia - 2

Suécia - 12

Nova Zelândia - 10

Finlândia - 5

Dinamarca - 6

Marrocos - 3

Irlanda - 2

Etiópia - 3

Argélia - 2

Estónia - 2

Lituânia - 2

Suíça - 1

Jamaica - 4

Nigéria - 4

Letónia - 3

África do Sul - 2

Áustria - 2

Namíbia - 2

Bélgica - 3

Croácia - 3

Irão - 3

Sérvia, Montenegro e Macedónia - 3

Israel - 2

México - 1

Peru - 1

Taiwan - 1

Eslovénia - 2

Mongólia - 2

Argentina - 1

Bahamas - 1

Colômbia  - 1

Filipinas - 1

Gana - 1

Malásia - 1

Paquistão - 1

Porto Rico - 1

Catar - 1

Suriname - 1

Tailândia - 1