A cerimónia de 26 de julho do próximo ano será a primeira na história dos Jogos Olímpicos a ter lugar fora de um estádio. Algumas fontes disseram à AFP, na quinta-feira, que os 200 "bouquinistes", que constituem o maior mercado de livros ao ar livre da Europa, estavam revoltados com uma carta que lhes foi enviada esta semana pela autoridade policial de Paris.
A missiva dizia que era "essencial retirar" as caixas fixadas nas paredes ao longo das margens do rio, nas quais os vendedores armazenam e expõem livros em segunda mão.
A polícia quer um perímetro onde "o acesso e a circulação de pessoas sejam regulados" para garantir a segurança de um "local ou evento exposto a um risco de atos de terrorismo".
Jerome Callais, presidente da Associação Cultural dos Livreiros de Paris, afirmou que estes "não têm intenção de se deslocar".
"O funcionário responsável pelo Sena explicou-nos que estaríamos a obstruir a vista no dia da cerimónia. Somos um símbolo importante de Paris. Estamos cá há 450 anos. Querer apagar-nos da paisagem quando a celebração destes Jogos deve ser uma celebração de Paris parece um pouco louco", disse Callais.
Na quinta-feira, a Câmara Municipal emitiu um comunicado de imprensa assegurando aos livreiros o seu apoio e reconhecendo que a sua atividade "faz parte da identidade das margens do Sena".
As autoridades da cidade oferecem-se para pagar a remoção e reinstalação das caixas, bem como a reparação das que forem danificadas durante o processo.
Segundo as autoridades, esta seria uma "renovação" que "apoiaria a candidatura dos livreiros à lista do património cultural imaterial da UNESCO".
Callais disse que algumas das caixas eram "demasiado frágeis" para serem deslocadas e estimou que custaria 1,5 milhões de euros a renovação de todas elas.