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Melbourne-1956: URSS domina primeiros Jogos do Hemisfério Sul

LUSA
Melbourne recebeu Jogos de 1956
Melbourne recebeu Jogos de 1956AFP
A União Soviética mostrou supremacia pela primeira vez nuns Jogos Olímpicos, em 1956, ano em que a cidade australiana de Melbourne recebeu o primeiro evento no Hemisfério Sul.

Os Jogos ficaram marcados pela guerra fria, com sete países a boicotarem o evento, por motivos políticos, com Espanha, Países Baixos e Suíça a protestarem contra a invasão da Hungria pela União Soviética, enquanto Egito, Iraque e Líbano censuravam a tomada do Canal do Suez por Israel, com ajuda de Grã-Bretanha e França, sendo que a China não viajou por ser contrária à presença de Taiwan.

Estes conflitos políticos criaram alguns incidentes em plenos Jogos, como uma autêntica batalha campal no jogo de polo aquático entre a Hungria e a URSS, que ficou conhecido como sangue na água e simbolizou a luta dos magiares contra o opressor soviético.

Mediático foi também o romance entre a lançadora do disco checoslovaca Olga Fitikova e o inimigo norte-americano Harold Connely, lançador do martelo.

A nível político, o Comité Olímpico Internacional conseguiu uma importante vitória, ao unir as duas Alemanhas debaixo de uma só bandeira – preta, vermelha e amarela com os anéis olímpicos no meio – e um só hino, o Hino da Alegria, da nona sinfonia de Beethoven.

Apesar dos boicotes e do clima crispado, os Jogos foram um sucesso e revelaram alguns valores, em especial a ginasta soviética Larissa Latynina, que conquistou cinco medalhas, quatro das quais de ouro, as primeiras de 18 que arrecadou em três edições.

Também o norte-americano Alfred Oerter, que viria a ser o primeiro homem a lançar acima dos 60 metros no disco, começou a sua dinastia, conquistando em Melbourne a primeira de quatro medalhas de ouro consecutivas.

Na natação, a australiana Dawn Fraser impôs-se nos 100 metros livres, baixando a barreira do minuto, mas foi a sua compatriota Betty Cuthbert a grande figura dos anfitriões, ao vencer três provas de atletismo, os 100, 200 e 4x100 metros.

Em destaque esteve também o atleta Bob Morrow, que se tornou a principal figura dos Estados Unidos em Melbourne, com o ouro obtido igualmente nos 100, 200 e 4x100 metros.

A Austrália esteve à altura da condição de anfitriã, ao terminar como o terceiro país com mais medalhas, apenas atrás dos Estados Unidos e da União Soviética, que se impôs pela primeira vez no medalheiro, com 37 de ouro (mais cinco que os norte-americanos), 29 de prata e 32 de bronze.

Os Jogos não se disputaram apenas na Austrália, uma vez que as provas equestres decorreram em Estocolmo, devido às rigorosas leis australianas de quarentena sobre a entrada de animais.

Uma nova tradição iniciou-se em 1956, com todos os atletas a entrarem juntos na cerimónia de encerramento, em sinal de unidade global, ao contrário do que acontecia anteriormente, em que entravam por delegações.

Medalha foge a Portugal por uma avaria

Duarte Almeida Bello e José Bustorff Silva estiveram perto de dar a segunda medalha olímpica consecutiva à vela portuguesa, mas uma avaria do mastro da sua embarcação impediu que chegassem ao pódio nos Jogos Melbourne1956.

Nos primeiros Jogos Olímpicos realizados no Hemisfério Sul, a dupla de velejadores lusos lutava pelo pódio na classe Star, quando a ponta do mastro da embarcação estalou, relegando-a para o quarto lugar.

Na classe Dragon, Bernardo Mendes d’Almeida, Sérgio Marques e Carlos Lourenço ficaram no 13.º lugar.

Apenas os velejadores portugueses viajaram para a Austrália, uma vez que as provas equestres se realizaram em Estocolmo, devido às rigorosas regras de quarentena dos animais antes da entrada no país.

Henrique Calado foi sétimo no Prémio das Nações (saltos de obstáculos), enquanto Rodrigo da Silveira e João Cruz Azevedo ficaram na primeira fase.

Na prova de ensino, o cavaleiro António Pereira de Almeida terminou no 12.º lugar.

Portugal teve apenas 12 atletas nos Jogos Melbourne-1956, enviando a mais pequena delegação desde Los Angeles-1932 como resultado da recusa do Governo em conceder subsídios.

Os portugueses

- HIPISMO (PRÉMIO DAS NAÇÕES):

Obstáculos (M) Henrique Calado 7.º

Obstáculos (M) Rodrigo da Silveira 1.ª fase

Obstáculos (M) João Cruz Azevedo 1.ª fase

Ensino (M) António P. Almeida 12.º

Conc. completo (M) Joaquim D. Silva 29.º

Conc. completo (M) Fernando Cavaleiro 34.º

Conc. completo (M) Álvaro Sabbol Eliminado

- VELA:

Star (M) Duarte A. Bello 4.º

José Bustorff Silva

Dragon (M) Bernardo M. d’Almeida 13.º

Sérgio Marques

Carlos Lourenço

Quadro de medalhas:

União Soviética: 98

Estados Unidos: 74

Austrália: 35

Hungria: 26

Itália: 22

Grã-Bretanha: 21

Suécia: 16

Roménia: 13

Alemanha: 20

Japão: 19

França: 14

Turquia: 7

Finlândia: 15

Irão: 5

Canadá: 5

Nova Zelândia: 2

Polónia: 9

Checoslováquia: 6

Bulgária: 5

Irlanda: 5

Dinamarca: 3

Noruega: 3

México: 2

Brasil: 1

Índia: 1

Jugoslávia: 3

Chile: 4

Bélgica: 2

Argentina: 2

Coreia do Sul: 2

Islândia: 1

Paquistão: 1

África do Sul: 4

Áustria: 2

Bahamas: 1

Grécia: 1

Uruguai: 1