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Paris-1924: Primeira medalha portuguesa no regresso à casa de Coubertin

Paris recebeu Jogos de 1924
Paris recebeu Jogos de 1924AFP
Portugal conquistou finalmente a sua primeira medalha olímpica em 1924, em equestre, no regresso dos Jogos a Paris, um desejo do barão Pierre de Coubertin mais de duas décadas depois do fracasso de 1900.

Terra natal do pai dos Jogos da Era Moderna, Paris recebia a competição pela segunda vez, com os cavaleiros Aníbal Borges de Almeida, Hélder de Sousa Martins, José Mouzinho de Albuquerque e Luís Cardoso de Menezes a estrearem Portugal no pódio, com o bronze nos saltos de obstáculos por equipas.

Um ano antes de Pierre de Coubertin deixar a liderança do Comité Olímpico Internacional (COI), após 30 anos, Paris recebeu uma segunda oportunidade, após o fracasso de 1900, e a capital francesa aproveitou da melhor maneira e organizou uns Jogos Olímpicos com competência e grandiosidade.

Em contraste com o fracasso verificado 24 anos antes, a organização foi quase exemplar e o público encheu as bancadas do estádio Colombes, especialmente edificado para os Jogos, logo na cerimónia de abertura.

A principal novidade dos Jogos Paris-1924 foi a instalação, pela primeira vez, dos participantes numa espécie de Aldeia Olímpica, num projeto que previa apenas algumas cabanas junto do estádio, ainda sem cozinhas e zonas de refeições.

A Cidade Luz acolheu 3.092 atletas, entre os quais mais de uma centena de mulheres, algo inédito até então.

Apesar de a Alemanha continuar vetada devido à I Guerra Mundial, houve um aumento significativo, de 29 para 44, do número de países participantes, naqueles que foram os primeiros Jogos televisionados.

Os Estados Unidos voltaram a ter a supremacia, com os seus atletas a subirem 45 vezes ao mais alto degrau do pódio, além de arrecadarem 27 medalhas de prata e outras tantas de bronze.

O nadador Johnny’ Weissmuller, tricampeão olímpico aos 17 anos, foi uma das figuras da delegação norte-americana, vencendo com surpresa os 100 metros livres - com novo recorde mundial, pela primeira vez abaixo da barreira do minuto (59,0 segundos) -, 400 metros livres e estafeta 4x200 metros livres.

Tal como o seu compatriota Ray Ewry (oito vezes campeão olímpico entre 1900 e 1908), o jovem nadador norte-americano sofrera de poliomielite na infância e encarnaria no cinema a figura de Tarzan.

Mas se Weissmuller passou de atleta a ator, foi a história dos atletas britânicos Eric Lidell e Harold Abrahams, campeão dos 400 metros e o primeiro europeu a vencer os 100 metros, respetivamente, a passar para a grande tela, no oscarizado Momentos de Glória (Chariots of Fire), um filme de 1981.

Pela segunda edição consecutiva, o finlandês Paavo Nurmi foi uma das grandes figuras dos Jogos e, se em Antuérpia1920 já dera nas vistas, em Paris1924 tornou-se num monstro, com mais cinco medalhas de ouro.

O final dos Jogos de Paris foi também inovador, uma vez que introduziu, pela primeira vez, uma cerimónia de encerramento, em que foram hasteadas três bandeiras, a do COI, a do país organizador e a do país que quatro anos depois ia receber os Jogos, neste caso dos Países Baixos (Amesterdão recebeu a edição de 1928).

Primeira medalha à terceira presença

Os cavaleiros José Mouzinho de Albuquerque, Aníbal Borges de Almeida e Hélder de Sousa Martins entraram em Paris-1924 para a eternidade do olimpismo português, ao conquistarem, à terceira participação do país em Jogos Olímpicos, a primeira medalha.

O trio de cavaleiros conseguiu o bronze na prova de obstáculos por equipas, totalizando 53,00 pontos de penalização, contra 50,00 da Itália (prata) e 42,25 da Suíça (ouro).

O destaque individual foi Aníbal Borges de Almeida (no cavalo Reginald), quinto na prova individual, com 12,00 pontos de penalização, a apenas 2,00 do bronze, seguido por Hélder de Sousa Martins (Avro), que terminou em 12.º, com 19,00, e José Mouzinho de Albuquerque (Hetrugo), 19.º, com 22,00.

A brilhante estreia do equestre apagou um novo quarto lugar na prova coletiva de espada (esgrima), que repetiu a classificação obtida quatro anos antes em Antuérpia, Bélgica.

Os estreantes Paulo d’Eça Leal, António Pinto Leite e Mário de Noronha e os repetentes António Mascarenhas Menezes, Rui Mayer, Jorge Paiva, Frederico Paredes e Henrique da Silveira, que já tinham sido quartos em 1920, formaram o conjunto luso, que voltou a estar próximo das medalhas.

A formação nacional esteve muito bem na primeira fase, somando cinco vitórias (10-6 à Dinamarca e ao Uruguai, 11-5 a Cuba, 12-4 à Inglaterra e 10-6 aos Estados Unidos) e apenas um desaire (10-6 com os Países Baixos).

Mas a fase final acabou por ser uma desilusão, com os lusos a perderem os três encontros em que participaram: por 11-5 com a França (ouro), por 9-7 com a Bélgica (prata) e por igual resultado com a Itália (bronze).

Quanto aos outros atletas, destaque para o oitavo lugar do velejador Frederico Guilherme Burnay na classe Finn e para a dupla participação de António da Silva Martins, que não foi feliz no atletismo (lançamento do disco), mas logrou um honroso nono lugar no tiro (pistola rápida a 25 metros), juntamente com Francisco Paulo Mendonça.

Na terceira presença olímpica, Portugal dobrou o número de atletas e quadruplicou o de modalidades em relação a Antuérpia-1920, com 28 atletas contra 14 e oito modalidades contra duas.

Os portugueses

- ATLETISMO:

100 metros (M) Gentil dos Santos 3.º na eliminatória

100 metros (M) Kavel Pott 5.º na eliminatória

200 metros (M) Gentil dos Santos 3.º na eliminatória

Disco 2 kg (M) António S. Martins 12.º no grupo

- ESGRIMA:

Florete (M) Manuel Queiroz 2.ª eliminatória

Florete (M) Gil de Andrade 2.ª eliminatória

Espada (M) Mário de Noronha 2.ª eliminatória

Espada (M) Frederico Paredes 1.ª eliminatória

Espada (M) Rui Mayer 1.ª eliminatória

Espada (M) António M. Menezes Não passou 1.ª el.

Espada (M) António M. Menezes 4.º lugar

Equipas Jorge Paiva

Mário de Noronha

Paulo d’Eça

Rui Mayer

Henrique da Silveira

Frederico Parede

António Pinto Leite

- HIPISMO (PRÉMIO DAS NAÇÕES):

Obstáculos (M) Aníbal B. Almeida 5.º

Obstáculos (M) Hélder S. Martins 12.º

Obstáculos (M) José M. Albuquerque 16.º

Obstáculos (M) Luís C. Menezes 21.º

Obstáculos (M) Aníbal B. Almeida 3.º(Bronze)

Equipas Hélder S. Martins

José M. Albuquerque

Luís C. Menezes

- NATAÇÃO:

200m bruços (M) Mário Silva Marques 6.º na série

- HALTEROFILISMO:

Levíssimos (M) António Pereira Abandono (lesão)

- TÉNIS:

Singulares (M) Rodrigo C. Pereira 1.ª eliminatória

- TIRO:

Pistola 25m (M) António S. Martins 9.º (17 pontos)

Pistola 25m (M) Francisco P. Mendonça 9.º (17)

Pistola 25m (M) António Montez 30.º (15)

Pistola 25m (M) António A. Ferreira 40.º (13)

Carabina 50m (M) António S. Martins 20.º (387)

Carabina 50m (M) Francisco P. Mendonça 49.º (371)

Carabina 50m (M) António A. Ferreira 55.º (367)

Carabina 50m (M) Francisco A. Real 62.º (355)

Livres 600m (M) António A. Ferreira 57.º (70)

Livres 600m (M) Dário Canas 62.º (65)

Livres 600m (M) Francisco A. Real 69.º (55)

Livres 600m (M) Manuel Silva Guerra 71.º (50)

400/600/800m (M) Dário Canas 70.º (97)

400/600/800m (M) Manuel Silva Guerra 75.º (94)

400/600/800m (M) António A. Ferreira 76.º (93)

400/600/800m (M) Félix Bermudes 84.º (76)

400/600/800m (M) Francisco A. Real 85.º (67)

400/600/800m (M) Dário Canas 17.º

Manuel Silva Guerra

António A. Ferreira

Félix Bermudes

Francisco A. Real

- VELA:

Monotipos (M) Frederico G. Burnay 8.º

Quadro de medalhas

Estados Unidos: 95

França: 41

Finlândia: 37

Grã-Bretanha: 35

Itália: 16

Suíça: 25

Noruega: 10

Suécia: 29

Noruega: 10

Bélgica: 13

Austrália: 6

Dinamarca: 11

Hungria: 10

Jugoslávia: 2

Checoslováquia: 10

Argentina: 6

Estónia: 6

África do Sul: 3

Luxemburgo: 2

Grécia: 1

Uruguai: 1

Áustria: 4

Canadá: 4

Irlanda: 2

Polónia: 2

Haiti: 1

Japão: 1

Mónaco: 1

Noza Zelândia: 1

PORTUGAL: 1

Roménia: 1