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Paris-2024: Cidade tentou adaptar-se às pessoas com questões de mobilidade

Paris tentou ser o mais acessível possível
Paris tentou ser o mais acessível possívelGEOFFROY VAN DER HASSELT/AFP
Um percurso "o mais suave possível": a menos de uma semana do início dos Jogos Olímpicos, os organizadores afirmam que tudo foi feito para facilitar a deslocação dos 300.000 espectadores com deficiência esperados para o evento, embora algumas associações se mostrem reticentes.

O objetivo é garantir que todos tenham uma viagem sem obstáculos "desde a sua chegada ao território nacional", de avião ou de comboio, "até ao seu lugar no estádio", disse Pierre Cuneo, diretor dos transportes de Paris-2024, durante um encontro com a imprensa na sexta-feira.

Foram atribuídos fundos para acelerar os projectos destinados a facilitar a mobilidade na cidade. Tudo isto para responder às necessidades das pessoas em cadeiras de rodas, mas também dos idosos, das pessoas com dificuldades de locomoção ou dos que empurram carrinhos de bebé ou grandes bagagens.

Desde o início dos Jogos, mil táxis serão "acessíveis" (ou seja, adaptados a pessoas com deficiência), "enquanto em 2022 eram entre 200 e 250", sublinha Cuneo. Para aumentar este número, o custo de aquisição de novos veículos adaptados foi subsidiado em 40%.

Em termos de transportes públicos na região parisiense, "240 estações" também serão acessíveis, representando "95% do tráfego de comboios e RER (comboio suburbano)", afirma Laurent Probst, diretor-geral da Ile-de-France Mobilités. Desde 2015, foi feito um investimento de 2 mil milhões de euros (2,178 mil milhões de dólares), o equivalente, por exemplo, "ao preço de uma linha de metro".

Rede de transposrtes

De acordo com a companhia nacional de caminhos-de-ferro francesa (SNCF), 100 por cento das 56 estações que assegurarão o fluxo de espectadores para os locais de competição serão adaptadas a pessoas com mobilidade reduzida, tanto na região de Paris como no resto do país onde os Jogos se realizarão.

O principal operador de transportes públicos da região parisiense (RATP) sublinha igualmente que as estações das extensões das linhas 4, 11 e 14 do metro são igualmente acessíveis. Foram igualmente procuradas soluções para anunciar os nomes das estações durante os Jogos, a fim de ajudar as pessoas com deficiência visual.

Nas linhas de autocarro, pelo menos 70% das paragens são agora acessíveis em Paris.

A prioridade foi dada ao transporte para os recintos desportivos, dizem os responsáveis, que admitem as "limitações" da centenária rede de metro de Paris, que não permite nem facilita a acessibilidade. Como solução temporária para alguns casos, foi elaborado um plano de 150 autocarros que chegarão a oito estações parisienses e oferecerão aos utilizadores de cadeiras de rodas a possibilidade de serem deixados "o mais próximo possível dos locais de competição", segundo os organizadores.

Haverá também lugares de estacionamento e de entrega "o mais próximo possível da entrada dos locais" para os veículos que transportam pessoas com deficiência, que terão também um acesso mais fácil para evitar filas de espera.

"Longe de ser suficiente"

As associações juntaram-se aos grupos de trabalho. A AFM Telethon e a APF France Handicap reconhecem "uma importante mobilização de todas as partes interessadas na sequência dos Jogos", mas consideram que "o legado" (o que perdurará após o fim do evento desportivo) é dececionante.

"Está longe de ser suficiente. Paris está a ficar para trás em relação a outras cidades olímpicas como Barcelona ou Londres", afirma Julia Tabath (AFM-Telethon), vice-presidente do Conselho Consultivo Nacional das Pessoas com Deficiência (CNCPH).

"Numa cadeira de rodas, não posso apanhar a linha 14 (do metro, recentemente alargada ao aeroporto de Orly). As autoridades deram prioridade às linhas de autocarro, cujas viagens são mais longas, e é aí que a rampa funciona ou que os outros passageiros nos deixam instalar", explica.

"A França está atrasada e só está a recuperar o atraso em relação às suas obrigações legais", segundo Nicolas Merille, conselheiro nacional para a acessibilidade da APF France Handicap.

"O ponto negro é o metro: sem contar com as extensões de linhas, apenas 3% das estações de metro são acessíveis. Durante os Jogos Olímpicos de 2012, apesar de o metro de Londres ser mais antigo e mais profundo do que o de Paris, 18% das estações eram acessíveis", sublinha.

"Sempre que uma estação de metro é renovada, a acessibilidade deve ser tida em conta. E não é esse o caso", lamenta.