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Paris-2024: Desabafos de Pichardo e Ribeiro aconteceram por terem "espaço" para isso

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Paris-2024: Desabafos de Pichardo e Ribeiro aconteceram por terem "espaço" para isso
Paris-2024: Desabafos de Pichardo e Ribeiro aconteceram por terem "espaço" para issoProfimedia
Marco Alves acredita que os desabafos de Pedro Pichardo e Diogo Ribeiro acontecerem por ambos terem tido “espaço” para expressarem o que sentiam, após as suas prestações nos Jogos Olímpicos Paris-2024.

“Quando terminamos uns Jogos, eu acho que todos, independentemente da sua vontade, têm que ter um período de reflexão. O Pedro falou, efetivamente, dessa possibilidade (de retirar-se), na zona mista e, depois, salvo erro, numa outra entrevista. Sem desvendar muito, porque também não foi nada muito privado, mas não senti isso na Aldeia Olímpica quando ele regressou”, confidenciou o chefe de Missão, em conferência de imprensa, em Saint-Quentin-en-Yvelines.

Na sexta-feira, depois de ser prata no triplo salto, Pedro Pichardo disse aos jornalistas que tinha vontade de acabar nesse mesmo dia a carreira, embora tenha admitido que ainda iria ponderar.

“Não me pareceu que, efetivamente, tivesse essa vontade, a sua equipa também não terá essa vontade, de poder abandonar a equipa olímpica de Portugal. Eu diria que o Pedro teve as declarações que teve … eu acho que devemos não normalizar, mas encarar, efetivamente, com respeito, aquilo que foi dito, porque, normalmente, eles também não têm este espaço e aquilo que é conseguido dentro de campo também tem que ser permitido fora de campo”, defendeu.

Para Marco Alves, o campeão olímpico do triplo salto em Tóquio-2020 teve “uma opinião sincera, não uma opinião destrutiva, até mais construtiva”.

“Das conversas que mantivemos depois da medalha, diria que, efetivamente, há coisas que o Pedro gostaria de explicar e poder expor o seu ponto de vista, e que deve, naturalmente, por aquilo que lhe é reconhecido, também ter o seu espaço”, reforçou.

O mesmo aconteceu, na perspetiva do chefe de Missão, com Diogo Ribeiro, o nadador que assumiu não gostado da estreia olímpica, criticando as condições da Aldeia Olímpica ou a piscina da La Défense Arena.

“Tivemos a oportunidade de falar com o Alberto (treinador) e com o Diogo após as declarações e sentimos, aquilo que já foi dito há pouco, a possibilidade, porque efetivamente têm a atenção que lhes é devida neste palco, de poder passar uma mensagem do que lhe ia lá dentro, e ele acreditava naquilo que estava a dizer, e não contornou a questão sobre aquilo que teria acontecido”, notou.

O responsável do Comité Olímpico de Portugal recordou que “os Jogos são os Jogos” e quando os atletas encontram uma realidade desconhecida, normalmente são surpreendidos com “algumas situações”.

“Diria que isto faz parte do processo de aprendizagem do Diogo, ele próprio assumiu. Ele entende as situações como uma aprendizagem, não como algo que ele falhou. Ele pareceu-me legitimamente, a caminho do autocarro para o levar de volta a Portugal, com esta experiência e com esta expectativa de poder fazer melhor, e de poder aprender com aquilo que se passou em Paris”, declarou.

Questionado sobre se o que aconteceu com Diogo Ribeiro, de apenas 19 anos, pode servir de case study para futuros estreantes olímpicos, Marco Alves estimou que “não há uma receita”.

“Temos é que ter a capacidade, face à diversidade de modalidades (…), de nos adaptarmos e de garantir as melhores condições aos atletas. Nós tivemos várias situações durante os jogos de Paris. Tivemos a canoagem a ficar perto da pista, tivemos a equestre a ficar na Aldeia, tivemos o ciclismo de pista a ficar na Aldeia, tivemos que garantir condições de treino para o ciclismo de estrada poder pedalar nos dias antes da prova”, enumerou.

Alves acredita que os responsáveis da Missão portuguesa têm que ter a capacidade de aprender e de “corresponder às exigências de cada uma das modalidades”, até porque o país teve a felicidade de ter estado representado em 15 modalidades (por 73 atletas) nestes Jogos.

Já sobre Fernando Pimenta, que procurava tornar-se o primeiro português com três medalhas e foi sexto no K1 1.000 metros, o chefe de Missão admitiu não lhe ter dito nada no final da prova.

“São demasiadas coisas para se poderem assimilar no momento. Ninguém mais do que o Fernando queria chegar mais à frente. Basta nestes momentos muitas vezes estar. Nós não somos as pessoas que estão todos os dias com eles, (…) mas fazemos parte da equipa deles. Muitas das vezes é estar e respeitar e, no caso do Fernando, foi não dizer nada”, revelou.

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