Treinado pelo seu pai, o americano Greg, um antigo saltador com vara, Duplantis é o produto de uma família louca por atletismo que tinha o seu próprio aparelho de salto no jardim.
Estavam todos presentes no estádio e foi para eles que Duplantis se dirigiu, depois de ter ultrapassado os 6,25 metros sem qualquer "disparate pré-concebido".
O novo recorde melhorou a sua anterior marca em 1cm, perante uma multidão delirante de 69.000 pessoas no Stade de France, na noite de segunda-feira.
"Já tive a sorte de o fazer várias vezes, mas a sensação é sempre a mesma. Esta foi uma versão mais extrema. Quando estou a passar por cima da barra é como se fosse IA (inteligência artificial), não parece real. Isto foi mais histeria e pânico".
Tendo começado a fazer saltos aos quatro anos no seu quintal, numa pista e plataforma de aterragem improvisadas, Duplantis revelou o seu momento deja vu.
"Já visualizei este momento um milhão de vezes na minha vida. Isto é, sempre que estava no meu quintal", disse sobre o seu recorde mundial de salto com vara.
"Imaginava que a barra estava na marca do recorde mundial. Era a final olímpica - foi exatamente isso que visualizei", contou.
Duplantis ficou feliz em aproveitar o momento e não se deixou levar pelo futuro após o seu sucesso. Foi a nona vez que o sueco bateu o recorde mundial, um feito espantoso dado que ainda só tem 24 anos.
Nada a perder
O medalhista de prata da noite, o americano Sam Kendricks, conseguiu 5,95m, 30cm a menos do que a marca de Duplantis.
O que se segue para o bicampeão olímpico Duplantis, que é também duas vezes medalhado de ouro em pista coberta e ao ar livre, três vezes campeão europeu e três vezes vencedor da Liga Diamante?
"Provavelmente, um dos momentos em que menos me preocupei com o futuro foi agora, a absorver este momento", disse Duplantis.
"Como é que me posso preocupar com outra coisa? Quando as coisas se alinham da forma como se alinharam para mim, há que aproveitar esse tipo de coisas. Tento desfrutar o melhor que posso", continuou.
Duplantis podia ter esperado até voltar ao circuito para tentar bater o recorde mundial, para o qual é dado um prémio em dinheiro, mas preferiu tentar no maior palco do atletismo.
"O maior sonho desde miúdo era bater o recorde do mundo nos Jogos Olímpicos", afirmou.
"Consegui fazê-lo perante o público mais ridículo que alguma vez enfrentei. Se não conseguir bater este recorde na minha carreira, não me importo nada com isso. Sabes, acho que não há nada melhor do que o que acabou de acontecer. Por isso, é fantástico", admitiu.
Sobre o seu último salto, Duplantis disse que estava "apenas a tentar controlar a energia em vez de deixar que ela" o "controlasse".
"Eu também não tinha nada a perder. Já tinha ganho e batido o recorde olímpico, já era campeão olímpico pela segunda vez", concluiu.