Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Paris-2024: Marco Alves faz “balanço positivo” da qualificação portuguesa

Marco Alves, chefe da Missão portuguesa em Paris-2024
Marco Alves, chefe da Missão portuguesa em Paris-2024LUSA
O chefe da Missão portuguesa, Marco Alves, faz um balanço positivo da qualificação portuguesa para os Jogos Olímpicos Paris-2024, salientando o triunfo de ter pela primeira vez mais mulheres do que homens apurados.

“Eu diria que é um balanço positivo pela mudança de paradigma que foi introduzida nestes Jogos”, referiu Marco Alves, em relação a uma qualificação em que deixou de ser quantificado o número de atletas apurados, para se apostar no número de modalidades e de eventos de medalhas.

No contrato-programa com o Governo, o Comité Olímpico de Portugal (COP) apontou para a presença de 17 modalidades (apenas se qualificaram 15) e em 66 eventos de medalhas, com Portugal a disputar 67.

“O facto de não termos conseguido o número de modalidades é, sim, um objetivo falhado, não há outra forma de o dizer. Tínhamos essa expectativa, falhámos em algumas modalidades por um lugar, para podermos contar com esse objetivo cumprido. No que diz respeito aos eventos de medalha, estamos, efetivamente, satisfeitos, porque ultrapassámos aquilo que foi alcançado nos Jogos de Tóquio e isso, sim, também é um indicador que nos deixa satisfeitos”, assumiu, em entrevista à agência Lusa.

Portugal apurou 73 atletas para Paris-2024, menos 19 do que para o Rio-2016 e Tóquio-2020, números então inflacionados pela presença de modalidades coletivas (futebol no Brasil e andebol no Japão), que contavam apenas como um evento de medalha.

Pela primeira vez, Portugal vai ter uma Missão olímpica paritária, com 37 mulheres e 36 homens, algo que também se verifica nos eventos de medalhas, mesmo retirando os seis mistos, algo que Marco Alves considera “uma vitória”.

“Não há diferenças, como existe em outros capítulos do desporto, diferenças entre bolsas de atletas femininas e atletas masculinos. (…) No caso do COP e das bolsas que o COP atribui, não há nenhuma diferenciação entre géneros. Portanto, acreditamos que também é um fator que influencia a aposta no setor feminino no que diz respeito ao alto rendimento nacional, mas, como dizia, não há um projeto específico para o desenvolvimento do desporto feminino que alavanque esta participação”, esclareceu.

O chefe da Missão portuguesa a Paris-2024 diz que este número é fruto da “aposta das mulheres, das federações em garantir esta participação internacional também no setor feminino”.

Mesmo com um número mais baixo de atletas e da “ausência de peso” de Auriol Dongmo, por lesão, Marco Alves mantém o objetivo acordado com o Governo após Tóquio-2020, com quatro pódios, 15 diplomas (do quarto ao oitavo posto) e 36 classificações até ao 16.º lugar.

“Temos efetivamente atletas que garantiram (em Mundiais) posições que se equiparam às posições de pódio nos Jogos Olímpicos, nos diplomas também, nos 16 primeiros também. Portanto, a reafirmação dos objetivos que foram contratualizados em 2021 e que, na altura, um pouco, com uma expectativa de concretização desse sucesso, confirmam-se agora com aquilo que veio a ser a participação internacional dos atletas”, notou.

Questionado sobre quem eram as suas apostas, o chefe de Missão não mencionou nomes, mas disse que “o exercício é fácil”, pois “todos os atletas que garantiram posições de pódio em campeonatos no mundo, num passado recente”, são os “potenciais atletas que possam conquistar o pódio nos Jogos Olímpicos”.

“Portanto, basta fazer esse paralelismo para podermos perceber quais são os atletas nos quais nós colocamos expectativas que possam renovar um resultado de medalha nos Jogos Olímpicos”, disse, em menção a nomes como Fernando Pimenta, Pedro Pichardo, Diogo Ribeiro, Iúri Leitão ou o K2 500 de João Ribeiro e Messias Baptista.

Sobre as ausências de nomes fortes das últimas edições, como Nélson Évora, Patrícia Mamona, Emanuel Silva, Telma Monteiro ou João Vieira, Marco Alves reconhece que “naturalmente vão fazer falta”, pois “são referências até para os mais novos”, numa Missão com mais de metade de estreantes.

“Quando temos nomes desses incluídos na Missão, mais não seja pelo exemplo, pela referência, por aquilo que tudo que já conseguiram alcançar, ajuda ao ambiente, ajuda que o vencer da ansiedade de poder estar naquele palco pela primeira vez, possa ser mais rapidamente ultrapassado”, referiu.

Contudo, o chefe da Missão portuguesa acredita que vão aparecer novas referências, lembrando que há atletas, “entre estes estreantes, que já registaram resultados muito interessantes em Campeonatos do Mundo”.

“Falamos, naturalmente, do Diogo Ribeiro, falamos do Gabriel Albuquerque, que foi quarto num Campeonato do Mundo, falamos de vários nomes de jovens atletas que já confirmaram estarem na elite mundial, ou não se teriam qualificado para os Jogos. Estamos a falar de um processo de qualificação cada vez mais exigente, mais exigente, inclusive, daquilo que foi para Tóquio”, afirmou.

Os Jogos Olímpicos Paris-2024 disputam-se de 26 de julho a 11 de agosto.

Marco Alves elogia atletas portugueses
Marco Alves elogia atletas portuguesesLUSA

COP satisfeito com “bom compromisso” na Aldeia Olímpica

O chefe da Missão portuguesa a Paris-2024 assume que ficou satisfeito com o compromisso conseguido na localização da delegação na Aldeia Olímpica, em especial com o facto de ter garantido um lugar nos andares mais baixos.

Em entrevista à agência Lusa, Marco Alves precisou que a Aldeia Olímpica “está à imagem de Paris”, admitindo que “são aldeias diferentes, quer seja do Rio (em 2016), de Tóquio (2020) e agora de Paris”.

O responsável pela comitiva lusa detalhou que, em 2019, foi identificada a zona da Aldeia em que a Missão queria ficar, mas “não foi possível concretizar essa localização”.

“Mas não escondo que também o sítio onde acabámos por ser dedicados e que, depois, acabámos por visitar a Aldeia para assinarmos o contrato de alojamento, também nos deixou de alguma forma satisfeitos”, afirmou.

Apesar de dizer que pode “parecer um preciosismo”, Marco Alves considera que foi positivo ter acesso “aos pisos mais baixos dos edifícios”, pois “estar no segundo ou no terceiro piso não é a mesma coisa do que estar no 10.º”.

“Todos os atletas saem muito cedo de manhã e influenciar a rotina diária por 20 minutos que se está à espera de um elevador… tem uma influência grande ao final do dia. Portanto, nós garantimos sempre que os pisos da Equipa Portugal sejam os mais baixos para ser possível chegar ao chão. Isto é um preciosismo, como disse, mas faz-nos sentido e é valorizado também pelos atletas”, revelou.

Outro dos fatores positivos da localização tem a ver “com a questão da temperatura que se espera para Paris”, uma vez que o edifício está “numa zona de sombra durante uma grande parte do dia”, o que pode “garantir uma boa temperatura e um maior conforto térmico no interior do edifício”.

Apesar de outros países irem adquirir aparelhos de ar condicionado, para uma Aldeia Olímpica que não os tem instalados de raiz, Alves assegura que Portugal não o vai fazer, embora tenha “algumas soluções identificadas para situações mais críticas”.

“Confiamos naquilo que nos foi apresentado, a estrutura geotérmica que é muito característica da construção francesa, e criámos aqui algumas soluções para situações mais críticas, com outro tipo de aparelhos, que possam ser identificadas durante os Jogos, para garantirmos o conforto dos nossos atletas”, afiançou.

O responsável olímpico salientou ainda a vantagem de “todos os quartos serem de ocupação dupla” e não haver “quartos triplos e quádruplos, como acontece em outros espaços da Aldeia”, garantindo “uma maior reserva para o descanso dos atletas e dos próprios treinadores”.

“Em termos de configuração do edifício, estamos contentes, o espaço que temos para tratamentos, para clínica, para o lounge dos atletas que vamos montar, são espaços que eu diria que vão ser do agrado dos atletas. Em termos de balanço final sobre a localização, a ocupação e a operacionalidade do nosso edifício, eu diria que vamos chegar a um bom compromisso”, assumiu.

No total, a parte destinada a Portugal terá cerca de 115 camas, sendo que vários atletas não estarão na Aldeia Olímpica, como os da canoagem, que se vão descolar para mais perto do Estádio Náutico Vaires-sur-Marne, a cerca de 40 quilómetros, na altura das provas.

Os velejadores vão estar em Marselha, enquanto Maria Inês Barros, do tiro com armas de caça, foi deslocalizada para Châteauroux, a quase 300 quilómetros de Paris, e as surfistas Yolanda Hopkins e Teresa Bonvalot vão ficar num cruzeiro ao largo da baía de Teahupo’o, no Taiti.