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Roma-1960: Primeiro caso de doping e a estreia da televisão global

As sapatilhas de Armin Hary, vencedor dos 100m nos Jogos de Roma-1960
As sapatilhas de Armin Hary, vencedor dos 100m nos Jogos de Roma-1960AFP
Os Jogos Olímpicos Roma-1960 foram os primeiros com uma transmissão televisiva global, mas ficaram marcados negativamente pelo primeiro caso de doping da história olímpica, que resultou na morte do dinamarquês Knut Jensen.

Os Jogos Olímpicos Roma-1960 foram os primeiros com uma transmissão televisiva global, mas ficaram marcados negativamente pelo primeiro caso de doping da história olímpica, que resultou na morte do dinamarquês Knut Jensen.

Quase tudo correu bem na capital italiana, à exceção da morte do ciclista dinamarquês, que desfaleceu durante a prova de contrarrelógio por equipas de 100 quilómetros, depois de ter ingerido doses excessivas de um estimulante, naquele que é o primeiro caso de doping conhecido em Jogos.

Apesar de em edições anteriores já terem existido transmissões televisivas, os Jogos de Roma foram transmitidos em direto para 18 países europeus e com ligeiro atraso para Japão, Estados Unidos e Canadá.

Depois de ter ficado em branco em Melbourne-1956, na Austrália, Portugal voltou a subir ao pódio, com os velejadores Mário Quina e José Manuel Quina a conquistarem a prata na classe Star, dando a sétima medalha ao país.

Roma recebia os Jogos com 54 anos de atraso, depois de em 1906 ter sido obrigada a desistir devido à erupção do Vesúvio, e apresentou uma organização cuidada, puxando dos galões de cidade da Antiguidade, com provas em cenários históricos, como as termas de Caracala ou a Basílica de Constantino.

Foram 5.348 atletas de 83 nações que competiram nos Jogos de Roma, com a norte-americana Wilma Rudolph e o etíope Abebe Bikila a serem os grandes destaques.

Wilma Rudolph, que quatro anos antes já conseguira uma medalha de bronze, na estafeta 4x100 metros, conquistou três de ouro em Roma, nos 100, 200 e 4x100 metros.

Tal como os Tarzans Roy Ewry e John Weissmuller, seus compatriotas e heróis de anteriores edições, a gazela negra também tinha sofrido uma grave doença em criança – até aos oito anos esteve confinada a uma cama, totalmente imóvel, devido a uma paralisia infantil.

Abebe Bikila, por seu turno, entrou para a história como o primeiro africano a conquistar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, na maratona.

Numa prova disputada à noite, Bikila correu descalço os 42,195 quilómetros entre o Capitólio e a Via Appia, diante do Coliseu, em 2:15.16 horas. Quatro anos mais tarde revalidaria o título, mas já calçado.

Uma estrela começou também a nascer em Roma, quando o pugilista Cassius Clay, que viria a mudar de nome para Muhammad Ali, venceu a medalha de ouro na categoria meio-pesado, antes de se tornar numa das lendas do boxe.

A nação vencedora destes Jogos foi, novamente, a União Soviética, com 103 medalhas, 43 das quais de ouro, seguida dos Estados Unidos e da anfitriã Itália.

A África do Sul conseguiu três medalhas, uma de prata e duas de bronze, naquela que seria a sua última participação até 1992, antes de ser afastada devido ao apartheid.

Também em Roma foi pela primeira vez adotado o hino olímpico, composto por Spiros Samaras e com letra de Kostis Palamas, que tinha sido inicialmente criado para os Jogos da I Olimpíada da Era Moderna, em Atenas, em 1896.

Irmãos Quina foram heróis na maior delegação até à altura

Os velejadores Mário e José Quina conquistaram a segunda medalha de prata portuguesa em Jogos Olímpicos, em Roma-1960, onde Portugal apresentou a maior delegação até à altura.

Com mais de 60 atletas em 12 modalidades, os irmãos Quina contabilizaram um total de 6.695 pontos nas regatas disputadas em Nápoles e apenas foram superados pela embarcação da União Soviética, que somou mais 924 pontos e conquistou o ouro na classe Star.

Portugal participou pela primeira vez em todas as classes da vela, mas, além da prata em Star, apenas em Dragon os velejadores lusos terminaram entre os 10 primeiros, com Gonçalo Pinheiro de Mello, Joaquim Pinto Basto e Carlos Ferreira a garantirem a oitava posição.

Em embarcações de 5,5 metros, Duarte Bello, Júlio Leite Gourinho e Fernando Bello não conseguiram melhor do que o 16.º lugar por equipas, enquanto Carlos Braga e Gabriel da Silva Lopes terminaram em 27.º na classe Flying Dutchman e Hélder Soares d’Oliveira foi 15.º em Finn.

Nas restantes modalidades, Portugal obteve classificações muito modestas na esgrima, na ginástica, na luta, na natação, no remo, no tiro e no hipismo, no qual se acentuava o declínio depois do bronze em Londres-1948.

Também no atletismo as prestações foram discretas, embora Manuel de Oliveira tenha batido os recordes nacional e ibérico dos 5.000 metros.

Em estreia na comitiva lusa nos Jogos Olímpicos, o halterofilismo (Luís Ramos Paquete foi 19.º entre 22 inscritos) e o ciclismo (25.º na prova de estrada por equipas) também não conseguiram resultados de destaque.

Quadro de medalhas:

União Soviética: 103

Estados Unidos: 71

Itália: 36

Alemanha: 42

Austrália: 22

Turquia: 9

Hungria: 21

Japão: 18

Polónia: 21

Checoslováquia: 8

Roménia: 10

Grã-Bretanha: 20

Dinamarca: 6

Noruega: 1

Suíça: 6

França: 5

Bélgica: 4

Irão: 4

África do Sul: 3

Países Baixos: 3

Argentina: 2

Emirados Árabes: 2

Canadá: 1

Gana: 1

Índia: 1

Marrocos: 1

PORTUGAL: 1

Singapura: 1

Taiwan: 1

Brasil: 2

Jamaica: 2

Espanha: 1

Iraque: 1

México: 1

Venezuela: 1