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Seul-1988: Rosa Mota campeã em Jogos do reencontro das potências

Rosa Mota fez história por Portugal
Rosa Mota fez história por PortugalCOI
As grandes potências desportivas voltaram a encontrar-se nos Jogos Olímpicos Seul-1988, nos quais Rosa Mota se tornou a primeira mulher portuguesa a sagrar-se campeã olímpica, ao vencer a maratona na Coreia do Sul.

Quatro anos depois do bronze em Los Angeles, Rosa Mota conseguiu mesmo o ouro, nuns Jogos em que, após vários boicotes nas edições anteriores, as grandes potências se reencontraram e o canadiano Ben Johnson recorreu ao doping para se tornar o homem mais rápido do mundo.

Depois dos boicotes em bloco aos Jogos de Moscovo (1980) e Los Angeles (1984), o arrefecimento da tensão política a nível internacional permitiu que Estados Unidos, União Soviética e as duas Alemanhas se voltassem a encontrar em cenário olímpico.

Em Seul, pela última vez houve duas Alemanhas e uma equipa da União Soviética, que seria dissolvida em 1991, mas as então duas grandes potências europeias despediram-se em grande, com a URSS a impor-se no quadro final de medalhas, com 55 de ouro (mais 31 de prata e 46 de bronze), seguida da República Democrática da Alemanha, com 37 títulos olímpicos.

Os Estados Unidos foram, pela penúltima vez – em 1992 a Comunidade dos Estados Independentes (ex-URSS) ainda foi a mais medalhada –, relegados para fora do lugar mais alto do pódio do quadro de medalhas, no terceiro lugar, mas com somente menos uma medalha de ouro do que a Alemanha de Leste.

Numa Coreia do Sul recentemente democratizada, apenas quatro países ficaram ausentes por razões extradesportivas, com Cuba, Etiópia e Nicarágua a juntarem-se à ‘óbvia’ Coreia do Norte.

Com um recorde de mais de 8.000 atletas, os Jogos de Seul foram um sucesso, muito graças à exemplar organização sul-coreana, mesmo com a mancha Ben Johnson.

O velocista canadiano venceu os 100 metros com um extraordinário recorde mundial de 9,79 segundos, mas o teste antidoping revelou a presença de esteroides anabolisantes.

O Comité Olímpico Internacional (COI) retirou a medalha de ouro a Johnson - bem como o seu falso recorde -, dando o título olímpico, pela segunda vez consecutiva, ao norte-americano Carl Lewis.

Duas outras norte-americanas ditaram regras no atletismo, com Jackie Joyner Kersee, ainda recordista mundial do heptatlo, a conquistar dois títulos, e a já falecida Florence Griffith-Joyner mais três e uma medalha de prata.

Na natação, destaque para a alemã oriental Kristin Otto, que conquistou seis medalhas de ouro, feito sobre o qual recaem inevitáveis suspeitas, após as revelações do alegado recurso sistemático ao doping no desporto na antiga RDA.

A URSS teve importantes triunfos no basquetebol - relegando outra vez os Estados Unidos para o segundo lugar -, no futebol e no andebol, bem como, a nível individual, no salto com vara, através do ucraniano Serguei Bubka.

Em Seul, pela primeira vez, as três medalhas na disciplina de ensino (dressage) foram conquistadas por três cavaleiras, numa edição em que a sueca Kerstin Palm (esgrima) se tornou na primeira mulher a competir em sete Jogos.

O ténis regressou ao programa olímpico 64 anos depois, permitindo a entrada de profissionais, com a alemã Steffi Graf a ‘fechar’ um ano perfeito em que juntou o ouro olímpico aos quatro torneios do Grand Slam.

A ciclista alemã Christa Luding-Rothenburger, que conquistou uma medalha de prata em Seul, tornou-se na única atleta a vencer metais nos Jogos de verão e de inverno no mesmo ano, depois de já ter conquistado duas medalhas na patinagem de velocidade em Calgary no início de 1988.

Rosa Mota dá segundo ouro a Portugal

O bronze conseguido na maratona quatro anos antes em Los Angeles tinha sido o aviso deixado por Rosa Mota para os Jogos Olímpicos Seul-1988, onde se tornou a primeira mulher portuguesa a subir ao lugar mais alto do pódio.

Quatro anos depois de Carlos Lopes ter dado o primeiro ouro olímpico a Portugal, Rosa Mota imitou o feito na Coreia do Sul, à qual chegava com favoritismo, depois de ter sido campeã mundial meses antes em Roma.

A atleta portuense confirmou o favoritismo de forma categórica, ao triunfar na maratona de Seul1988 com incríveis sete minutos de avanço sobre a segunda classificada.

O título olímpico foi alcançado na 13.ª maratona da sua carreira, numa prova em que Rosa Mota impôs o andamento, mas apenas se ‘livrou’ das adversárias diretas, a australiana Lisa Martin e a alemã Katherine Dorre, ao quilómetro 37.

Rosa Mota aproveitou uma descida na parte final do percurso para se isolar e embalou para uma vitória incontestável, com a sua quinta melhor marca pessoal na distância, gastando mais 25 segundos do que nos Mundiais de Roma no ano anterior.

A participação de Rosa Mota chegou a estar em risco devido a um diferendo com a Federação Portuguesa de Atletismo, que suspendeu a atleta devido à ausência nos Mundiais de 15 quilómetros estrada para participar na Maratona de Nova Iorque.

O ministro da Educação, Roberto Carneiro, que tutelava o Desporto, considerou de “interesse nacional” a participação de Rosa Mota e chamou a si as conversações entre as partes para se ultrapassar o conflito, que se prolongou até 1990.

Além da excelente prestação de Rosa Mota, em Seul-1988 Portugal assinou outros resultados de nível no atletismo, modalidade na qual apresentou a maior representação até então (29 atletas).

Domingos Castro foi quarto nos 5.000 metros, Mário Silva nono nos 1.500, Albertina Machado e Albertina Dias nona e 10.ª nos 10.000 e José Regalo e Álvaro Silva atingiram as meias-finais nos 5.000 e nos 800, respetivamente.

O nadador Alexandre Yokochi também regressou a Portugal com um nono lugar nos 200 metros bruços e o canoísta José Garcia, que viria a ser chefe de Missão aos Jogos Rio-2016, alcançou as meias-finais em K2 1.000 metros, mas a quarta posição retirou-lhe a possibilidade de apuramento para a final.

A restante comitiva lusa, que integrou 66 atletas de 12 modalidades, foi discreta e nem mesmo o tiro apresentou resultados relevantes, apesar da esperança resultante das 14 medalhas conquistadas por atiradores portugueses juniores, veteranos e seniores em certames internacionais a partir de 1986.

João Rebelo obteve o melhor registo da delegação, classificando-se individualmente em 18.º no tiro com armas de caça.

Quadro de Medalhas

União Soviética - 132

RDA - 102

Estados Unidos - 94

Coreia do Sul - 33

RFA -  40

Hungria - 23

Bulgária - 35

Roménia - 24

França -  16

Itália - 14

China - 28

Grã-Bretanha - 24

Quénia - 9 

Japão - 14

Austrália - 14

Jugoslávia - 12

Checoslováquia - 8

Nova Zelândia - 13

Canadá - 10

Polónia - 16

Noruega - 5

Países Baixos - 9

Dinamarca - 4

Brasil - 6

Espanha - 4

Finlândia - 4

Turquia - 2

Marrocos - 3

Áustria - 1

PORTUGAL - 1

Suriname - 1

Suécia -  11

Suíça - 4

Jamaica - 2

Argentina - 2

Antilhas Holandesas - 1

Chile - 1

Costa Rica - 1

Ilhas Virgens - 1

Indonésia - 1

Irão - 1

Peru - 1

Senegal - 1

Bélgica - 2

México - 2

Colômbia - 1

Djibuti - 1

Filipinas -  1

Grécia - 1

Mongólia - 1

Paquistão - 1

Tailândia - 1