Síntese Paris-2024: Tebogo estreia Botswana no Olimpo, McLaughlin renova proeza
Apesar de os holofotes estarem virados para uma presumível dobradinha do tricampeão mundial Noah Lyles, que, no domingo, tinha celebrado no hectómetro com dramatismo e suspense à mistura, Tebogo inverteu as probabilidades e foi mais forte nos metros finais.
O botsuanês, de 21 anos, aprimorou o máximo africano na meia volta à pista, com 19,46 segundos, e passou a ser o primeiro vencedor dos 200 metros oriundo desse continente, alcançando o terceiro metal olímpico de sempre do seu país, todos graças ao atletismo.
Letsile Tebogo sucedeu ao canadiano Andre De Grasse, ausente desta final, enquanto o norte-americano Kenneth Bednarek, segundo colocado, com 19,62 segundos, reeditou o lugar de Tóquio2020, tal como o compatriota Noah Lyles, terceiro, com 19,70, que, horas depois, soube-se que correu condicionado, na sequência de um teste positivo à covid-19.
A decisão dos 400 metros barreiras prometia um duelo intenso entre Sydney McLaughlin-Levrone e Femke Bol, mas ambas repetiram a performance de há três anos, com a norte-americana a bater outra vez a melhor marca mundial e a neerlandesa a ficar pelo bronze.
McLaughlin-Levrone superiorizou-se ao fim de 50,37 segundos, 28 centésimos abaixo do anterior recorde por si definido há pouco mais de um mês, seguida da compatriota Anna Cockrell, com 51,87, e de Femke Bol, campeã mundial e bicampeã europeia, com 52,15.
Dominador dos 110 metros barreiras nos últimos três Mundiais, Grant Holloway vingou a prata de Tóquio2020, com 12,99 segundos, contra os 13,09 do também norte-americano Daniel Roberts e do jamaicano Rasheed Broadbell, afastados por apenas três milésimos, numa final em que o detentor do título Hansle Parchment foi último colocado, com 13,39.
Tara Davis-Woodhall também contribuiu para a noite memorável dos Estados Unidos na pista do Stade de France, em Saint-Denis, nos arredores de Paris, ao dominar o salto em comprimento com 7,10 metros, distanciando do bis a alemã Malaika Mihambo, segunda, com 6,98, ambas seguidas da norte-americana Jasmine Moore, terceira, que chegou aos 6,96.
Desfecho idêntico preencheu o lançamento do dardo, com Arshad Nadeem a devolver o Paquistão aos triunfos em Jogos 40 anos depois, graças a um recorde olímpico de 92,97 metros, que ficaria sem resposta à altura o indiano Neeraj Chopra, campeão mundial e vencedor há três anos no Japão, com 89,45, e Anderson Peters, de Grenada, com 88,54.
A sessão vespertina de atletismo segurou os Estados Unidos no topo do medalheiro de Paris-2024, com 30 vitórias em 103 pódios, apesar da aproximação da China, com 29 em 73, que ganhou as finais masculinas de C2 500 metros, na canoagem, e de trampolim a três metros, nos saltos para a água - modalidade na qual possui agora um pleno de seis troféus -, além das classes femininas de -59kg no halterofilismo ou de 54kg no pugilismo.
Horas depois de ter suplantado o máximo de ouros numa edição dos Jogos Olímpicos, a Austrália ficou em branco, mas não saiu do terceiro lugar, com 18 ouros em 45 metais.
Com três das quatro finais de vela realizadas em Marselha, à exceção da regata decisiva na classe masculina de kite, agora protelada para sexta-feira, o 13.º dia de Paris-2024 fez sorrir Portugal, que colecionou o oitavo diploma de manhã e a segunda medalha à tarde.
Uma semana depois do bronze da judoca Patrícia Sampaio em -78kg, Iúri Leitão foi prata no evento de omnium do ciclismo de pista, do qual é campeão mundial, finalizando atrás de Benjamin Thomas, que evitou o terceiro dia consecutivo sem ouros da anfitriã França.
Já os Países Baixos ultrapassaram a dezena de vitórias, com Sharon van Rouwendaal a resgatar oito anos depois o troféu feminino de natação em águas abertas no polémico rio Sena, ao passo que a seleção masculina de hóquei em campo interrompeu um jejum de 24 anos perante a Alemanha (3-1 nos penáltis, após 1-1 no final do tempo regulamentar).
O inédito êxito da Nova Zelândia no K4 500 metros permitiu a Lisa Carrington alcançar a húngara Danuta Kozák e o sueco Gert Fredriksson no segundo lugar dos canoístas mais titulados em Jogos, todos com seis ouros, dois abaixo da recordista alemã Birgit Fischer.
O dia encimou 26 campeões e definiu três finais nas principais modalidades de pavilhão, desde logo no basquetebol masculino, com a França a ultrapassar a campeã do mundo Alemanha (73-69) para reencontrar os Estados Unidos (95-91 à Sérvia), heptacampeões em título, frente aos quais falharam o ouro em Londres-1948, Sydney-2000 e Tóquio-2020.
Os gauleses também chegaram à decisão do andebol feminino, ao baterem a Suécia (31-28, após prolongamento), e defenderão o título perante a campeã europeia Noruega, que foi carrasca da Dinamarca (25-21), numa repetição das finais dos últimos dois Mundiais.
Na rota pela revalidação do cetro de voleibol feminino continuam os Estados Unidos, que ultrapassaram o Brasil (3-2), prata em Tóquio-2020, e vão encarar a Itália (3-0 à Turquia).