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Paris-2024: EUA contra o Sudão do Sul, estrelas da NBA contra os mais pobres do mundo

Carlik Jones, jogador do Sudão do Sul
Carlik Jones, jogador do Sudão do SulAFP
Lebron James e companhia desafiam o representante de um país que não existia até há poucos anos.

O país mais rico do mundo contra o mais pobre, com a maior mortalidade infantil e onde as pessoas sobrevivem com 1 euro e 90 cêntimos por dia.

O jogo de amanhã, entre os EUA e o Sudão do Sul, no Pierre-Mauroy, em Villeneuve-d'Ascq, nos arredores de Lille, não é apenas um jogo de basquetebol. Vai muito além disso e explica, em última análise, o que são e o que significam os Jogos Olímpicos.

É o desafio entre as estrelas multimilionárias da NBA e aqueles que se auto-intitulam "um bando de refugiados que se juntam durante algumas semanas por ano e tentam dar o seu melhor para depois desafiarem os mais fortes do mundo".

É o jogo entre Lebron James, Kevin Durant e Stephen Curry, que jogam sempre em instalações megagalácticas cheias de gente, e um país que antes de 2011 nem sequer existia e onde só há um campo coberto.

"Há um ano, treinávamos ao ar livre, em campos inundados, ou com águias a voar sobre nós de forma ameaçadora", disse o treinador Royal Ivey, antigo base da NBA e também antigo colega de equipa de Durant na Universidade do Texas.

Antes dele, havia Jerry Steele, um treinador universitário que mais tarde se tornou uma espécie de "pregador", que tenta promover o basquetebol em países desfavorecidos e que, no passado, também trabalhou no Iraque e na Síria, e treinou a Palestina.

É um ex-jogador dos Bulls, Miami e Lakers, duas vezes All Star, mas também alguém que nunca esqueceu as suas raízes, razão pela qual, depois de ter fundado a federação de basquetebol do país de onde fugiu em criança, tem vindo a financiar do seu próprio bolso o projeto de basquetebol do Sudão do Sul nos últimos quatro anos.

Esta equipa nacional, que o treinador descreve como "o meu raio de luz", já derrotou Porto Rico no torneio olímpico e desafia agora a Dream Team americana. Mas, nos Jogos, quase ficou de fora porque, no torneio de qualificação africano, toda a equipa contraiu Covid e teve de se retirar.

Refeito da desistência da Argélia, o Sudão do Sul foi então ao Campeonato do Mundo onde, vencendo Angola, conseguiu o acesso aos Jogos Olímpicos como a melhor equipa africana, cumprindo o sonho da equipa do "país que muita gente nem sabe que existe", como diz Wenyen Gabriel.

Ao lado de Gabriel no court vai outro ex-jogador da NBA, Carlik Jones, nascido no Ohio mas com ascendência sul-sudanesa, alguns jogos em Dallas e Chicago, depois no Partizan de Belgrado, e gente que a nível de clubes joga na China, no Uganda e na Austrália, e que agora vai ter de aguentar a força do furacão norte-americano.

É essa a beleza dos Jogos Olímpicos: se o imprevisível acontecer, será escrita mais uma página da história (ou talvez da ficção científica).

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