NBA: A chegada de Damian Lillard torna os Milwaukee em favoritos ao título?
Tudo acontece muito rapidamente na NBA, uma máxima que é constantemente repetida, especialmente quando uma grande troca tem o poder de alterar a hierarquia. Ainda antes do anúncio do negócio Damian Lillard, Jrue Holiday disse o seguinte à imprensa de Milwaukee.
"Penso que já disse antes que sou Buck para toda a vida e digo-o do fundo do meu coração. Não quero jogar em nenhuma outra equipa. Acho que temos a oportunidade de continuar a fazer grandes coisas coletivamente, por isso quero estar em Milwaukee e em mais lado nenhum"...
24 horas mais tarde, Wojbomb: Lillard a caminho de Milwaukee por Lillard, Holiday de malas feitas para Portland, entre outro. Se já se sabia que Dame Dolla queria sair, o destino é surpreendente. Porque, no papel, é certo que os Bucks são os grandes vencedores desta trade. Um All-Star por múltiplas ocasiões, cuja reputação está bem estabelecida - dir-se-ia até intocável -, cedendo apenas Jrue Holiday, Grayson Allen e algumas escolhas de draft, parece ser um negócio de génio.
Mas isso seria esquecer que Jrue Holiday foi uma parte importante do título de 2021, provavelmente a segunda mais importante. Sim, a direção de Milwaukee acabou por afastar a espinha dorsal que ganhou um título. Tudo se move muito rápido na NBA, como escrevi anteriormente. É um defesa muito melhor do que Lillard, mas obviamente não é, nem de perto, tão bom a atacar. E isso dá uma pista sobre o rumo que os Bucks estão a tomar.
"O ataque entusiasma o público, a defesa ganha títulos". É outra máxima famosa e que marcou o ritmo dos Bucks nos play-offs de 2021, nomeadamente nas finais. Mas, nos últimos dois anos, a franquia do Wisconsin estagnou antes das finais da Conferência e ficou sob a pressão do seu líder. Giannis Antetokounmpo, convidado recentemente no podcast 48 Minutes, lançou um véu sobre o franchise ao dizer:
"Sou um Milwaukee Buck, mas, acima de tudo, sou um vencedor. Quero ganhar e tenho de fazer tudo o que for preciso para o conseguir. Se houver uma situação melhor para eu ganhar o Troféu Larry O'Brien, devo a mim próprio aceitá-la". Esta declaração foi feita a 14 de setembro. Duas semanas depois, a reação da administração foi na mesma medida do medo provocado pelas palavras do grego.
Um susto já experienciado em 2020, quando os Bucks, líderes da fase regular, caíram nas meias-finais da Conferência (para os Heat, por coincidência). A um ano do fim do contrato, o Greek Freak levantou dúvidas sobre a continuidade em Wisconsin, e a franquia reagiu com a contratação de... Jrue Holiday. Como fazer um círculo perfeito.
Mas, embora seja possível perceber o interesse de conseguir Damian Lillard e com ele uma montanha de pontos, a defesa continua a ser a incógnita número 1 nesta troca. Portland tem sido um poço defensivo durante muitas temporadas, e Dame não é estranho a isso. A sua indiferença nesta área é bem conhecida e vai ter de corrigir as coisas. É claro que esse é apenas um dos aspectos de Lillard, que compensa isso com uma qualidade ofensiva toda-poderosa, mas mesmo assim...
Jrue Holiday é um companheiro de equipa exemplar, conhecido pelos seus esforços defensivos, um verdadeiro jogador de duas vias (bom no ataque, bom na defesa). Lillard, no entanto, não é o mesmo tipo de jogador, e o seu sucesso dependerá sobretudo de quem os Bucks colocarem ao seu lado. Neste momento, a questão é: Malik Beasley ou Pat Connaughton? A menos que o plano seja deslocar Khris Middleton para a posição 2.
Isso significaria alinhar com Giannis Antetokounmpo ao lado de Bobby Portis ou Jae Crowder nas alas, com Brook Lopez debaixo do cesto. Será que um 5 inicial composto por Lillard - Middleton - Antetokounmpo - Crowder - Lopez é complementar? Pelo menos é físico. Mas será que vai ganhar o título, visto que não passa disso?
Um cinco principal que se complemente é muito mais importante do que qualquer outra coisa. Denver provou-o há alguns meses. Golden State ganhou quatro títulos dessa forma. Os próprios Bucks estavam perfeitamente equilibrados quando foram coroados campeões em 2021. Mas não importa as soluções que se encontrem: a menos que os Milwaukee não tenham acabado as trocas, toda a equipa parece ainda instável.
Isto não quer dizer que se trate de uma má troca, porque uma dupla Giannis-Lillard vai fazer tremer de medo todas as outras equipas da Liga. Mas não nos esqueçamos que esta dupla será treinada por um novato, Adrian Griffin. E no seu primeiro trabalho, vai ter de fazer esta dupla funcionar, custe o que custar, com Milwaukee a correr riscos, não desportivos, mas financeiros.
A dupla em questão vai custar 110 milhões de dólares na época 2025/2026 - isto caso Giannis ative a opção de jogador de 51 milhões de dólares anuais, algo que não o imaginamos a recusar - , por outras palavras, daqui a dois anos. E se não haver um novo anel em Wisconsin até lá, esta troca pode ser descrita como um fracasso.
Tanto que o contrato de Giannis Antetokounmpo expira no final de 2026 e, tendo em conta as suas declarações - mesmo que todos falem de um bluff -, não hesitará em virar a página. Conseguir que assine uma extensão antes dessa data é vital para um franchise como os Bucks, um mercado pequeno - e frio - que não atrai estrelas, e que conseguiu uma através do draft, o que explica porque está a fazer todos os possíveis para a manter.
Os Bucks demoraram 50 anos para conseguir um segundo anel. E Milwaukee não quer esperar mais 50 anos. É por isso que a franquia assumiu um risco financeiro tão grande, porque não tem dúvidas do lado desportivo. Mas teremos de esperar até ao início da época para ver o desempenho desta dupla. Entretanto, podemos continuar a pensar que Damian Lillard, aos 33 anos, pode ter dificuldade em assumir um papel de tenente quando tem o maior salário do balneário.
Não é um aspeto insignificante e que pode ter consequências se os resultados não forem os mesmos. Mas é um aspeto que é cuidadosamente ignorado pelos observadores, a maioria dos quais vê apenas a máquina de guerra que esta dupla pode vir a ser. Atenção à aterragem.