7 vitórias e 4 derrotas. Apresentado assim, o registo dos Indiana Pacers não é impressionante. Mas coloca-os no terceiro lugar conjunto da Conferência Este, um resultado surpreendente para uma equipa que poucos esperavam terminar nos seis primeiros lugares que os qualificariam diretamente para os play-offs.
É claro que a época está longe de estar terminada. É claro que alguns dos grandes podem ainda arrancar e seguir em frente. É claro que um lugar entre os dez primeiros continua a ser o principal objetivo da equipa, se esta quiser progredir verdadeiramente. Mas o que estamos a ver é agradável, principalmente um certo Tyrese Haliburton.
Vamos recordar os factos: escolhido no 12.º lugar em 2020, foi rapidamente considerado um dos roubos do draft. É claramente um dos três melhores jogadores da sua geração, juntamente com Anthony Edwards e LaMelo Ball, pela ordem que quiserem. A estreia foi encorajadora e, no final da primeira época, já se via o início de um jogador de grande nível.
O problema é que a posição de base em Sacramento foi preenchida por um certo De'Aron Fox. Mas Haliburton não pede nada e faz o seu trabalho a sair do banco. Não seria de esperar que a equipa que o recrutou quisesse desfazer-se dele, mas foi exatamente isso que aconteceu. Pouco antes do final do prazo para trocas, em fevereiro de 2022, Indiana não hesitou em oferecer Domantas Sabonis, um All-Star mas em fim de carreira nos Pacers, para recuperar o base.
Um jogador que não está no top 10 do seu draft, que só joga na NBA há um ano e meio, é a principal consideração numa troca envolvendo um All-Star. Parece um sonho. E se os Kings estavam interessados em formar uma dupla Sabonis-Fox (a época seguinte vai dar-lhes razão), os Pacers iam correr um grande risco. Mas é necessário, porque o plantel da altura estava destinado a jogar na metade inferior da tabela.
Não que o atual plantel esteja talhado para disputar o título. Indiana está num projeto de combustão lenta. A pedra basilar é Tyrese Haliburton, que prolongou o seu contrato este verão por 260 milhões de dólares ao longo de cinco anos. Cinco anos para construir uma equipa digna desse nome, mas, entretanto, o base está a mostrar porque é que todo esse dinheiro foi investido nele.
No ano passado, apesar de um registo sem brilho, foi selecionado para o All-Star Game pela primeira vez na sua carreira, e não por desistência, como alguns. Foi selecionado sem qualquer dúvida, porque o seu nível é incrível, e o seu início de época prova-o mais uma vez. 24,5 pontos e 12,5 assistências, mais duas do que o segundo classificado, Trae Young!
Tudo isto com "apenas" 2,1 bolas perdidas por jogo até agora. Tendo em conta o tempo que passa com a bola nas mãos, isso é bastante impressionante. O rácio de assistências para perdas de bola faz dele um dos mais eficientes armadores da NBA. Esta sensação é reforçada pelo facto de pertencer atualmente ao famoso clube 50/40/90 (52,8% de sucesso nos lançamentos, 43,6% nos lançamentos de três pontos, 93,2% nos lançamentos livres).
Mas é claro que ele não vai ganhar sozinho, e voltamos aos famosos cinco anos. Já é quase um dado adquirido que voltará a ser All-Star esta época, além de ser o claro favorito ao prémio de melhor assistente da liga. E, de acordo com as classificações de fim de época dos Pacers, será um bom candidato a um lugar na equipa All-NBA. No próximo ano, receberá um dos salários mais altos da liga. Aos 23 anos de idade. O que é que se segue?
O resto não depende dele. A partir de agora, vamos estar atentos ao comportamento do franchise. Em particular, estaremos atentos ao que vão fazer com a dupla Myles Turner e Buddy Hield, que seria o trunfo perfeito para trazer um interior talentoso e pronto a abusar do pick'n' roll e criar uma dupla que impulsionaria Indiana para as fileiras dos outsiders do Leste. Mas, claro, isso não é fácil de encontrar.
Para isso, a direção recrutou o forte extremo Jarace Walker (que foi trocado pelo francês Bilal Coulibaly, a escolha inicial do franchise), mas isso parece ainda pouco e ainda não lhe foi dada uma oportunidade de se expressar. Ainda há tempo, mas sabemos como funciona a NBA, estrelas que querem um anel de campeão sem fazer concessões para o conseguir e fazem com que os franchises pareçam egoístas.
No entanto, Tyrese Haliburton não parece ser assim. Sóbrio, discreto, como o seu jogo. Mas terrivelmente eficaz. A julgar pelo teto deste jogador e da sua equipa, ainda temos uma grande temporada pela frente, mas uma coisa é certa: os jogos dos Pacers têm sido ultra-espectaculares desde o início da época, e o base é a principal razão para isso. E, como provou ontem à noite, ele também pode fazer história. Um jogador a ser observado com muita atenção.