Basta Messi para dançar o tango: Argentina vence México (2-0) e respira de alívio
Um aviso
Depois da surpresa diante da Arábia Saudita (1-2), na primeira jornada, Lionel Scaloni alterou cinco jogadores no onze titular, talvez um sinal enviado para o grupo pela confrangedora derrota da primeira jornada. Nahuel Molina e Tagliafico entregaram as laterais defensivas a Montiel e Acuña; Lisandro Martínez rendeu Romero no centro da defesa; Guido Rodríguez e Mac Allister substituíram Leandro Paredes e Papu Gómez no meio-campo.
No México, Gerardo Martino fez três mudanças, uma dela que acabou por fazer história. Jorge Sánchez e Edson Álvarez cederam os lugares a Néstor Araujo e Kevin Álvarez, com Guardado a entrar para o meio-campo, rendendo Henry Martín. O médio do Bétis disputou assim o quinto Mundial da carreira e juntou-se a Cristiano Ronaldo, Messi, Ochoa, Antonio Carbajal, Rafa Márquez e Lothar Matthaus no lote de recordistas. Ainda assim foi uma noite para poucas celebrações, já que saiu lesionado ainda no primeiro tempo.
Intensidade, entrega, luta, mas e a baliza?
A tensão no interior do estádio de Lusail era palpável. Aquilo que há uma semana muitos apontavam ser uma última dança gloriosa de Messi no Campeonato do Mundo, com uma Argentina a grande nível e a lutar pelo título, tinha-se transformado numa autêntica final à segunda jornada, em que a Albiceleste sabia que uma derrota significava o adeus aos oitavos de final. Do outro lado estava um México à procura de conquistar o primeiro triunfo e com o aliciante de deixar já um dos grandes favoritos fora da corrida.
Ainda que de latitudes diferentes, as duas equipas partilhavam um sangue latino que veio ao de cima com os nervos da decisão. Foi uma primeira parte intensa (16 faltas), com muita entrega, jogadores aguerridos e que não viravam a cara à luta, mas em termos ofensivos viu-se muito pouco. Espartilhada num 4x4x2 rígido, a Argentina via Guido Rodríguez recuar para o meio dos centrais na fase de construção, Rodrigo De Paul juntar-se a Messi no apoio a Lautaro Martínez e formava-se uma cratera no meio-campo que interrompia a ligação entre sectores.
Já o México aproveitava a passividade dos avançados argentinos para ir chegando à frente rapidamente, mas no último terço falhava a definição e a defesa albiceleste resolveu todos os ataques sem grande problema.
Não é por isso de admirar que os dois principais lances de perigo tenham surgido de bola parada. Aos 33 minutos, Ochoa tirou a punhos um livre marcado por Messi no lado direito. Já perto do intervalo, Emiliano Martínez defendeu um livre frontal de Vega.
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Messi, a solução de todos os problemas
A segunda parte trouxe uma Argentina mais desinibida. A entrada de Enzo Fernández, médio do Benfica, ajudou a aproximar linhas no meio-campo – o jogador do Bétis era redundante na construção devido à falta de pressão dos mexicanos na frente – e Lionel Messi pegou literalmente na equipa às costas.
Muitas vezes acusado, injustamente, de se esconder nos jogos com a seleção e de não apresentar o mesmo rendimento com o qual encantava Camp Nou, o agora jogador do PSG resgatou a Argentina quando esta mais precisava. Começou a aparecer mais no espaço entre a linha média e defensiva do México e ajudou a ligar melhor o jogo, permitindo chegar com mais perigo à área contrária.
Continuava a faltar definição, mas se há uma solução para todos os problemas, o seu nome é Messi. Quando o marcador assinalava o minuto 64, o astro argentino protagonizou aquele que é já um dos momentos do Mundial-2022. Di María surgiu na direita e enviou a bola para a cabeça da área onde Messi recebeu, disparou um remate rasteiro e colocado, a bola fugiu ao alcance de Ochoa e foi parar ao fundo das redes. Sentiu-se o alívio de um dos maiores de sempre que correu para as bancadas, perseguido pelos colegas a quem devolveu a alegria e o sonho de conquistar algo maior.
Fim de festa com obra de arte
O golo de Messi lançou a partida para uma indefinição que beneficiou a Argentina. Gerardo Martino mexeu na frente de ataque, lançou Raúl Jiménez, mas o México nunca conseguiu chegar à baliza de Emiliano Martínez.
A Albiceleste entrou em descompressão, foi controlando a partida e pontuou a festa com um autêntico golaço de Enzo Fernández. A cumprir o primeiro Mundial da carreira, o médio do Benfica recebeu a bola de Messi, na sequência de um canto, dançou na frente de um adversário e disparou um remate em arco, sem hipóteses para Ochoa, estavam decorridos 87 minutos.
Fim de festa no Losail, com a Argentina a respirar novamente confiança. O primeiro teste foi ultrapassado e agora uma vitória diante da Polónia, na última jornada, garante no imediato um lugar nos oitavos de final. Já o México entra para a última ronda no último posto, com um ponto e sem qualquer golo marcado, obrigado a vencer a Arábia Saudita e a esperar por um resultado favorável na outra partida.
Homem do jogo Flashscore: Lionel Messi (Argentina)