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Paris-2024: Fernando Pimenta gostava de continuar até Los Angeles-2028

LUSA
O canoísta Fernando Pimenta treina na Barragem do Maranhão, durante um estágio para os Jogos Olímpicos Paris-2024
O canoísta Fernando Pimenta treina na Barragem do Maranhão, durante um estágio para os Jogos Olímpicos Paris-2024LUSA
O português Fernando Pimenta gostava de continuar a competir até aos Jogos Olímpicos Los Angeles-2028, embora admita que necessite de outros estímulos após Paris-2024, naquela que será a sua quarta participação olímpica.

“Eu sinceramente gostava de continuar e é isso que tenho vindo a falar com o meu treinador (Hélio Lucas), é isso que tenho vindo a falar com bastante gente, principalmente os meus amigos mais próximos a quem eu peço conselhos. Alguns acham que se eu conseguir um excelente resultado agora em Paris que devo terminar, a minha opinião neste momento é que não”, referiu.

Em entrevista à agência Lusa, durante um estágio em Avis (Portalegre), o limiano, de 34 anos, assume que só vai continuar “se todas as condições ficarem reunidas para continuar, porque têm sido anos bastante desafiantes, em termos físicos e mentais”.

“Nestes últimos anos, tenho tido muito tempo longe da família, com grande desgaste físico e também mental. Quando é assim, acho que é preciso outros estímulos e ter outro tipo de condições para que consiga chegar lá e continuar este caminho”, advertiu.

Após Paris-2024, Pimenta aponta já para o Europeu de maratonas, que se vai realizar em Portugal, como “um dos objetivos a meio prazo”, onde quer tentar “lutar por um título em casa”, admitindo “entrar em algumas tripulações, para ter estímulos diferentes”, sem descurar a sua especialidade no K1.

“Mas, depois, também (preciso) outros estímulos, provavelmente ter um acompanhamento de um fisioterapeuta ou de um massagista de forma mais regular, ter o acompanhamento em certos momentos da família mais perto. Isso são fatores bastante importantes para a longevidade da carreira de um atleta ter a família por perto e ter também condições ótimas de recuperação e de otimização do treino”, destacou.

Fernando Pimenta assume desejo de conquistar medalhas nos Jogos
Fernando Pimenta assume desejo de conquistar medalhas nos JogosLUSA

A preparar-se para disputar os seus quartos Jogos Olímpicos, Fernando Pimenta, que tem uma medalha de prata em K2 1.000 em Londres-2012, com Emanuel Silva, e um bronze em K1 1.000 em Tóquio-2020, enumerou as diferenças que sente em 12 anos: “a primeira é a idade, depois a experiência e o próprio currículo”.

“Agora, a experiência é outra, os adversários são outros, e a tática de prova também agora é completamente diferente do que se vinha a ver nos anos em que nós começámos a fazer K1, que era uma prova um pouco mais lenta na parte inicial e depois na parte final apertava. Fruto da nossa estratégia, todos os atletas foram-se adaptando a uma nova estratégia, ou seja, uma parte inicial mais rápida, e depois tentar aguentar ao máximo na parte final”, referiu.

No topo da modalidade há mais de uma década, Fernando Pimenta diz que “não há segredos, é fruto de muito trabalho, muito sacrifício”, além de “bastante paixão pela modalidade e pelo país” e de “querer sempre cada vez mais e melhor”.

“Conseguir estar durante 12 anos na senda dos pódios internacionais ao mais alto nível, desde Taças do Mundo, Europeus, Mundiais, Jogos Europeus e Jogos Olímpicos, há muito poucos atletas que eu conheça que tenham conseguido fazer isso. Na canoagem, provavelmente sou dos poucos que consegue fazer isso, até em termos individuais, não em barcos coletivos”, vincou.

Em Paris-2024, já sem os históricos Nélson Évora, Telma Monteiro e João Vieira, Pimenta é um dos mais experientes da Missão portuguesa. No entanto, defende que é importante haver “sangue novo”, embora “o sangue mais velho seja sempre muito importante para manter a sanidade da casa e para tranquilizar e passar uma mensagem de bem-estar a toda a equipa e de confiança”.

“Os jovens vêm com toda a força e todo o sangue na guelra e, muitas vezes, é preciso ter alguém mais velho para conseguir colocar um travãozinho naquele momento certo e dar também um estímulo no momento certo (...). Naquilo que depender de mim, todos os outros atletas, se eu puder ajudar, terei sempre uma palavra amiga, quer para o momento menos bom, quer para o momento bom. Já vai haver muitas pessoas a apoiar, mas eu prefiro dar uma palavra no momento menos bom”, admitiu.

Fernando Pimenta prepara participação nos Jogos
Fernando Pimenta prepara participação nos JogosLUSA

Dar espetáculo e alegria aos portugueses

O canoísta Fernando Pimenta quer dar espetáculo e desfrutar da sua prova em Paris-2024, mas também tentar dar uma alegria aos portugueses, admitindo que lhe passa pela cabeça ser o primeiro luso a conquistar três medalhas em Jogos Olímpicos.

Em entrevista à agência Lusa, durante um estágio em Avis (Portalegre), Pimenta admite que a prata em K2 1000 metros em Londres-2012 e o bronze em K1 1.000 em Tóquio-2020 já o colocam “num patamar distinto" em Portugal, pois “são apenas cinco atletas que conseguem ter mais do que uma medalha em Jogos Olímpicos”.

“O objetivo sincero é tentar desfrutar ao máximo da competição, dar o meu melhor e sair de lá com a consciência tranquila de que dei o meu melhor, dar um grande espetáculo e, se possível, uma alegria aos portugueses”, assumiu.

Contudo, o limiano, de 34 anos, afirma que lhe “passa pela cabeça” poder ser o primeiro campeão olímpico português fora do atletismo e o primeiro a vencer três medalhas olímpicas, porque tem “a consciência de que isso é possível”, mas alerta que “o K1 1.000 metros vai ser provavelmente uma das provas mais competitivas dos últimos anos”, com vários candidatos.

Com cerca de centena e meia de medalhas internacionais conquistadas, entre as quais de Mundiais, Europeus e Jogos Olímpicos, Fernando Pimenta defende que já não tem “nada para provar”.

“Basicamente, em praticamente todas as embarcações ou competições que eu entro, tenho tido excelentes resultados, fruto também do trabalho que tenho feito com o meu treinador e com os meus colegas, não só de Portugal, mas também estrangeiros. Sem dúvida que isso faz com que não tenha de provar nada a ninguém”, reforçou.

Com tão bons resultados, Pimenta diz que não é um alvo, “mas um dos atletas em foco”, em especial nas provas de 5.000 metros, em que os outros canoístas tentam aproveitar a sua onda, “para descansar e estar bem colocado”.

“Em relação aos 1.000 metros, também acho que é normal por causa do currículo que nós temos vindo a atingir, os resultados, mas nunca é um alvo, acho que prefiro chamar uma referência e claro que, quando temos referências, é para serem batidas ou para serem alcançadas”, notou.

Ao contrário de outros atletas, que preferem estagiar antes dos Jogos Olímpicos, Fernando Pimenta tem feito a sua preparação a competir, como nos recentes Europeus, nos quais conquistou três medalhas (ouro no K1 5.000 metros, prata no K1 500 e bronze no K1 1.000).

“É uma forma diferente de treinar, é uma forma diferente de nos conseguirmos adaptar e ir ganhando ritmo competitivo. É por isso que nós vamos fazendo bastantes provas, bastantes competições, mesmo fora da nossa especialidade, que é os 1.000 metros, ou da especialidade que é dos Jogos Olímpicos. (…) É aquilo que nós temos feito nos últimos anos, em anos também de Jogos Olímpicos, e as coisas têm-nos saído bastante bem, por isso, como se costuma dizer, em equipa que ganha ou em estratégia que ganha não se mexe”, afirmou.

As provas de canoagem vão realizar-se no Estádio Náutico de Vaires-sur-Marne, a cerca de 40 quilómetros de Paris, um campo de regatas que a seleção portuguesa já experimentou e agradou a Fernando Pimenta.

“Sinceramente, gostei bastante da pista, gostei do plano de água, gostei da atmosfera. Acho que vai ser brutal, vai ser fantástico competir em Paris e, de certeza, que vamos contar com muitos portugueses lá”, garantiu.

Os Jogos Olímpicos Paris-2024 disputam-se de 26 de julho a 11 de agosto, com as eliminatórias e os quartos de final de K1 1.000 metros a acontecerem em 07 de agosto, e as semifinais e final três dias depois.