Carlos Queiroz distinguido com o título de doutor honoris causa pela Universidade Lusófona
“Muito obrigado, futebol, por me teres levado a conhecer e compreender melhor o mundo, as suas gentes e as suas culturas. O futebol sem cores, raças ou credos, e que eu apelidei um dia das Nações Unidas do Futebol”, enalteceu o homenageado, no Centro Universitário de Lisboa.
Carlos Queiroz lembrou o “privilégio de partilhar” as suas ideias “desenvolvidas em Portugal”, ao serviço da FIFA, por “todas as federações da Europa, África, Ásia e América”.
O ex-selecionador português de 71 anos recordou também que o antigo treinador do Manchester United Alex Ferguson o tentou demover de assumir a seleção portuguesa, em 2008, depois de ter trabalhado nas camadas jovens, nas quais conquistou por duas vezes o mundial de sub-20, em 1989 e 1991.
"(Alex Ferguson) lembrou que essa função se tornava facilmente num confronto de um país contra um homem e de um homem contra um país. Entre dois amores, tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida. A honra de servir de novo a seleção Nacional e o sonho de qualificar Portugal para um Mundial a disputar em África, ao lado da terra que me viu nascer, Moçambique, falou mais alto”, salientou.
Carlos Queiroz recordou que “não podia imaginar” o que o esperava a seguir à derrota com a Espanha (1-0), nos oitavos de final do Mundial da África do Sul, em 2010, afirmando que “profecia do reitor de Manchester (Alex Ferguson) fez-se ouvir”.
“Quando o inferno fez arder tudo à minha volta, deixei a minha equipa técnica e muita gente que confiava em mim em baixo. Valeu-me o recurso ao Tribunal Europeu para poder repor a justiça e a verdade e a incondicional solidariedade e amizade de alguns amigos e familiares que nunca deixaram de confiar e acreditar em mim”, disse.
Citando Winston Churchill, o português lembrou que, como em 1993, aquando da sua saída da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), também em 2010 decidiu “não olhar para trás e seguir em frente”.
O treinador considerou também que há “um antes e depois” das épocas desportivas de 1991 e 1992.
“Antes de 1991/92 contavam-se pelos dedos de uma mão os jogadores e técnicos no estrangeiro. Hoje, são centenas e centenas a prestigiar Portugal por todo o mundo em todas as disciplinas do futebol: jogadores, treinadores, técnicos, fisioterapeutas, analistas e até dirigentes”, apontou, ressalvando a “consolidação e o sucesso das seleções femininas”.
O antigo selecionador de Portugal apelou ainda os agentes desportivos para não deixarem “que a arte de jogar um jogo simples, lindo e divino se transforme em algo perverso, cruel e diabólico”.
“Hoje, olho para o futebol em Portugal e estou feliz com o que vejo e sinto-me bem, porque afinal, foi divertido e valeu a pena”, afirmou, acrescentando “as seleções nacionais e o futebol português adquiriram uma identidade e cultura próprias, com uma imagem de marca reconhecia e admirada ‘Made in Portugal’”.
Numa mensagem de vídeo, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, disse que Carlos Queiroz “está na vanguarda” do futebol português.
“Contribuiu para o desenvolvimento de muitos jogadores”, realçou.
Além de Portugal, Queiroz passou pelo Sporting, Real Madrid, Manchester United, no qual foi adjunto do escocês Alex Ferguson, New York/New Jersey MetroStars (Estados Unidos), atual New York Red Bulls, Nagoya Grampus (Japão), Emirados Árabes Unidos, África do Sul, Irão, Colômbia, Egito e Catar.