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Caster Semenya: "O sistema que prevalece no desporto é o velho padrão de marginalização"

Caster Semenya, campeã olímpica de atletismo
Caster Semenya, campeã olímpica de atletismoAFP
Depois de um longo período de silêncio, a campeã olímpica de atletismo, Caster Semenya, quer levantar a voz e iniciar uma mudança no desporto. "A voz dos atletas não conta para nada, são os poderosos que têm a palavra. Trata-se de colocar os atletas em primeiro lugar", afirmou Semenya, que terminou agora a sua carreira ativa, numa entrevista ao Sportschau.

Caster Semenya quer "ser um modelo para os jovens", para que eles "não se escondam mais quando não gostam de algo. E não se deixem explorar pelos poderosos. É esse o meu trabalho agora, estou feliz onde estou. As pessoas podem proibir-me de continuar a competir, mas não de viver como indivíduo", acrescentou Caster Semenya, que não dava entrevistas há muito tempo.

A sul-africana ganhou o ouro olímpico nos 800 metros em 2012 e 2016, mas não pode competir em corridas internacionais na sua distância favorita, desde 2019, devido à chamada regra da testosterona. Semenya está atualmente envolvida numa disputa legal com o Tribunal Federal Suíço.

Semenya obteve uma vitória parcial no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH). O recurso interposto pelos suíços, que são apoiados pela Associação Mundial de Atletismo (WA), será agora apreciado pela câmara superior do TEDH, que decidirá até que ponto a regra da testosterona da WA é discriminatória.

"Tal como qualquer pessoa tem o direito de viver, também tem o direito de participar no mundo do desporto. Mas o sistema que prevalece no desporto mundial é o velho padrão de marginalização, abuso e discriminação. Precisamos de uma linguagem nova e universal, de uma liderança diferente. Se o desporto deve ser para todos, como sempre se afirma, então temos de lutar por isso", afirmou Semenya.

Tomar medicação durante a sua carreira ativa foi "um inferno", descreveu.

"Trabalha-se num túnel sem luz. Muda tudo. Muda os sentimentos. Sentimo-nos fracos todos os dias. Sente-se doente todos os dias. Inchaço", explicou a atleta de 32 anos.

"Come-se sem parar. Engordas. Isso muda-nos como pessoa. Não é a vida que se quer ter", acrescentou.