Na noite do primeiro dos seus dois triunfos nos Jogos Olímpicos, o belga indicou que, depois de ter ganho tudo o que havia para ganhar, iria passar a concentrar-se na Volta a França.
Com apenas 24 anos, o seu palmarés é, de facto, vertiginoso: campeão olímpico e mundial, ganhou um contrarrelógio em cada um dos três grandes Tours. Mas isso não significa que irá abandonar o desporto.
"Não foi essa a impressão que ele me deu nas últimas semanas", observa o seu treinador Koen Pelgrim, insistindo que o contrarrelógio do Mundial e a camisola arco-íris prometida ao vencedor serão sempre um objetivo importante para Remco Evenepoel.
No domingo, a partir das 13:45, o belga será mesmo o grande favorito à conquista do título, num percurso de 46,1 quilómetros que lhe assenta na perfeição, com uma subida a meio e doze quilómetros finais completamente planos ao longo do Lago de Zurique.
"É um percurso digno de um Campeonato do Mundo e muito adaptado a mim", afirma.
E a concorrência não está necessariamente no seu melhor. Bicampeão do mundo em 2020 e 2021, o italiano Filippo Ganna tem tido dificuldades desde a medalha de prata no contrarrelógio olímpico em Paris. Terceiro no pódio dos Jogos, o lesionado Wout Van Aert interrompeu a sua temporada e Tadej Pogacar está a concentrar-se exclusivamente na corrida de estrada de domingo, 29 de setembro, onde o esloveno será o grande favorito, juntamente com Evenepoel.
"A forma certa na altura certa"
Os principais rivais de Evenepoel no contrarrelógio são o esloveno Primoz Roglic, campeão olímpico em Tóquio, o suíço Stefan Küng e o jovem prodígio britânico Josh Tarling, de 20 anos, que, se não fosse o furo, teria tido a oportunidade de ganhar uma medalha ou mesmo o título nos Jogos Olímpicos de Paris.
Evenepoel demorou algum tempo a digerir a sua dobradinha olímpica, passando por um período de descompressão antes de adoecer. Regressou à Volta à Grã-Bretanha para recuperar a forma física.
"Voltei a estar em forma na altura certa. Tive sessões de treino bastante duras que posso usar como ponto de referência", sublinhou Evenepoel, que vai estrear em Zurique uma nova bicicleta de contrarrelógio dourada.
Na corrida feminina, que começa às 11:00 num percurso de 29,9 quilómetros, a australiana Grace Brown vai tentar confirmar o seu título olímpico antes de acabar a carreira no final da época. A sua principal adversária será a americana Chloe Dygert, que tem como objetivo um terceiro título mundial depois de 2019 e 2023, como consolação pelo seu terceiro lugar nos Jogos Olímpicos de Paris, que conseguiu apesar de uma forte queda.
Dez dias depois de se ter sagrado campeã europeia de contrarrelógio, a belga Lotte Kopecky, tal como o sua compatriota Evenepoel, sonha em lançar as bases de uma possível dobradinha antes de defender o seu título na corrida de estrada de sábado.