Três anos após a inesquecível vitória individual de Anna Kiesenhofer, chegou a altura de saber quem iria suceder à austríaca - que esteve presente na partida - na corrida de estrada feminina. A colónia neerlandesa estava pronta para vencer a grande favorita, a campeã mundial Lotte Kopecky.
Do lado francês, Victoire Berteau, Audrey Cordon-Ragot e Juliette Labous iriam inspirar-se positivamente nas três pancadas de Jeannie Longo, ou ficar mal-humoradas no final, como a última campeã olímpica francesa nesta prova?
O início da corrida foi ocupado pelas tradicionais fugas das nações ditas "menores". Eslováquia, Afeganistão, Vietname e Israel estavam na frente. Uma forma de manter a corrida ocupada antes das grandes manobras.
As nações favoritas posicionaram-se na frente do pelotão a cerca de sessenta quilómetros do fim, quando as fugas estavam a terminar. Os companheiros de equipa animaram a corrida e o pelotão reduziu-se quando começou a primeira das três subidas da Côte de la Butte Montmartre. Foi então que ocorreu uma queda que fez cair Chloe Dygert e Elise Chabbey.
Isto levou a uma separação e à formação de um grupo líder que incluía Marianne Vos e Elisa Longo Borghini. Lotte Kopecky teve então de fazer um grande esforço para apanhar esta fuga. Os franceses estavam encurralados, a vantagem era de cerca de um minuto e este grupo de 12 parecia destinado à vitória.
Havia três ciclistas britânicos neste grupo, que decidiram atacar várias vezes. Atrás deles, os batedores tentam agitar as coisas e voltar a colocar a corrida no caminho certo. Foi a cerca de vinte quilómetros do fim que Lizzie Deignan fez um ataque decisivo, mas foi apanhada e depois abandonada por Marianne Vos e Blanka Vas, o que fez uma grande diferença para o resto do grupo da frente.
A partir daí, as perseguidoras organizaram o seu funeral de primeira classe. Mas na última subida, Kopecky e Kristen Faulkner conseguiram separar-se e atacaram o duo da frente. Após 10 quilómetros de dificuldades, reagruparam-se a 3 quilómetros do fim e a mais lenta das quatro, Faulkner, fez uma manobra que Vas não conseguiu apanhar, enquanto as outras duas se neutralizavam.
Foi um ataque decisivo, com todos a olharem uns para os outros e a deixarem a americana passar a linha sem se aperceber que tinha ganho. Vos ultrapassou por pouco Kopecky e Vas. Uma esplêndida corrida sem auriculares, mais uma, e uma vitória surpresa: tal como ontem, a corrida de estrada teve a sua quota-parte de emoções.
Daniela Campos em 41.º lugar
Quanto à portuguesa Daniela Campos, foi 41.ª classificada. Aos 22 anos, ficou a 07.53 minutos da vencedora, e tornou-se a segunda portuguesa a participar na prova de fundo dos Jogos Olímpicos, sucedendo a Ana Barros, 23.ª classificada em Atlanta-1996.
