Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Tour: Da gravilha 'nasceu' a emoção e a primeira vitória de Anthony Turgis

Anthony Turgis com a medalha de vencedor da nona etapa
Anthony Turgis com a medalha de vencedor da nona etapaAFP
A estreia a ganhar de Anthony Turgis na Volta a França agravou este domingo a ‘crise’ de Thomas Pidcock, com o ciclista francês a ‘emergir’ da nona etapa como único vencedor, após Tadej Pogacar ter atacado muito sem sucesso.

A mais emocionante tirada da 111.ª edição teve de tudo, desde a estreia a vencer em grandes voltas do corredor da TotalEnergies, aos 30 anos, aos ataques do camisola amarela e percalços dos homens do ‘top 10’ nos inéditos setores de gravilha, que, contudo, não se traduziram em qualquer diferença nas contas da geral.

Há anos que corro para tentar chegar a uma grande vitória. Ganhei em todo o tipo de provas, só me faltava no Tour. É o graal. Conquistar uma (etapa) é incrível”, disse Turgis, responsável pelo terceiro triunfo francês nesta ‘Grande Boucle’.

Ciclista de currículo modesto, o homem da TotalEnergies contrariou o favoritismo da ‘estrela’ Pidcock (INEOS), que foi segundo à frente do canadiano Derek Gee (Israel-Premier Tech), outro dos integrantes da mais duradoura fuga da jornada, para interromper um interregno de quase cinco anos sem vencer.

Muito emocionado no final da etapa, que cumpriu em 4:19.43 horas, Turgis teve o mérito de derrotar “grandes campeões” e de desferir mais um golpe na excessiva confiança do britânico da INEOS, que entrou neste Tour com a ambição pessoal de lutar pelo pódio – é 29.º -, e hoje falhou um ‘triunfo anunciado’.

A mais aguardada tirada desta edição proporcionou espetáculo, mas, ainda assim, não alterou em nada a geral, que continua a ser comandada por Pogacar, com 33 segundos de vantagem sobre Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) e 1.15 minutos sobre Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), ambos ‘vítimas’ de azares nos setores de gravilha.

A estreia de estradas por asfaltar tornou os 199 quilómetros com início e final em Troyes aliciantes para os ‘habitués’ das fugas mas também para os ‘classicómanos’, com os ataques a sucederem-se desde o quilómetro zero.

Mas, só à entrada do primeiro de 14 setores de gravilha, mais de uma dezena de corredores conseguiu distanciar-se, nomeadamente Turgis, Gee, Neilson Powless (EF Education-Easypost), Jasper Stuyven (Lidl-Trek), Maxim Van Gils (Lotto Dstny), Alex Aranburu (Movistar) ou Alexey Lutsenko (Astana). Outros se lhes seguiram, mas apenas Pidcock e Ben Healy (EF Education-Easypost) haveriam de alcançar a frente de corrida.

A emoção que faltou nos dias anteriores hoje ‘sobrou’. Logo no segundo setor, o caos instalou-se no pelotão: grande parte dos ciclistas foram obrigados a parar por falta de espaço na estrada, com corredores, envoltos em pó, a correrem a pé com a bicicleta ao lado.

Apesar de todos os avisos, Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe) e Juan Ayuso não estavam bem colocados e ficaram cortados, após a Visma-Lease a Bike, acelerar para eliminar concorrentes na luta pela geral. Os dois haveriam de reentrar no grupo de favoritos, também porque a UAE Emirates optou para não colaborar com a equipa de Vingegaard, no intuito de ‘salvar’ (outra vez) o espanhol.

No terceiro setor, foi Vingegaard a furar. Jan Tratnik deu-lhe a bicicleta, mas claramente a ‘máquina’ era demasiado grande para o dinamarquês, forçado a pedalar em bicos de pés até ao final da etapa.

A 77 quilómetros da meta, e já depois de ‘Pogi’ ter acelerado momentos antes, atacou Evenepoel. Depois de uma hesitação inicial, o camisola amarela respondeu, levando na roda Vingegaard, com os três primeiros da geral a juntarem-se à fuga nem três quilómetros depois, antes de abdicarem da surpreendente iniciativa.

Pouco depois, o líder da juventude e ‘vice’ da geral teve um problema mecânico e foi obrigado a trabalhar sozinho para recolar.

Ainda faltavam mais de 40 quilómetros quando Mathieu Van der Poel (Alpecin-Deceuninck), atacou, na companhia, entre outros, de Rui Costa (EF Education-EasyPost), mas os sete nunca chegaram ao grupo da frente – o campeão português de fundo acabou por ser 13.º.

Nos derradeiros setores de gravilha, Pogacar tentou surpreender reiteradamente os favoritos, sem sucesso, enquanto na frente Stuyven isolou-se à saída do último caminho por asfaltar, mas foi apanhado já dentro dos derradeiros 1.000 metros, com o sprint a consagrar Turgis.

O pelotão, com todos os favoritos e Nelson Oliveira (Movistar), chegou a 1.46 minutos do francês, com João Almeida, hoje absolutamente irrepreensível na colocação, a manter-se em sexto, cumprindo na segunda-feira o primeiro dia de descanso a 02.17 do seu companheiro esloveno.

Com quase metade do Tour já percorrida, o ciclista de A-dos-Francos é um sério candidato ao ‘top 5’ final, enquanto Costa é 43.º, a 31.22, e Oliveira é 51.º, a 37.19.

A Volta a França regressa à estrada na terça-feira, para nova etapa plana, que vai ligar Orléans a Saint-Armand-Montrond, no total de 187,3 quilómetros.