Era apenas mais uma jornada monótona neste Tour, como o foram todas com chegadas ao sprint, mas a 12 quilómetros da meta o esloveno da Red Bull-BORA-hansgrohe não conseguiu esquivar Alexey Lutsenko (Astana), que caiu à sua frente, e foi pelo segundo dia consecutivo ao chão, agora aparentemente com maior gravidade.
Com o equipamento rasgado na zona do ombro direito e em evidentes dificuldades, o ciclista de 34 anos foi escoltado pelos seus companheiros de equipa até à meta, onde perdeu 02.27 minutos para o pelotão e o quarto posto da geral, agora ocupado por João Almeida (UAE Emirates) a 04.20 do seu companheiro esloveno e camisola amarela Tadej Pogacar.
A desgraça de ‘Rogla’, o vice-campeão de 2020 que desistiu nas duas últimas vezes que participou na ‘Grande Boucle’ (2021 e 2022) devido a queda, deixou em segundo plano o ‘hat-trick’ de Biniam Girmay (Intermarché-Wanty), que hoje derrotou o ‘estelar’ Wout van Aert (Visma-Lease a Bike) e o francês Arnaud Démare (Arkéa-B&B Hotels), posteriormente desclassificado por apertar o belga contra as barreiras e ‘substituído’ no terceiro lugar pelo alemão Pascal Ackermann (Israel-Premier Tech).
“Estou superfeliz. Desde o início do Tour, sabia que poderia fazer bons resultados se tivesse o timing perfeito, se estivesse na roda certa. Provei nos últimos três sprints que se estiver bem colocado, posso ganhar”, salientou o cada vez mais líder da classificação por pontos.
Os 203,6 quilómetros entre Aurillac e Villeneuve-sur-Lot foram muito atacados desde o início, com várias equipas a tentarem integrar a fuga do dia, formada hoje pelos ‘habitués’ Valentin Madouas e Quentin Pacher (Groupama-FDJ), Anthony Turgis (TotalEnergies) e Jonas Abrahamsen (Uno-X), à procura de recuperar a camisola da montanha que Pogacar lhe roubou na véspera.
O quarteto acabou por ganhar rapidamente uma vantagem superior a três minutos, porque uma queda no pelotão, ao quilómetro 23, atrasou o camisola amarela e condicionou outros eventuais ataques e também a perseguição.
Quase ao mesmo tempo abandonava a prova Fabio Jakobsen, verdadeiramente irreconhecível desde que se mudou para a dsm-firmenich PostNL – é a terceira desistência consecutiva para o sprinter neerlandês em grandes Voltas.
A 12.ª etapa ficaria marcada por outro abandono de ‘peso’, o do espanhol Pello Bilbao, sexto classificado e um dos grandes protagonistas do Tour2023, afetado por um vírus que levou a Bahrain Victorious a ativar os protocolos de covid-19, depois de também perder um debilitado Fred Wright no dia anterior, por ter chegado fora do controlo – ainda antes da partida, tinha desistido Michael Morkov (Astana), o lançador de Mark Cavendish, precisamente por ter dado positivo ao coronavírus.
A fuga, sempre controlada à distância pelo pelotão, acabaria ainda antes dos derradeiros 40 quilómetros, com nada de relevante a acontecer até à entrada dos 12 quilómetros finais, quando uma queda apanhou vários ciclistas, entre os quais o inevitável Roglic (soma 17 em competição desde o Critério do Dauphiné de 2020).
O esloveno não teve dificuldades para seguir o ritmo dos seus companheiros da Red Bull-BORA-hansgrohe, perdendo mais de dois minutos da meta, e caindo, assim, dois lugares na geral – foi ultrapassado não só por Almeida mas também por Carlos Rodríguez, ‘promovido’ a quinto devido ao azar de ‘Rogla’.
No sprint, em que também Mark Cavendish (Astana) foi desclassificado, Van Aert voltou a ser apertado contra as barreiras, agora por Démare, e, depois de também ter caído na véspera, teve de contentar-se com o segundo lugar.
“Estou desapontado. Fiquei preso entre o Démare e a barreira. Tenho de rever o que aconteceu, mas de qualquer maneira tive de relançar o meu sprint e fiquei muito perto da vitória”, disse ainda antes de saber da despromoção do francês, relegado para o último lugar do pelotão, que cortou a meta em 04:17.15 horas.
No principal grupo chegaram todos os homens do top 10 da geral, à exceção de ‘Rogla’, mas também Nelson Oliveira (Movistar), enquanto o outro português em prova, Rui Costa (EF Education-EasyPost), foi 103.º, a 04.52 minutos.
Assim, Oliveira subiu a 46.º e Costa desceu a 52.º, com ambos já a mais de uma hora do camisola amarela Tadej Pogacar, que antes dos 165,3 quilómetros entre Agen e Pau, que o pelotão vai percorrer na 13.ª etapa, tem 01.06 minutos de vantagem sobre o belga Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) e o 01.14 sobre o dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), respetivamente segundo e terceiro da geral.