Tour: Romain Bardet é o primeiro camisola amarela da 111.ª edição

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Tour: Romain Bardet é o primeiro camisola amarela da 111.ª edição

Atualizado
Romain Bardet foi vice-campeão em 2016
Romain Bardet foi vice-campeão em 2016AFP
O livre Romain Bardet pintou a sua despedida da Volta a França de amarelo, com a preciosa ajuda do novato ciclista neerlandês Frank van den Broek, vencendo a primeira etapa da 111.ª edição com uma demonstração de querer.

Foi preciso esperar pela sua 11.ª e última participação no Tour para o francês de 33 anos, agora livre da pressão da luta pela geral, voar para a sua primeira amarela: atacou a mais de 50 quilómetros da meta para se juntar na frente ao companheiro Van den Broek, com o duo da dsm-firmenich PostNL a fazer, depois, um verdadeiro contrarrelógio de equipas até a Rimini, onde cortaram a meta cinco segundos antes do pelotão.

“É a primeira vez que sorrio antes do arranque da Volta a França. Não lutar pela geral retira-me uma pressão enorme. Sou, finalmente, eu mesmo, e correr sem pensar em nada foi fabuloso”, confessou.

Vice-campeão da Grande Boucle em 2016 e terceiro no ano seguinte, Bardet concluiu os 206 quilómetros entre Florença e Rimini em 5:07.22 horas, lado a lado com o jovem neerlandês, que viu o seu esforço premiado não só com o reconhecimento do vencedor (ergueu-se na bicicleta e apontou para o colega), mas também com as camisolas da juventude e dos pontos.

“Honestamente, ele (Van den Broek) merecia tanto (a vitória) quanto eu”, concedeu o primeiro francês a vestir a camisola amarela no Tour desde Julian Alaphilippe em 2021.

Atrás do duo da dsm-firmenich PostNL chegaram os favoritos, com o grupo a ser encabeçado pelo inevitável Wout van Aert (Visma-Lease a Bike), seguido por Tadej Pogacar (UAE Emirates), que não resistiu a ir sprintar e foi quarto.

Nesse já reduzido pelotão, chegaram, além do bicampeão Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), os portugueses Rui Costa (EF Education-EasyPost) e João Almeida (UAE Emirates), respetivamente 39.º e 43.º, a cinco segundos – na geral, ocupam as mesmas posições, mas a 15 segundos de Bardet, uma diferença explicada pelas bonificações.

O outro português em prova, Nelson Oliveira (Movistar), foi 64.º, a mais de 18 minutos do vencedor da etapa.

Mesmo antes de ser dada a partida real, já a primeira tirada da 111.ª edição era per si especial, por marcar um inédito encontro do Big 6 do ciclismo mundial (Pogacar, Vingegaard, Primoz Roglic, o estreante Remco Evenepoel, Mathieu van der Poel e Van Aert).

Com sete contagens de montanha no cardápio, três delas de segunda categoria, a tirada inaugural ‘convidava’ à fuga e durante duas dezenas de quilómetros as acelerações na frente do pelotão sucederam-se, até que Van den Broek, Matej Mohoric (Bahrain Victorious), Valentin Madouas (Groupama-FDJ), Ion Izagirre (Cofidis), Clément Champoussin (Arkéa-B&B Hotels), Sandy Dujardin e Matteo Vercher (TotalEnergies) estabeleceram, por fim, uma margem confortável.

Os sete receberiam, mais à frente, a companhia de Jonas Abrahamsen (Uno-X) e Ryan Gibbons (Lidl-Trek), já depois do bicampeão em título Jonas Vingegaard ter sido obrigado a trocar de bicicleta.

Com a diferença para os fugitivos a rondar os seis minutos, entrou ao serviço a Jayco AlUla, numa altura em que Mark Cavendish (Astana), à procura de isolar-se como recordista de vitórias em etapas no Tour, já estava atrasado em relação ao pelotão – o britânico, ‘amparado’ pela equipa, chegou mesmo a vomitar em cima da bicicleta, mas sobreviveu ao longo calvário, conseguindo evitar a eliminação por chegada fora do controlo logo no primeiro dia.

A dureza da ascensão a Valico Tre Faggi, a primeira segunda categoria da jornada, fez a diferença dos escapados cair abruptamente, com a fuga a perder elementos à medida que as contagens de montanha se iam sucedendo.

A mais de 70 quilómetros da meta, na subida a Barbotto, a UAE Emirates endureceu o ritmo e eliminou homens rápidos, mas também David Gaudu, um novo desgosto para o público francês e para a Groupama-FDJ, que já tinha visto o promissor Lenny Martinez descolar.

Na abordagem à última segunda categoria da etapa, instalada em San Leo, saltou do grupo de favoritos Bardet, que, com a ajuda de Van den Broucke, rapidamente fez a ponte para a fuga, onde se mantinham apenas Madouas e Abrahamsen, o primeiro norueguês da história a envergar a camisola da montanha.

Lá atrás, Ben Healy (EF Education-EasyPost) também tentou (sem sucesso) chegar-se aos homens da dsm-firmenich PostNL – Madouas já tinha quebrado -, numa altura em que era a Visma-Lease a Bike a comandar a perseguição, numa confirmação de que Vingegaard está em forma e de que Juan Ayuso (UAE Emirates) nem tanto.

Com o sonho de vestir pela primeira vez a amarela na ‘sua’ Volta, o experiente francês foi sendo rebocado por Van den Broucke, mas os dois quase pareciam condenados a 10 quilómetros da meta, pois já tinham menos de um minuto de vantagem sobre os perseguidores, liderados por Visma, Lidl-Trek e EF Education-EasyPost.

Mas o querer de Bardet, rei da montanha em 2019, e do estreante neerlandês foi tanto que os dois conseguiram mesmo sobreviver à aproximação do pelotão, coroando uma jornada memorável para ambos mas também para a formação neerlandesa.

“É de loucos. Na bicicleta, ainda há momentos inesperados. Foi sublime”, descreveu o novo camisola amarela que, depois de somar a quarta vitória da carreira no Tour, lidera a geral com quatro segundos de vantagem para o neerlandês de 23 anos e 11 para Van Aert.

No domingo, Bardet vai estrear a sua camisola ainda em terras italianas, nos 199,2 quilómetros entre Cesenatico e Bolonha, que incluem cinco contagens de montanha de terceira categoria e uma de quarta.