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Tour: Só Biniam Girmay interrompeu a monotonia ao bisar na oitava etapa

Biniam Girmay reforçou a candidatura à camisola verde final
Biniam Girmay reforçou a candidatura à camisola verde finalAFP
O marasmo da 111.ª Volta a França prosseguiu este sábado na oitava etapa, na qual Biniam Girmay e a sua Intermarché-Wanty se tornaram os primeiros a ‘bisar’ e o ciclista eritreu reforçou a candidatura à camisola verde final.

A organização do Tour estará já certamente arrependida de ter concentrado a alta montanha no último terço desta edição – a primeira chegada em alto acontece apenas à 14.ª etapa -, depois de hoje o pelotão ter dado uma nova demonstração de desinteresse total, limitando-se a pedalar até à meta, para discutir ao sprint a vitória em Colombey-les-Deux-Eglises.

Aí, impôs-se Biniam Girmay, à frente de um irreconhecível Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck), claramente com falta de confiança, um ano depois de ter dominado os sprints da ‘Grande Boucle’ – venceu quatro etapas e a classificação por pontos -, e do também belga Arnaud De Lie (Lotto Dstny), que foi terceiro.

Hoje, fiquei muito orgulhoso de ganhar com a camisola verde. Penso que não acontece muitas vezes. Como disse, o meu plano era, em primeiro lugar, ganhar uma etapa na Volta a França, e, depois de vestir a camisola, hoje somar mais pontos é perfeito”, resumiu ‘Bini’.

Cinco dias após ter feito história para o seu país, ao ser o primeiro eritreu a ganhar uma etapa no Tour, Girmay tornou-se hoje o primeiro ciclista a ‘bisar’ nesta edição, levando a sua equipa a celebrar o mesmo feito.

É inacreditável. Ganhar duas vezes... não sei o que posso dizer”, desabafou o ciclista de 24 anos, que encabeçou o pelotão, com o tempo de 4:04.50 horas, e cimentou a liderança da classificação por pontos, assumindo a candidatura para levar para casa a camisola verde no dia 21 de julho, em Nice.

O aborrecimento da oitava tirada traduz-se também na manutenção das diferenças na geral, com Tadej Pogacar (UAE Emirates) a liderar com os mesmos 33 segundos de vantagem sobre o belga Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step), que é segundo, e 1.15 minutos face ao dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), que fecha o pódio.

Assim que foi dada a partida real para os 183,4 quilómetros entre Semur-en-Auxois a Colombey-les-Deux-Eglises, já sem Mads Pedersen (Lidl-Trek) no pelotão – o campeão mundial de 2019 desistiu na sequência de uma queda na quinta etapa -, Neilson Powless e Stefan Bissegger, ciclistas da EF Education-EasyPost, e o líder da montanha Jonas Abrahamsen (Uno-X) saltaram para a frente da corrida.

O terreno ondulado, com cinco contagens de montanha de terceira ou quarta categoria, era propício às fugas, mas, mais uma vez, ninguém se mostrou interessado em lutar pela etapa ou, pelo menos, em mostrar a camisola e os patrocinadores.

Powless e Bissegger abdicaram de acompanhar o norueguês, na expectativa de verem mais corredores a saírem do pelotão, no entanto, tal não aconteceu, e o camisola às bolinhas vermelhas lá continuou a solo e, a 75 quilómetros da meta, ainda tinha mais de cinco minutos de avanço sobre os perseguidores.

A pior primeira semana do Tour pelo menos nas últimas duas décadas – nunca se viu tamanho desinteresse na presença em fugas e, consequentemente, em lutar por etapas -, prosseguiu para desespero dos espetadores, que ‘perderam’ um sábado à espera de uma emoção que nunca chegou.

Quando o dilúvio se abateu sobre o pelotão, a pouco mais de 30 quilómetros da meta, a UAE Emirates voltou a ser apanhada em falso, com homens como João Almeida e Adam Yates a serem obrigados um esforço extra para reintegrarem o grupo dos candidatos, comandado por Visma-Lease a Bike e Red Bull-BORA-hansgrohe – curiosamente, no Giro, com uma equipa teoricamente fraca, Pogacar nunca ficou isolado.

Abrahamsen, o herói da jornada, e talvez até desta primeira semana, foi apanhado a menos de 15 quilómetros de Colombey-les-Deux-Eglises, ‘palco’ de uma homenagem ao general De Gaulle, que aí está sepultado.

No sprint, ligeiramente a subir, foi melhor o ‘leve’ Girmay, com João Almeida e Nelson Oliveira a chegarem também integrados no pelotão, ao contrário de Rui Costa (EF Education-EasyPost), que perdeu 1.12 minutos.

O português da UAE Emirates mantém-se, assim, no sexto lugar da geral, a 2.17 de Pogacar, com Costa na 47.ª posição e Oliveira na 54.ª.

No domingo, espera-se mais animação, com a estreia das estradas sem asfaltar na prova: os ciclistas encontrarão 14 setores de gravilha nos 199 quilómetros com início e final em Troyes, nos quais qual distração ou azar podem hipotecar a luta pela geral.