Glassdrive-Q8-Anicolor ganhou e perdeu na Senhora da Graça
Com a discussão da vitória lá no alto entregue aos ciclistas que ficaram num primeiro grupo quando o pelotão se partiu, ainda no primeiro terço da etapa, foi a luta pela geral a ‘prender’ os adeptos nos oito quilómetros da subida, com a grande novidade a ser a quebra dos Euskaltel-Euskadi Luis Ángel Maté e Txomin Juaristi e do russo Artem Nych, que só salvou o pódio com novo sacrifício de Frederico Figueiredo em nome da Glassdrive-Q8-Anicolor.
Comece-se por elogiar o esforço de Whelan, que finalmente ‘estreou’ o seu palmarés profissional, após atacar os seus companheiros de jornada, para se tornar no primeiro australiano a vencer na Senhora da Graça, com o tempo de 04:32.46 horas. O vencedor na Torre Delio Fernández (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense) foi segundo, a 34 segundos, e o promissor Hélder Gonçalves esteve à altura do excelente trabalho da Kelly-Simoldes-UDO, sendo terceiro a 36, e entrando no top 10.
Mas era a geral que ‘contava’ na última etapa de montanha, com Stüssi a manter os 45 segundos de diferença para Henrique Casimiro (Efapel), merecidamente promovido a segundo – subiu três lugares – após uma jornada em que tomou sempre a iniciativa no grupo de favoritos. Já Artem Nych descolou várias vezes e teve de ser ‘rebocado’ por Figueiredo para cair apenas um lugar e ser agora terceiro, a um minuto.
Se no ano passado a equipa fluorescente ‘matou’ a 83.ª edição na Senhora da Graça, hoje terá perdido definitivamente a Volta a Portugal, com nova estratégia incompreensível numa jornada em que o suíço de 30 anos demonstrou ser, efetivamente, o meritório camisola amarela – esteve na frente do grupo de favoritos durante grande parte da subida até ao topo do Monte Farinha e, pelo que se viu hoje, será difícil alguém destroná-lo no contrarrelógio de 17,9 quilómetros da última etapa, no domingo.
A fase inicial dos 174,5 quilómetros desde Paredes foi reservada à luta pela camisola da regularidade, com a Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua a impor um ritmo fortíssimo na dianteira do pelotão, para tentar ‘eliminar’ Daniel Babor (Caja Rural) – desde que a Volta entrou nas montanhas, o checo enfrentou dificuldades diárias para terminar as etapas dentro do tempo limite.
No entanto, foi mesmo o camisola laranja o primeiro a passar na meta volante de Paredes, confirmando virtualmente a presença no pódio final no domingo, mesmo antes de o pelotão se partir em três, com Stüssi a ficar no segundo grupo, assim como os outros candidatos.
Ao quilómetro 50, havia 32 ciclistas na frente, com uma vantagem de 40 segundos sobre o grupo do camisola amarela, sendo inexplicavelmente a Glassdrive-Q8-Anicolor, que tinha os seus dois ciclistas em melhor posição para lutar pela geral atrasados, a assumir o trabalho, numa nova tática estapafúrdia de Rúben Pereira (e foram muitas nesta Volta) – James Whelan era apenas 12.º, já a quase cinco minutos de Stüssi.
Coube à Voralberg perseguir o numeroso grupo, que chegou a dispor de uma vantagem de três minutos, muito devido ao trabalho dos corredores da Kelly-Simoldes-UDO e da AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense, na tentativa de melhorarem a classificação de Hélder Gonçalves e Delio Fernández, respetivamente.
A primeira categoria da Serra do Marão confirmou que César Fonte (Rádio Popular-Paredes-Boavista) será o ‘rei da montanha’ da 84.ª edição, que termina na sua cidade, Viana do Castelo, e o alto do Barreiro fez a primeira seleção tanto no grupo da dianteira como no dos favoritos, com Casimiro a acelerar e a deixar Nych, Carvalho e os Euskaltel-Euskadi em dificuldades.
Na descida, os primeiros da geral haveriam de reunir-se e assim seguiram, comandados por uma Efapel hoje coletivamente irrepreensível, até ao sopé do Monte Farinha, onde entraram com uma desvantagem de dois minutos para os fugitivos, definitivamente ‘autorizados’ a discutir entre si a etapa.
Quase em simultâneo, Whelan atacou na dianteira, e Casimiro no grupo dos candidatos, que ficou reduzido aos homens mais fortes desta Volta: o líder da Efapel, o camisola amarela, Carvalho e Figueiredo.
Com o australiano, resgatado do desemprego pela Glassdrive-Q8-Anicolor, lançado para o seu primeiro triunfo profissional, aos 27 anos, os quatro foram esboçando ataques aqui e ali, incapazes de fazer diferença entre si. E teriam chegado juntos ao topo, a 01.38 minutos do vencedor, se ‘Fred’ não tivesse, novamente, sido sacrificado pela sua equipa, tendo de esperar por Nych, claramente a aposta errada de Pereira.
Assim, a Glassdrive-Q8-Anicolor, que chegou à Volta a Portugal como favorita única, arrisca-se mesmo a acabar a 84.ª edição sem nenhum ciclista no pódio, já que Nych tem apenas seis segundos de vantagem sobre António Carvalho, um ciclista habituado a galgar posições no contrarrelógio final, que termina em Santa Luzia, ponto mais alto de Viana do Castelo.