Volta a Portugal: as declarações dos protagonistas da nona etapa
James Whelan (vencedor da etapa):
“A equipa cuidou de mim na perfeição hoje. Tinha o Rafael Reis no grupo, tínhamos um grupo de 40 ciclistas que conseguiram um corte e eu tinha três dos meus colegas. Tudo o que precisava de fazer era chegar ao sopé da subida e tentar dar o meu melhor para ganhar a etapa. Consegui atacar a cinco quilómetros do alto e manter-me à frente do grupo. Sabia que tinha boas pernas depois de ontem (sexta-feira), e que tinha uma hipótese hoje e consegui-lo foi muito especial. O ciclismo não costuma ser assim. É muito difícil ganhar, por isso chorei um pouco no final do tanto que significou para mim."
"É muito bom ganhar, também nesta camisola da Glassdrive-Q8-Anicolor. Deram-me uma salvação há alguns meses. Estava sem equipa e eles demonstraram confiança em mim. Não posso agradecer-lhes o suficiente. Ganhar com esta camisola é especial para mim, e estou muito orgulhoso”.
Colin Stüssi (líder da geral individual):
“Parece que foi assim (que esteve muito forte na subida), mas penso que foi novamente um esforço de equipa. Não seria nada sem a minha equipa, sem os meus colegas. Estou superfeliz por eles terem estado presentes para mim, e assim pude fazer a última subida como quis.
(45 segundos de diferença são suficientes para ganhar?) Não, não penso que alguma vez haja tempo suficiente. Posso ter um mau dia ou o outro corredor ter um mau dia, posso ter um problema com a bicicleta… há tantas variáveis.
Honestamente, quando vim aqui para Portugal, se alguém me tivesse dito que podia ganhar uma etapa ou ser top 10, teria assinado por baixo. Não vi nada (percurso do contrarrelógio), porque queria ir dia a dia”.
Henrique Casimiro (segundo da geral individual):
“Quarenta e cinco segundos parece tão pouco, mas é tanto, principalmente para um contrarrelógio, onde dependemos só de nós. Hoje, consegui chegar ao segundo lugar, mas pouco fiz. A minha equipa esteve fenomenal, fizemos um trabalho espetacular.
Eu e os meus adversários também acho que deixámos tudo na estrada. Foi uma luta até ao risco de meta, mas eles foram mais fortes, não consegui eliminar essa desvantagem. Amanhã (domingo), acho que todos vamos partir com o pensamento de deixar o resto que temos na estrada. Mas, teoricamente, tenho adversários, tanto atrás de mim, como o próprio camisola amarela, que são muito fortes no contrarrelógio, mas vimos de uma Volta muito desgastante, em que frescura física vai contar muito. Por isso, amanhã é fechar os olhos e dar o máximo. E, no fim, faz-se as contas.
Todos os dias lutamos para subir, nem que seja um lugar, para eliminar um segundo, porque as contas fazem-se no fim, como eu estava a dizer. Isto é quem fizer a Volta em menos tempo e, por isso, subir estes lugares… queríamos chegar à amarela, é verdade. Fizemos tudo para chegar, mas os adversários estão fortes e não conseguimos eliminar essa desvantagem. Vou tentar amanhã.
Sinto um apoio enorme. Agradeço também esse apoio, aqui publicamente. E é arrepiante sentir esse apoio de toda a gente. E é isso que me leva a querer mais, para retribuir todo o apoio que me recebi.
O camisola amarela, já pelas acelerações que tinha dado e pelo que tinha demonstrado nas etapas anteriores, ao assumir, às vezes de partida, quando ficava sem equipa, demonstrou ser muito forte. Aliás, foi um atleta que também já tínhamos estudado, é um atleta que é muito forte nas gerais. Nos contrarrelógios, temos poucas referências dele, por isso é sempre uma incógnita para amanhã. Mas, hoje, demonstrou que é o atleta mais forte em prova e teve uma equipa também à altura, controlaram muito bem. Aliás, eles têm a melhor equipa, trouxeram os melhores atletas, eles vieram preparados para ganhar a Volta.
Se tiver frescura física, a subida a Santa Luzia pode-me beneficiar, embora seja uma subida em paralelo, porque obviamente com o meu peso… favorece atletas mais possantes, no caso do Nych ou outros atletas, que se defendem bem no contrarrelógio. Mas, como eu disse, chegamos ao último dia e é uma questão de frescura física e espero que todos estejam mais cansados que eu”.
Frederico Figueiredo (sétimo da geral individual):
“Nós tínhamos uma tática de corrida que era pôr ciclistas dentro da fuga do dia. Acabámos por também conseguir ter quatro ciclistas, apesar de a equipa do líder também não deixar a fuga levar mais do que um minuto. A ideia era, depois, eu atacar no Barreiro e, depois, passar para o grupo da frente, mas ali depois de descer o Alvão a fuga começou a ganhar mais tempo e com três minutos já o Jimmy Whelan entrava na corrida outra vez. E essa opção de atacar no Barreiro também ficava em vão, e depois era guardar aqui para a Senhora da Graça.
O Artem passou aqui um momento menos bom, esperei por ele porque ele também está a discutir o pódio e pode vencer a Volta a Portugal. E não guardo rancores disso, é o que é isto, é ciclismo, e penso que há valores dentro de uma equipa que se devem cumprir, porque isso acima de tudo acho que é o mais correto.
Não saio desiludido. É certo que vinha com um grande objetivo. No dia da Serra da Estrela, as coisas também acabaram por não sair, devido a muitas situações, muitas marcações também, e a corrida ficou um pouco bloqueada, e também um dia menos bom a nível geral da equipa. Mas tentámos dar a volta na etapa da Guarda, e foi mais um dia em que toda a gente estava a pensar sempre no Frederico. É o preço de ter feito um ano muito positivo, mas a época não é só a Volta a Portugal, não é só uma corrida, e estou contente por estar mais um ano na luta da Volta a Portugal e ter contribuído para o espetáculo”.
César Fonte (líder da classificação da montanha):
“É um objetivo que se foi conquistando ao longo dos 10 dias. Hoje, consegui conquistar a camisola e agora amanhã (domingo) é desfrutar. No fundo, só tenho que chegar dentro de controlo para concluir a Volta a Portugal e conquistar a camisola da montanha. Acabo por ter um orgulho por terminar a Volta a Portugal na minha cidade e conquistar a camisola da montanha”.
Rúben Pereira (diretor desportivo da Glassdrive-Q8-Anicolor):
“O objetivo era que o Artem Nych perdesse o menos tempo possível nesta chegada. Amanhã, é um contrarrelógio bastante decisivo, tem os últimos três quilómetros que podem favorecer o Artem pela questão do peso que ele tem e altura naquele empedrado.
Amanhã é amanhã e que vença o melhor, porque antes de sabermos ganhar é preciso saber perder e serei o primeiro a dar os parabéns ao vencedor.
(quatro homens na frente a puxar quando tinha Nych e Figueiredo atrás) O objetivo foi desgastar a equipa da camisa amarela, inclusive chegou a ficar sozinho, mas, como é óbvio, existem outras equipas que têm outros interesses, que acabam por ajudar a equipa de camisola amarela. Não pensámos só na questão da etapa, mas pensámos também na questão que podia haver um ataque por trás e ter os homens na frente poderia ser bom. É uma estratégia que podia funcionar de duas maneiras, tanto para a etapa como poder levar algum homem para a geral mais à frente”.