Volta: Artem Nych fala na "maior vitória da carreira”
"Estou muito feliz, é a maior vitória da minha carreira. Estou muito feliz pela equipa. Perdemos e ganhamos juntos. Todos os ciclistas, staff e diretores fizeram tudo por esta vitória. Muito obrigado a todos”, declarou, após conseguir o triunfo.
Artem Nych assegurou a vitória ao terminar os 26,6 quilómetros do crono final com o tempo de 34.36 minutos, menos três segundos do que o companheiro de equipa dinamarquês Julius Johansen, segundo classificado, enquanto o suíço Colin Stüssi (Vorarlberg), vencedor em 2023, gastou mais 30 segundos do que o seu sucessor.
O corredor russo, de 29 anos, assegurou o triunfo final com 01.23 minutos de vantagem sobre Stüssi, segundo na classificação geral, e 2.38 sobre o porto-riquenho Abner González (Efapel), terceiro, enquanto Gonçalo Leaça (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar) assegurou o estatuto de melhor português, com o quarto lugar final, a 3.07 de Nych.
Sem falar inglês ou espanhol, e com um conhecimento muito rudimentar de português, o ciclista de 29 anos, natural de Kemerovo, na Sibéria, explicou que começou a acreditar que poderia vencer “após o primeiro ponto intermédio”, percebendo que tinha uma margem confortável para Colin Stüssi. “Comecei a acreditar”, afirmou.
De resto, o triunfo dá-lhe não só o maior destaque da carreira como também uma recompensa pela aposta da equipa, em 2023, quando a invasão da Rússia à Ucrânia o deixou sem equipa.
“Estou muito feliz na equipa, fico muito tranquilo. São como família para mim. Gosto de Portugal e das pessoas por cá”, acrescentou.
Mais tarde, em conferência de imprensa, não se abriu muito mais, além de destacar o “muito trabalho que esta vitória envolveu, quer do ‘staff’ quer dos companheiros de equipa, e ter recuperado para a equipa o triunfo que, em 2022, foi de Mauricio Moreira.
Aí, Rúben Pereira destacou o “sentimento inexplicável” e dedicou vários minutos a elogiar Artem Nych, quer pelo seu caráter, história de vida, potencial e valor como ciclista, e força mental.
“Tem muito significado ganhar com o Artem. Foi tão especial para mim como para os cinco colegas que o rodearam, porque viveram a vitória com ele, sabiam o objetivo, queriam trabalhar para ele”, explicou o diretor desportivo.
Para o diretor desportivo, o russo é o melhor ciclista em Portugal, mesmo estando “longe da família”, tendo vindo para o país depois da invasão da Rússia à Ucrânia, já com seis anos na estrutura da Gazprom e com “convites” para subir ao WorldTour.
Questionado sobre o ascendente de Nych sobre Mauricio Moreira, que foi forçado a abandonar por problemas físicos, lembrou como o russo trabalhou para o uruguaio na terceira etapa, na subida à Torre, perdendo aí muito tempo.
“O ‘Mauri’ tem por si só o rótulo de líder, já tinha vencido. O Artem tem uma coisa que reconheço, que é correr muito bem sem pressão. A partir de hoje, será diferente, libertar-se-á do peso de ter uma equipa às costas. O Mauri preparou-se para a Volta, já tinha vencido e sido segundo. Tinha tudo para estar na discussão da Volta, teve aquela infelicidade”, explicou Rúben Pereira.
De resto, o diretor nota que a ‘reviravolta’, de alguma forma, estaria preparada ou antecipada, porque “Nych fez um estágio de 20 dias em altitude, depois de outro de 18 dias”.