Volta: João Matias vence terceira etapa ao sprint, Rafael Reis recupera liderança
Palavras não chegam para descrever o calor sufocante sentido este sábado da travessia do Alentejo rumo ao Algarve, nem para elogiar a estratégia da equipa de Mortágua, que abdicou da perseguição à fuga na qual seguia Meireles para obrigar outros a trabalhar e, quando o camisola amarela Leangel Linarez estourou na aproximação à meta, entregou a tarefa de sprintar a João Matias, saindo de Loulé com o pleno nas três etapas em linha já disputadas.
Um dos grandes protagonistas da passada edição, o pistard de Roriz, de 32 anos, mudou rapidamente o chip, depois de nas duas tiradas anteriores ter sido o lançador do venezuelano, e assumiu o papel de sprinter principal para somar a terceira vitória em etapas na Volta, diante do espanhol Óscar Pelegrí (Burgos-BH) e de Luís Mendonça (Glassdrive-Q8-Anicolor), subindo ainda a segundo da geral, atrás de Rafael Reis (Glassdrive-Q8-Anicolor), outra vez dono da amarela.
“Antes de mim, está a equipa. (…) A verdade é que levamos três em três e estamos supercontentes. Ainda para mais, podermos vencer os dois é muito positivo”, notou Matias, vencedor em Loulé após asfixiantes 04:49.11 horas na estrada.
Em dia de calor extremo, e de regresso da prova ao Algarve após cinco anos de ausência, Nuno Meireles assumiu a função de tentar levar as cores da Aviludo-Louletano-Loulé Concelho com sucesso até à cidade-sede da sua equipa, em ano de centenário do Louletano Desportos Clube, saltando para a frente de corrida nas primeiras pedaladas dos ‘proibitivos’ 191,8 quilómetros desde Sines.
Para atravessar o Alentejo, o português teve a companhia dos neerlandeses Wesley Mol (Bike Aid), omnipresente nas fugas desde a primeira tirada em linha, e Lars Quaedvlieg (Universe Cycling), com a iniciativa a ter a bênção da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, que permitiu que o trio alcançasse uma vantagem superior a 10 minutos.
A suposta apatia da equipa do camisola amarela Leangel Linarez – com o cunho do cérebro calculista de Gustavo Veloso – obrigou a Caja Rural, do então segundo classificado Daniel Babor, a assumir a perseguição, com a diferença a cair abruptamente à medida que a chegada foi ficando mais perto.
A 35 quilómetros da meta, a vantagem estava reduzida a três minutos e à entrada dos derradeiros sete, numa altura em que o venezuelano da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua era ‘derrotado’ pela contagem de montanha de quarta categoria da Cruz da Assumada, a fuga (e o sonho de Nuno Meireles) acabou.
“Na reunião de hoje, foi dito para eu integrar a fuga do dia, porque teria fortes possibilidades de discutir a etapa. Foi isso que fiz. Acreditei, mas infelizmente fomos alcançados (…) A verdade é que acreditávamos os três que a fuga poderia vingar”, lamentou, confessando ter-se arrepiado nos últimos quilómetros com a hipótese de ganhar em Loulé, na véspera de cumprir 32 anos.
Mas este sábado o dia era de Matias, e também de Rafael Reis, que, após uma jornada de ‘descanso’, voltou a liderar a geral.
“Vamos ver o que vamos fazer. O João Matias está bastante perto, é dos favoritos à etapa de amanhã (domingo). Nós temos de poupar a equipa para a etapa de segunda-feira”, argumentou o palmelense, que tem o terceiro classificado, o alemão Lukas Meiler (Voralberg), a quatro segundos.
O favoritismo de Matias, constatado pelo ciclista da Glassdrive-Q8-Anicolor, é evidente, já que no ano passado venceu em Castelo Branco, onde no domingo terminam os 184,5 quilómetros desde Estremoz.