Volta: Os principais favoritos à vitória na prova em Portugal
Colin Stüssi, Suíça (Vorarlberg)
Grande surpresa da Volta a Portugal em 2023, o suíço Stüssi demonstrou resiliência e força mental para aguentar a liderança de uma corrida num país com especificidades velocipédicas diferentes das demais na Europa.
Muito capaz na montanha e hábil no contrarrelógio, como demonstrou ao estampar a vitória final na cronoescalada de Viana do Castelo, no ano passado, regressa com um bloco da Vorarlberg reforçado em torno de si.
Ter melhor equipa este ano e trazer já duas vitórias moralizantes, no circuito nacional de 2022, reforçam a candidatura de Stüssi a fazer um bis que não acontece desde que Gustavo Veloso venceu em 2014 e em 2015.
Mauricio Moreira, Uruguai (Sabgal-Anicolor)
O ciclista uruguaio venceu em 2022 e confirmou o estatuto de figura de proa do pelotão nacional, como ás no contrarrelógio e capaz de se defender na montanha, onde mostrou debilidades tapadas por Frederico Figueiredo, que bateu apenas no crono final.
Em 2023, quebrou e acabou a trabalhar para a equipa, tendo sido gerida a recuperação para esta temporada, em que Mauri tem mostrado bons resultados, desde logo a vitória na Clássica Aldeias do Xisto e numa etapa do Grande Prémio O Jogo, somando pódios onde quer que corra.
Familiarizado com a pressão constante de ser líder da Volta e um dos grandes favoritos, sabendo o que é andar com a camisola amarela, aos 29 anos é o grande candidato interno a vencer por uma segunda vez.
António Carvalho, Portugal (ABTF-Feirense)
O corredor de São Paio de Oleiros, principal favorito português, sabe perfeitamente o que é subir ao pódio final da Volta a Portugal, mas sempre no degrau menos desejado, por ter sido terceiro em 2022 e 2023, estando agora livre da condição de gregário que lhe marcou parte da carreira.
O vencedor da montanha em 2014 e de três etapas, duas delas na Senhora da Graça, é um grande trepador que lidera uma ABTF-Feirense reforçada e apostada em levá-lo um passo mais longe, a começar por um possível gregário de luxo no jovem Afonso Eulálio.
O mais famoso pasteleiro do desporto português alia a valia na alta montanha à qualidade no contrarrelógio, que joga a seu favor face a outros favoritos, embora esta 85.ª edição comece ao arrepio do seu instinto, de acabar muito melhor do que começou, com mais montanha na primeira metade do que na fase complementar.
Jonathan Caicedo, Equador (Petrolike)
O equatoriano quase dispensa apresentações, uma vez que é um ciclista de categoria WorldTour, escalão em que corria até 2023, quando trocou a EF Education-Easy Post, com a qual venceu uma etapa na Volta a Itália em 2020, pela desconhecida Petrolike.
Na equipa mexicana, o ciclista de 31 anos tem a seu lado Diego Andrés Camargo, colombiano que já corria com ele na EF Education-Easy Post e que poderá partilhar deveres de liderança com Caicedo, com capacidade incomum na alta montanha a ameaçar as aspirações do pelotão nacional.
Esta época, venceu uma etapa na Volta a Sibiu, na Roménia, mas deu nas vistas sobretudo na América do Sul, vencendo a Vuelta Bantrab e a Volta a Táchira - Camargo, de resto, brilhou na Volta à Colômbia, de 12 etapas, sendo segundo na geral final.
Delio Fernández, Espanha (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense)
O discreto galego de 38 anos fez carreira na Volta a Portugal sem grande alarido mas muitos bons resultados, somando já quatro etapas conquistadas, a última delas em 2023, num palmarés em que figura também um terceiro lugar, em 2014, e um quarto lugar em 2015.
O vencedor da Volta à Áustria de 2017 tem passado ao lado da temporada 2024 mas chegará como líder da formação tavirense, em que a chegada de Afonso Silva pode ajudar na alta montanha.
O triunfo na Torre, no ano passado, permitiu-lhe vestir a camisola amarela da principal corrida do calendário velocipédico português e retira qualquer lugar a dúvidas sobre a capacidade do ciclista em lutar pela vitória.
Artem Nych, Rússia (Glassdrive-Q8-Anicolor)
Aos 29 anos, o russo dominou a primeira temporada em Portugal, depois de ser resgatado pela equipa que representa ao desemprego causado pelo desaparecimento da Gazprom-RusVelo devido à invasão da Rússia à Ucrânia, com triunfos no GP Beiras e Serra da Estrela, o segundo lugar no Troféu Joaquim Agostinho e vários resultados de relevo.
Este ano, o campeão russo de fundo de 2021 bisou no GP Beiras e Serra da Estrela e juntou-lhe o GP Abimota, e a apetência para o contrarrelógio, aliada a muita capacidade na alta montanha, ficou bem patente na edição de 2023 da Volta, em que foi quarto após a quebra de Mauricio Moreira.
Este ano, mais do que um joker, será um número dois muito atento à prestação de Mauri, sabendo já o que é vestir a camisola amarela da Volta, mesmo que por um só dia.
Frederico Figueiredo, Portugal (Sabgal-Anicolor)
O ciclista de 33 anos é um dos grandes nomes portugueses, um trepador puro que deu meia Volta a Mauricio Moreira, em 2022, e que foi terceiro em 2020, assumindo ainda papel importante na dinâmica de grupo da Sabgal-Anicolor.
Uma queda nos Nacionais, em junho, trouxe-lhe uma fratura no rádio do pulso esquerdo, e a recuperação em contrarrelógio não lhe permite chegar nas melhores condições à Volta, ainda para mais num ano em que o arranque é mais montanhoso do que a segunda metade.
Ainda assim, os dotes de Fred fazem com que nunca possa ser descontado, sobretudo quando é o único que sabe o que é vencer na subida ao Observatório de Vila Nova, onde triunfou em 2022 - este ano, esta ascensão é o final da primeira etapa, o que pode mudar o figurino da equipa para proteger o corredor de São João de Ver, ainda em branco nesta temporada.
Luís Fernandes, Portugal (Credibom-LA Alumínios-Marcos Car)
Depois de quatro anos na estrutura Rádio Popular-Boavista, Luís Fernandes trocou o xadrez para se rodear de juventude no conjunto liderado por Hernâni Broco, em busca de maior protagonismo e de resultados que possam consolidar a qualidade que mostra na estrada.
Aos 36 anos, nunca venceu na Volta a Portugal, com um quarto lugar em 2022 como principal cartão de visita, somando ainda dois 11.º lugares, mostrando que tem todas as qualidades para seguir com os melhores, sobretudo quando a estrada inclina, mas também debilidades, sobretudo no contrarrelógio.
Em 2023, depois de um anónimo 45.º lugar na Volta, foi segundo no Grande Prémio Jornal de Notícias, tendo este ano nova chance de se mostrar mais cedo na temporada, levando consigo o jovem Alexandre Montez, candidato na juventude, mas também Emanuel Duarte e Gonçalo Leaça para o proteger.
Luis Angel Maté, Espanha (Euskaltel-Euskadi)
Uma das figuras do pelotão internacional, e incontornável na história recente do ciclismo espanhol, Maté regressa à Volta, aos 40 anos, em ano de despedida da carreira, procurando - e tendo ainda valia para isso - sair em grande.
Nascido em Marbella, Maté tornou-se uma figura reconhecida das corridas de ciclismo, em anos a fio na Cofidis em fugas ou a patrulhar o pelotão, seguindo-se depois a Euskaltel-Euskadi, pela qual, já em 2023, correu a Volta, para vencer uma etapa e acabar no quinto lugar final, razão pela qual regressa já com estatuto de candidato.
Um confesso apaixonado por Portugal - em 2021, passou vários dias a andar de bicicleta pelo país numa "vuelta de la Vuelta" longe do ritmo competitivo, para conhecer pessoas, lugares e culturas -, terá aqui o derradeiro adeus.
Henrique Casimiro, Portugal (Efapel)
Aos 38 anos, Casimiro é um veterano para quem a Volta a Portugal e a maior parte destes percursos não tem segredos, com a experiência e a alta montanha a serem os pontos fortes deste ciclista que, em 2023, entrou em segundo lugar para a última etapa.
Aí, revelou-se o seu maior calcanhar de Aquiles, uma vez que o contrarrelógio se prefigura como a principal debilidade, fazendo-o acabar no sexto lugar final.
Discreto até aqui, terá na Volta o principal objetivo e volta a ser candidato aos primeiros lugares, agora partilhando a liderança com o porto-riquenho Abner González, ex-Movistar.