Vuelta: Campeão Sepp Kuss vê João Almeida como um dos "grandes candidatos"
“Ele é um ciclista que está sempre na frente. No Tour, esteve muito forte. Especialmente com a Vuelta a começar em Portugal, é uma motivação extra para ele. Penso que será um dos grandes candidatos”, avaliou, depois de ter respondido com um “claro” à pergunta da Lusa sobre se João Almeida (UAE Emirates) seria um dos principais favoritos ao triunfo final.
O ciclista norte-americano falava numa videoconferência promovida pela Visma-Lease a Bike, na qual também participou Wout van Aert, estreante na Vuelta, que arranca no sábado, com um contrarrelógio entre Lisboa e Oeiras, e termina em 08 de setembro, com novo crono em Madrid.
Depois de uma temporada discreta, também perturbada pela covid-19, cujos efeitos o deixaram fora do Tour, Sepp Kuss foi repetindo nos últimos dias não ser o grande favorito nesta edição, mas hoje prometeu dar o seu melhor para honrar o facto de ser o campeão em título.
“No ano passado, as circunstâncias eram únicas. Todos estavam a olhar para eles (Jonas Vingegaard e Primoz Roglic) e consegui intrometer-me numa fuga e acabar por ganhar. Este ano, sem eles, não diria que há mais pressão mas não há outra pessoa a vigiar”, analisou, antes de recordar que o dinamarquês e o esloveno, que o ladearam no pódio em 2023, “são dois dos melhores corredores em provas por etapas”.
Sobre Roglic, o antigo companheiro de equipa que agora lidera a BORA-hansgrohe, o norte-americano de 29 anos reconheceu que continua a manter uma relação “boa” com o tricampeão da Vuelta (2019-2021).
“Claro que agora somos adversários. Ele é o principal favorito, todos vão olhar para ele. É sempre estranho quando estamos habituados a ser colegas e agora estamos a competir contra ele”, pontuou.
Vencedor da Volta a Burgos na semana passada, Kuss confessou ter ficado surpreso com a sua forma, até porque demorou “tanto tempo a recuperar” da covid-19, com os pulmões particularmente afetados, descrevendo esse triunfo como “um boost mental”, ainda que ressalvando que “uma grande Volta é sempre diferente”.
“A Vuelta é uma corrida sempre decidida nas montanhas, especialmente este ano em que há tantas chegadas em alto. Mas com o crono no último dia, vai ser renhido”, prognosticou, defendendo que quem quiser vencer terá de ser “esperto e forte no momento certo”.
O gregário tornado líder da Visma-Lease a Bike lembrou que o pelotão tem “equipas muito fortes”, com a tática dos neerlandeses a depender das etapas. “Algumas vezes, as chegadas são tão inclinadas que deixa de haver estratégia, é simplesmente quem tem mais pernas”, acrescentou.
Ao seu lado, Wout van Aert admitiu que a abordagem da equipa a esta Vuelta será “diferente” do que é quando Jonas Vingegaard está presente, embora não deixando de notar que não queria menorizar Kuss.
No entanto, o belga falou sobretudo de si e dos seus objetivos, nomeadamente o de ganhar o contrarrelógio inaugural de 12 quilómetros entre Lisboa e Oeiras e vestir-se de vermelho: “Não é uma distância longa, mas vai ser interessante. É a primeira oportunidade e quero fazer o melhor possível. Seria também uma oportunidade para vestir a camisola vermelha.
O medalha de bronze no crono dos Jogos Olímpicos Paris-2024 está faminto de vitórias, até porque “faz algum tempo” que não vence – a última vitória foi na Kuurne-Brussel-Kuurne em 25 de fevereiro - e aponta as “etapas dois, três e cinco” como boas para si.
“Ganhar uma etapa é o meu primeiro objetivo para esta Vuelta”, resumiu o belga que somou o primeiro triunfo da época na Volta ao Algarve, também em fevereiro, e passou meses difíceis devido a uma queda, que o privou de grande parte dos seus principais objetivos para esta época, nomeadamente a estreia no Giro.
A Volta a Espanha arranca no sábado, em Lisboa, onde hoje serão apresentadas as 22 equipas inscritas na 79.ª edição, em que vão participar os portugueses João Almeida, Rui Costa (EF Education-EasyPost) e Nelson Oliveira (Movistar).