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Ciclismo: Pogacar reabre o debate sobre o maior ciclista de todos os tempos

Pogacar continua a fazer história
Pogacar continua a fazer históriaFABRICE COFFRINI/AFP
"O que ele conseguiu é inimaginável": Tadej Pogacar, apoiado pelo próprio Eddy Merckx, está a participar cada vez mais no debate sobre o maior ciclista de corrida de todos os tempos.

A homenagem vem diretamente do próprio mestre e as suas palavras testemunham a dimensão que o esloveno assumiu, ao conquistar o seu primeiro título mundial no domingo, em Zurique, no final de um impensável raid de 100 km.

"É óbvio que ele agora está acima de mim. Já tinha pensado nisso quando vi o que ele fez na última Volta à França, mas esta noite já não há dúvidas", disse Eddy Merckx nas colunas do jornal L'Équipe.

"Eu não atacaria a 100 quilómetros do fim num Campeonato do Mundo", insistiu a lenda belga de 79 anos, elogiando "um campeão imenso", "fora do comum", que tinha conseguido algo "inimaginável".

Até então, Merckx, unanimemente considerado o melhor ciclista de todos os tempos, apenas tinha apontado Pogacar como seu herdeiro. Desta vez, vai mais longe, mesmo se, em termos de palmarés, o homem conhecido como o canibal continue a ter uma vantagem significativa (cinco vitórias na Volta à França contra três, 19 Monumentos contra seis, três Campeonatos do Mundo contra um).

Na sequência de uma obra-prima em que todos os seus rivais o classificaram como "um louco", o debate em torno do GOAT ("The Greatest of All Time") foi reaberto.

"Ganhar tudo"

Durante anos, o fenómeno esloveno, tão precoce, alimentou o debate que, como noutros desportos, é sem dúvida impossível de resolver, dada a dificuldade de comparar épocas. O debate ressurgiu este verão, quando se tornou o primeiro ciclista, desde Marco Pantani em 1998, a ganhar o Giro de Itália e a Volta à França no mesmo ano.

Em Zurique, coroou a sua "época perfeita" com um hat-trick Giro-Tour-Mundial apenas alcançado por Merckx, em 1974, e Stephen Roche, em 1987.

E ainda fez melhor, acrescentando a conquista de um Monumento em 2024, Liège-Bastogne-Liège. E ainda pode ganhar uma segunda, a Volta à Lombardia, onde já venceu três vezes consecutivas e que disputará a 12 de outubro com a camisola arco-íris aos ombros.

"É simplesmente excecional, fora deste mundo. Ele ganha Grand Tours, corridas de um dia, contrarrelógio, etapas de montanha e até sprints. Com ele e Merckx, estou em boa companhia", diz Stephen Roche. 

Até onde irá Pogacar? Os próximos três Campeonatos do Mundo, em Kigali, Montreal e Sallanches, oferecem percursos difíceis que são perfeitos para ele.

Entre as grandes provas, para além dos Jogos Olímpicos, faltam-lhe apenas três: a Volta a Espanha, que parece estar ao seu alcance, Milão-Sanremo, onde já esteve perto, e Paris-Roubaix, um desafio que está a guardar para mais tarde. O seu objetivo é claro: "Quero ganhar tudo".

"Estamos na era Pogacar"

A grandeza de um campeão não se revela apenas no seu palmarés, mas também na marca que deixa no seu desporto. Também neste aspeto, o esloveno deixa a sua marca, com a sua bravura, o seu risco, a sua brincadeira e a sua fantasia.

"Às vezes gostava de saber o que se passa na cabeça dele. Sair tão cedo foi uma loucura. E ainda por cima sozinho! Não podia acreditar", disse o veterano alemão Simon Geschke no domingo à noite.

Na última Volta a França, o domínio de Pogacar levantou questões sobre doping, mas não havia provas que sustentassem quaisquer suspeitas e Pogi insistia que estava limpo, como tantos outros grandes campeões antes dele que acabaram apanhados pela polícia, durante ou depois das suas carreiras.

O australiano Michael Matthews, seu grande amigo no pelotão e parceiro de treino no Mónaco, onde vivem, prefere lembrar que Pogacar "recuperou o seu amor pelo ciclismo" porque "se diverte muito em cima de uma bicicleta".

Embora por vezes desanimados, os colegas de Pogacar exprimem frequentemente a sua admiração.

"O que Tadej fez normalmente não é possível. Mas este ano, não é normal", sublinhou Remco Evenepoel no final da prova.

Segundo Mathieu van der Poel, ainda não acabou: " Estamos na era Pogacar. Não faço ideia de quanto tempo vai durar. Mas parece que está apenas a começar", disse o neeerlandês.