"Consistência de resultados" é o maior legado que Vítor Félix deixa à canoagem
“O maior legado que se pode deixar à canoagem nestes 12 anos é a consistência de resultados, pois hoje é normal um atleta português ganhar uma medalha. Diria até que os nossos desempenhos começam a ser um pouco banalizados pela opinião pública, por estarem sempre em posições de pódio”, observou o dirigente, em declarações à agência Lusa.
A Federação Portuguesa de Canoagem (FPC) vai a eleições no domingo, sendo que o único candidato é Ricardo Machado, atual vice de Vítor Félix, que não pode concorrer, em virtude de ter atingido os três mandatos limitados pela lei.
Para ilustrar as suas palavras, Vítor Félix destaca o segundo lugar da seleção no Mundial de maratonas, no último fim de semana, na Croácia, em que uma equipa de somente nove canoístas conquistou seis medalhas, três das quais de ouro, decisivas para a vice-liderança de Portugal no medalheiro, entre 40 países.
O dirigente aponta igualmente como marca do seu percurso a capacidade organizativa da FPC, que anualmente tem tido a responsabilidade de promover alguns dos maiores eventos internacionais das várias especialidades.
“Neste período, foram seis campeonatos do Mundo, cinco campeonatos da Europa e seis Taças do Mundo. Esse também é o legado que deixámos, organizando grandes eventos. Em Portugal, somos conhecidos pelos resultados desportivos dos nossos atletas e lá fora pelas boas organizações”, vincou, destacando o próximo evento, os Mundiais de canoagem de mar, que vai decorrer na ilha da Madeira, no primeiro fim de semana de outubro.
Mais de uma década no comando da federação deixou igualmente marcas negativas, como, por exemplo, o período “muito complicado” da covid-19, mas ainda assim considera que a FPC deu uma boa resposta na “rápida recuperação” da modalidade.
“E não podemos deixar de falar dos Jogos Olímpicos Paris-2024. Quando as expectativas eram muito elevadas, por termos duas tripulações campeãs do Mundo, tivemos dois sextos lugares e um 10.º, além de um quarto nos Jogos Paralímpicos. Não foi uma boa participação”, reconheceu, referindo-se a Fernando Pimenta, que era campeão do Mundo de K1 1.000 metros, e à dupla João Ribeiro/Messias Baptista, igualmente ouro mundial, em K2 500.
Ainda assim, recorda que em 2024, e antes dos Mundiais de canoagem de mar, a FPC já bateu o “recorde de medalhas numa só época, apenas em Europeus e Mundiais, que foi de 33, o nosso melhor registo”.
Apesar de a fasquia estar “bastante elevada”, Vítor Félix entende que o futuro da modalidade “vai ficar bem entregue” a Ricardo Machado, lembrando que o seu vice, que tem sido o responsável pelas seleções de regatas em linha, olímpicas, “tem a competência e experiência necessárias”.
“Fico descansado com a canoagem portuguesa bem entregue a ele e à sua equipa. Tenho a certeza de que o futuro será risonho e ainda melhor do que nos últimos 12 anos. É como quem casa um filho. Sou adepto de transições suaves e seguras. Foi assim do Mário Santos para mim e certamente de mim para o Ricardo Machado. Uma transição segura e com muita confiança”, sublinhou.
Quanto ao seu futuro no desporto, agora é tempo de continuar com o seu trabalho na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, na qual é responsável pelo desporto e juventude municipal.
“Estarei junto com a família e amigos. Não ambiciono, para já, projetos no futuro, mas tenho a certeza de que brevemente aparecerão”, concluiu.
Antes de entrar para a FPC em 2004 - esteve oito anos na equipa liderada por Mário Santos, atual diretor-geral das modalidades o FC Porto -, Vítor Félix foi canoísta e treinador do Alhandra Sporting Club.