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De herói a vilão: Quando as estrelas queimam pontes com os clubes

Brad Ferguson
O polémico festejo de Adebayor
O polémico festejo de AdebayorProfimedia
Cristiano Ronaldo é o mais recente nome sonante envolvido numa polémica, depois da entrevista concedida a Piers Morgan que parece ter colocado um ponto final na relação com o Manchester United.

A entrevista polémica - vai para o ar no programa TalkTV do Morgan Piers, na quarta-feira à noite no Reino Unido - foi divulgada ao público através do The Sun e de uma série de excertos surgiram nas redes sociais, causando indignação entre comentadores e adeptos do Manchester United

A estrela portuguesa, que desde então se juntou à Seleção Nacional na preparação para o Mundial, também afirma que "não tem respeito" pelo treinador Erik ten Hag e que os proprietários do United apenas se preocupam em ganhar dinheiro.

O avançado de 37 anos também fez pontaria aos antigos colegas de equipa do Manchester United Wayne Rooney e Gary Neville, afirmando "eles não são amigos".

Parece que é uma tentativa deliberada da parte de Ronaldo para queimar pontes com o clube que ajudou a forjar o seu inimitável legado, aparentemente com a esperança de assegurar uma rápida mudança para outras paragens.

Mas enquanto os adeptos do United ficam fumegantes a lidar com a traição não filtrada do ícone, o Flashscore olha para outros momentos controversos do futebol.

Sol Campbell (2001) - Tottenham para o Arsenal

Formado no Tottenham, capitão do clube, parte integral de Inglaterra e um raio de sol num período pouco marcante na história dos Spurs, Sol Campbell prometeu nunca se juntar ao arquirrivais, Arsenal numa entrevista rápida à medida que as especulações começavam a acumular-se sobre o contrato prestes a expirar.

Nessa altura, os Spurs tinham bolsos pouco fundos e, embora relutantes em ver o seu bem mais valioso partir, esperavam, pelo menos, conseguir algum tipo de verba antes de Campbell optasse por sair através da recém-nomeada Lei de Bosman (a custo zero).

Ele fez então o impensável, assinando pelo Arsenal, rival do Tottenham no Norte de Londres e que já se encontravam a desfrutar de alguns dos anos mais bem sucedidos da história do clube sob o comando de Arsene Wenger - a custo zero. Para esfregar sal na mais funda das feridas, Sol Campbell foi ainda conquistar o segundo dos seus dois troféus da Premier League com o Arsenal em... White Hart Lane.

Os fãs dos Spurs ainda hoje cantam algumas canções bastante desagradáveis sobre o seu Judas.

Luís Figo (2000) - Barcelona para o Real Madrid

Muitos grandes estrelas do futebol jogaram por ambos os gigantes espanhóis, mas poucos fizeram o salto directo. Figo foi um desses homens que fez essa mudança - ajudando o Real Madrid a dar início à sua iminente era dos Galácticos.

Figo mudou-se do Campo Nou para o Bernabéu por 60 milhões de euros- um recorde mundial na altura - mas os adeptos do Barça foram implacavéis para com o ícone português quando os dois lados se encontraram, atirando ao jogador todo o tipo de objectos - nomeadamente uma cabeça de porco cortada - sempre que ele se encontrava preparado para tomar um canto.

Raheem Sterling (2015) - Liverpool para o Manchester City

O verão de 2015 viu uma das mais brilhantes jovens estrelas inglesas, Raheem Sterling deixar o Liverpool - um lugar onde começava a florescer - com uma longa e tóxica saga de transferência que acabou por se transformar numa mudança para Manchester City.

Tendo rejeitado um acordo suculento de 114 mil euros por semana do Liverpool, uma soma considerável para um jovem de 20 anos, e com o seu agente a fazer comentários grosseiros sobre lendas do clube, os adeptos começaram a virar-se. Sterling deu então uma entrevista não autorizada e controversa afirmando que "ele não era um mercenário", antes de assegurar uma transferência de 55 milhões de euros para os citizens muito ricos.

Emmanuel Adebayor (2009) - Arsenal para o Manchester City

Depois de um período decente, se bem que sem grandes destaques, no Arsenal, o avançado togolês caiu fora de graça com o treinador Arsene Wenger e foi rapidamente vendido ao recém-enriquecido Manchester City. 

Adebayor alegou então ter sido forçado a sair pelos gunners, o que foi refutado numa conferência de imprensa no dia seguinte por Wenger, que revelou que o atacante tinha simplesmente exigido demasiado dinheiro para ficar. Adebayor iria mais tarde afirmar publicamente que "odiava" o Arsenal.

Mais tarde nessa época, Adebayor marcaria contra a sua antiga equipa e, no festejo, ia correr todo campo para se ajoelhar diante de uma bancada muito agitada e cheia de adeptos do Arsenal.

Até viria a jogar para o spurs mais tarde na sua carreira, só para acicatar a situação.

Ashley Cole (2006) - Arsenal para o Chelsea

Uma das transferências mais obscuras da história do futebol inglês (o que só de si já diz muito), Ashley Cole afirmou uma vez que "quase bateu com o seu carro" ao saber que o Arsenal lhe oferecia uma miserável quantia de 63 mil euros por semana para ficar.

Cole era sem dúvida um dos melhores laterais-esquerdos do futebol mundial nesta altura e sentiu-se ofendido com a proposta, que era apenas cinco mil libras semanais por semanaa mais do que o seu actual contrato. Na época seguinte mudou-se para o Chelsea, um feroz rival londrino, mas a mudança não foi sem as suas complicações.

Os blues, sob a orientação de Roman Abramovich e José Mourinho, foram apanhados por um escândalo de aliciamento que dominou as primeiras páginas durante semanas. Chelsea foi multado em 344 mil euros, Mourinho foi condenado a pagar 229 mil euros, e o próprio Cole foi multado em 114 mil euros "por ter acedido" - levando a que a alcunha Cashley fosse cantada nas bancadas.

Dimitry Payet (2017) - West Ham para o Marselha

O francês chamou a atenção após a sua mudança para o West Ham em 2015, iluminando a Premier League com truques deslumbrantes e golos fantásticos. Os adeptos do hammers estavam a adorar, não tendo visto alguém semelhante desde os dias longínquos de Paolo Di Canio.

No entanto, o conto de fadas ia terminar numa nota azeda, já que dentro de dois anos o avançado francês estava a pressionar para uma mudança para Marselha, apesar de ter assinado um acordo de cinco anos apenas meses antes.

O então treinador, Slaven Bilic, declarou que Payet se recusava a jogar pelo clube, e acabou por ser autorizado a sair. Payet iria mais tarde afirmar que estava "aborrecido em Londres" e sentiu que a sua carreira "iria regredir" se tivesse ficado - embora em tempos recentes tenha recuado em relação a esses comentários.

Os fãs do West Ham não se esqueceram, no entanto.

Romelu Lukaku (2021) - Chelsea

Guardámos o exemplo mais recente para último. Muita excitação e clamor rodeou a segunda vinda de Romelu Lukaku a Chelsea em 2021.

Com uma carreira repleta e que conta com passagens por Everton e Manchester United, o avançado belga tinha aparentemente encontrado a melhor forma sob a batuta de Antonio Conte no Inter de Milão e estava mais uma vez a cumprir o potencial que muitos sempre esperaram.

Contudo, as coisas não correram conforme o plano para Lukaku sob o comando do Tuchel, com um início complicado a atrair críticas sobre o seu ritmo de trabalho e capacidade de desempenho na Premier League. 

No entanto, uma entrevista inoportuna com a Sky Itália tornou as coisas muito, muito piores. O Belga questionou tanto a táctica como a autoridade de Tuchel, e deixou no ar um lamento sobre a saída de Itália.

Tuchel foi forçado a responder a algumas perguntas difíceis nas conferências de imprensa seguintes, e após longas conversas nos bastidores, Lukaku acabou por sair para pedir desculpa por qualquer dano que os seus comentários tivessem causado aos fãs do Chelsea.

No entanto, as coisas nunca melhoraram muito, e ele foi estranhamente emprestado de volta ao Inter de Milão apenas uma temporada mais tarde, sendo que muitos no Chelsea mal falavam dele desde então.