De Pelé a Beckham: jogadores que tentaram destacar-se em ligas menores
Na verdade, Lionel Messi, de 35 anos, poderá mesmo seguir o caminho trilhado pelos grandes craques do futebol, ao aceitar um salário lucrativo no país vizinho.
A AFP apresenta quatro exemplos:
Pelé - New York Cosmos (EUA) 1975-77
Foi preciso o poder de persuasão do secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger para atrair Pelé, que disputa o título de maior jogador de todos os tempos com Messi e Diego Maradona, para a North American Soccer League (NASL) em 1975.
"Eles querem tornar o futebol grande nos Estados Unidos. Essa foi a razão (pela qual fui). Comecei a minha missão", disse Pelé à CNN.
Com 34 anos, na altura, o craque brasileiro despertou grande interesse do público e o número de espectadores disparou.
Com uma média de menos de 10.000 pessoas por jogo antes da sua chegada, o Cosmos passou a ter mais de 40.000. Pelé passou a frequentar a vida noturna de Nova Iorque, mas não descurou os seus deveres em campo, inspirando a equipa a conquistar o título do Football Bowl em 1977.
O apoio de Pelé à NASL levou outras lendas, como Franz Beckenbauer e George Best, a inscreverem-se no clube, que acabou por falir em 1984.
Gabriel Batistuta - Al Arabi (Catar) 2003-05
O avançado argentino foi transferido a custo zero para a discreta Q-League e teria recebido algo como oito milhões de dólares para se juntar ao Al Arabi.
O faro de golo de "Batigol", que já o havia levado a marcar golos na Fiorentina e na Roma, não o abandonou em Doha. Marcou um recorde de 25 golos pelo clube logo na sua primeira temporada.
Batistuta foi acompanhado por Pep Guardiola, Frank de Boer e Marcel Desailly, que elevaram o perfil do futebol do Catar, num primeiro passo fundamental para a conquista dos direitos de sediar o Campeonato do Mundo de 2022.
Zico - Kashima Antlers (Japão) 1991-94
Apesar de já ter quarenta e poucos anos, Zico interrompeu a sua carreira política para jogar no Sumitomo Metals, equipa da segunda divisão japonesa.
A tarefa era garantir um lugar na primeira liga profissional japonesa, que começaria a ser disputada em 1993.
Mesmo no início da meia-idade, o brasileiro inspirou o clube a subir de divisão e a conquistar o vice-campeonato da J League - e o clube mudou o nome para Kashima Antlers.
Há uma estátua de Zico em frente ao estádio do Kashima e o brasileiro alegra-se com o sucesso do futebol japonês - este mês, o Urawa Red Diamonds conquistou o seu terceiro título da Liga dos Campeões da Ásia.
"Foi tudo uma questão de começar do zero e tomar a direção certa. E olhem para o Japão hoje. Não falharam nenhum Mundial desde que o futebol se tornou profissional lá. Isso é muito bom", disse Zico à FIFA em dezembro do ano passado.
David Beckham - LA Galaxy (EUA) 2007-2012
Foi um golpe e tanto quando a franquia da MLS garantiu a contratação do jogador de maior projeção do futebol europeu, aos 32 anos de idade, pondo fim ao seu tempo como um dos Galáticos do Real Madrid.
O contrato de cinco anos de Beckham - que lhe rendeu 6,5 milhões de dólares por ano - rendeu dividendos ao Galaxy em termos de um novo contrato de patrocínio para as camisolas e um grande aumento na venda de bilhetes para a temporada.
No entanto, muito mais importante para o ex-astro inglês foi a cláusula que estabelecia que ele poderia comprar uma franquia da MLS - com exceção de Nova Iorque - no futuro por um valor fixo de 25 milhões de dólares.
Beckham exerceu esse direito em 2014, comprando o Inter Miami.
"Não estou a dizer que a minha vinda para os Estados Unidos vai fazer do futebol o maior desporto da América. Mas eu não estaria a fazer isto se não achasse que poderia fazer a diferença", disse Beckham quando assinou pelo Galaxy.
Beckham inspirou o Galaxy a conquistar duas Taças MLS antes de regressar ao futebol europeu - com o PSG.