De suplente na segunda divisão a titular no Mundial: Andries Noppert
Do alto dos seus 2,03 metros, Andries Noppert é uma figura que se destaca, mas são poucos os adeptos de futebol que o reconheceriam na rua. Atualmente com 28 anos, o guarda-redes só agora se conseguiu afirmar na primeira divisão dos Países Baixos e a boa temporada no Heerenveen valeu-lhe a chamada para o Mundial-2022.
Se a surpresa já era grande, maior ficou quando Louis van Gaal optou por dar a titularidade da baliza ao inexperiente Noppert no duelo com o Senegal. A primeira internacionalização com a Laranja Mecânica foi logo na maior competição de seleções e o guarda-redes não se amedrontou, acabando por ser peça-chave na vitória (2-0) que marcou o regresso neerlandês aos mundiais.
“Fiquei a saber há dois dias. O treinador chamou-me e disse que confiava em mim. É muito importante”, explicou Noppert após o jogo. Van Gaal também não poupou nos elogios: “O Senegal teve três boas oportunidades, mas nós temos um bom guarda-redes. Fez um bom trabalho”.
Um conto de fadas tardio de alguém que há dois anos estava a equacionar pendurar as chuteiras e as luvas e trocar por uma vida mais estável e a farda de polícia.
Recompensa por não desistir
Formado no Heerenveen, Andries Noppert fez grande parte da carreira no futebol neerlandês. Sem hipóteses no clube da formação, mudou-se em 2014 para o NAC Breda, mas nunca se conseguiu afirmar e saiu três anos mais tarde, com cinco jogos feitos rumo ao estrangeiro.
Os ares de Itália não foram muito melhores. Dois anos no Foggia, da segunda divisão, valeram-lhe apenas três jogos e acabou por regressar aos Países Baixos, para o também secundário Dordrecht.
Em 2020 ficou sem clube e ponderou aceder ao sonho da família e juntar-se à polícia, um emprego mais certo e uma carreira mais promissora do que a de futebolista, naquele momento. Contudo, a perseverança do guardião compensou.
Em janeiro de 2021, o Go Ahead Eagles deu-lhe uma oportunidade. Ia ser novamente suplente, mas a saída de Jay Gorter para o Ajax abriu-lhe as portas da titularidade que agarrou e não mais largou, chamando a atenção do Heerenveen, o clube onde tudo começou.
Daí até à seleção dos Países Baixos e à estreia no Mundial foram três meses.